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Vídeo: época da caça às bruxas também foi de perseguição aos ateus, diz estudioso

Na Europa dos séculos 16 e 17, quando se punia quem supostamente tinha conexão com o "sobrenatural do mal", também houve perseguição àqueles que afirmavam não acreditar em sobrenatural algum


Em 1592, a Espanha criou uma lei que criminalizava o ateísmo por ter sido considerado uma força maligna. Em 1594, Lisboa divulgou o édito [declaração pública oficial] de fé do rei Filipe II que julgava como herege quem colocasse em dúvida a existência do Paraíso ou do Inferno. Em 1677, o Parlamento da Inglaterra incluiu o ateísmo na lista das ofensas capitais, como assassinato e traição, com pena de morte.
 
Esses são dois dos exemplos que o professor de história Ricardo Oliveira da Silva destaca em seu livro "Espectro do Ateísmo: Construções de uma Alteridade Antagônica na História do Brasil" sobre como a perseguição aos ateus na Europa se refletiu no Brasil, com consequências que perduram até hoje.

O estudioso conta que os ateus entraram no radar da intolerância nos séculos 16 e 17, quando a caça às bruxas pela Santa Inquisição levava mulheres para tribunais e fogueiras.

Em meio aos conflitos entre católicos e protestantes, foi nessa época de exacerbação religiosa em que ocorreu o resgate do sentido pejorativo de ser ateu. Tratava-se, para os reinados, de oposição política inadmissível porque os monarcas governavam em nome de Deus.

Doutor em história, Silva tem se aprofundado em seus estudos sobre ateísmo no Brasil, tornando-se em uma referência. É autor também de O Ateísmo no Brasil: os sentidos da descrença nos séculos XX e XXI.

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