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Filme 'Dois Papas' tenta resgatar Bento 16 da lixeira da história

Cineasta brasileiro
 Meirelles concebeu um
papa Bento 16 bonzinho

A Igreja Católica deve estar satisfeita com "Dois Papas", de Fernando Meirelles, que filmou diálogos imaginários entre o cardeal Ratzinger, quando era papa Bento 16 em exercício, e o cardeal Bergoglio, um pouco antes de se tornar Francisco e depois já papa.

Interpretado pelo carismático Anthony Hopkins, o Ratzinger que emerge do filme é um "papa bonzinho", que faz uma autocrítica e passa por uma crise de consciência porque, ele chega a admitir, suas ideias estavam em descompasso com as mudanças da sociedade.

Em um momento, o cardeal alemão sugere estar perdendo a fé em Deus, o que, evidentemente, é um exagero do filme do cineasta brasileiro.

É pura ficção porque não há nenhum indício de que isso tenha acontecido.

Fernando Meirelles admitiu que inicialmente estava preparado para filmar a história de uma papa vilão — na vida real o alemão algumas vezes era chamado de nazi — e a de um papa bonzinho, simpático e argentino bonachão, que gosta de futebol e conversar com gente simples —  Francisco.

O cineasta ateu disse que mudou a má impressão que tinha de Ratzinger ao ler textos dele.

O resultado é que, ao longo do filme, Meirelles mostra o seu poder de ilusionista, fundindo as figuras de Ratzinger e Bergoglio [Jonathan Pryce], como se tratasse de uma mesma pessoa, com as contradições e complexidades da condição humana.



Ratzinger sai na vantagem porque o filme em cartaz no Netflix mostra o que ele nunca foi.

Meirelles tenta resgatar Ratzinger das profundezas do inferno da história, porque o pontificado do alemão foi marcado pela intolerância aos homossexuais e crueldade com os miseráveis.

Antes de ele enfiar os seus pés nos sapatos vermelhos da marca prada, Ratzinger, é importante lembrar, foi prefeito da poderosa Congregação para a Doutrina da Fé, que na idade média administrou, por assim dizer, a Santa Inquisição.

O fato é que daqui a mil anos um historiador falará para uma plateia atônita que em priscas eras houve um sacerdote que condenou o uso da camisinha em uma visita à África, continente onde milhares de pessoas morriam de Aids.

Esse Ratzinger não aparece no filme de Meirelles.

A eclosão dos escândalos dos padres pedófilos, em vários países, se deu no pontificado de Ratzinger.

Talvez o azar de Ratzinger foi ser da época da consolidadão da internet, pela qual informações sobre os tarados da Igreja transitaram em altíssima velocidade em todo o mundo, porque, afinal, sacerdotes estupradores de coroinhas e de filhos de fiéis são uma tradição católica milenar, mas nunca esteve sob os holofotes da opinião pública, como agora.

O erro fatal de Ratzinger foi, inicialmente, negar que os casos dos predadores sexuais e, depois, minimizá-los, para preservar a imagem da Igreja, relegando as vítimas às suas dores.

As primeiras vítimas que tiveram coragem de se expor publicamente, denunciando a Igreja por acobertar seus pedófilos, desencadearam uma avalanche de denúncias em todo o mundo, e a Igreja Católica de Ratzinger, que já não ia bem, entrou em profunda crise. Milhões de pessoas se afastaram da Igreja e eles não voltarão.

Esse Ratzinger, que muitas vezes se recusou a receber vítimas de padres pedófilos, não está no filme de Meirelles.

Nos diálogos imaginários do filme, Ratzinger confessa a Bergoglio que sempre soube das transgressões infames do padre mexicano Marcial Maciel, fundador da milionária Legião de Cristo e violentador de crianças e adolescentes, incluindo dois de seus próprios filhos, e amante de viúvas ricas, influenciando em seus testamentos.

É óbvio que Ratzinger sempre soube das lambanças de Marcial simplesmente porque todos do Vaticano sabiam e lhe davam cobertura, a começar do papa João Paulo II. Marcial mandava milhões de dólares para o Vaticano.

A verdade é que Ratzinger foi conivente com Marcial e também em relação a outros padres e bispos pervertidos, alguns deles de sua convivência. Até hoje não está claro o papel que  Georg Ratzinger, irmão de Bento 16, teve nos estupros de meninos de um coral católica da Alemanha.

O filme acoberta isso.

O Ratzinger de Meirelles está distante do que foi e continua sendo simplesmente não há indício de que ele tenha feito autocrítica.

Tanto é que, hoje, a Igreja Católica está dividida, havendo, até, uma possibilidade de um cisma, porque os conservadores da turma Ratzinger estão boicotando o papa Francisco.

Isso Meirelles não mostra.







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Comentários

Anônimo disse…
É uma obra de ficção e Meirelles deixa isso bem claro no filme, mas o filme não deixa de ser bom, achei um dos melhores do ano. Mas a questão do diálogo foi bem artificial, por mais que o Bento XVI chora quando revela que acobertou os pedófilos ao papa Francisco, fica apenas por isso mesmo, o filme erra feio ao vender a imagem de papa bonzinho, quando na verdade Bento 16 era um demônio encarnado.
Bruno Miranda disse…
Demônio encarnado? Baseado em quê diz isso?
Anônimo disse…
"É uma obra de ficção e Meirelles deixa isso bem claro no filme"

"por mais que o Bento XVI chora quando revela que acobertou os pedófilos ao papa Francisco"

"o filme erra feio ao vender a imagem de papa bonzinho, quando na verdade Bento 16 era um demônio encarnado."

Nossa, como o seu comentário não faz nenhum sentido!



Leandro Bueno disse…
Sinceramente, não gostei do que vi, apesar do filme ser bem produzido e feito em alguns momento para emocionar. Isto porque, o filme poderia se chamar UM PAPA, tal é o nível de mostrar apenas Francisco como um cara "do bem" e Bento XVI, como um erudito antipático. O que achei um tanto leviano, até porque isso carece de provas é dizer que Bento XVI teria conhecimento dos casos de pedofilia envolvendo Marcial, o líder da Legião de Cristo, no México, e se omitiu. Na cena, ele até se presta a fazer uma confissão de pecados ao atual Papa, então cardeal, sendo algo que teria precipitado a renúncia de Bento XVI.

Para mim, Bento XVI é um dos grandes heróis que tenho, no momento que ele não é aquele cara frouxo, que prega só coisas bonitas que todo mundo quer ouvir. É o cara que bateu de frente com essa agenda globalista atual que, ataca sem piedade os valores judaico-cristãos, defendendo um monte de lixos que, a meu ver, ajudaram, caso sejam implantados, a criar uma sociedade distópica, com legalização de aborto, de drogas, de apologia à cultura GLBT e a fluidez sexual, etc. No filme, não é mostrado nada da história de Bento XVI, sua infância, sua juventude, formação, etc. Diferentemente do papa Francisco, mostrando seu passado como jesuíta na Argentina, uma antiga paixão com a namorada que tinha, etc.

Em resumo: UM FILME TENDENCIOSO DEMAIS, mas que deve agradar para quem acredita na forma como a mídia pinta os dois papas.

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