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Maioria dos jovens europeus afirma não ter religião, mostra estudo

Banimento
da religião no
velho continente

por Arnaud Bevilacqua e Gauthier Vaillant
para La Croix International

Números estatísticos de um estudo conjunto do Instituto Católico de Paris e da St. Mary’s Catholic University, em Twickenham, região metropolitana de Londres, sobre a filiação religiosa de jovens com idade de 16 a 29 anos mostram que dos 21 países europeus estudados, mais Israel, a maioria diz não ter religião. Este número sobe para 91% na República Tcheca.

Essa queda na filiação religiosa, que não deve ser confundida com a crença em Deus, forma uma das principais conclusões desse estudo, que se baseou em informações coletadas pelas últimas duas sondagens feitas pela European Social Survey em 2014 e 2016.

Os autores fundamentam os resultados em subamostragens de várias centenas de jovens entre 16 e 29 anos de cada país, analisando suas crenças e práticas religiosas.

No entanto, essas amostras foram às vezes bastante limitadas em tamanho, o que significa que é preciso ter cautela na hora de considerar as conclusões alcançadas.


Assim, na França, 64% declararam-se viver sem uma religião em comparação com os 23% que se disseram católicos e os 10% que se identificaram como muçulmanos.

Outra pesquisa conduzida pela agência OpinionWay e encomendada pelo jornal La Croix em julho de 2016, com base numa amostragem muito maior e mais representativa, descobriu que 42% dos jovens entre 18 e 30 anos descreviam-se como católicos enquanto 47% diziam não ter religião.

Mas claro está que as referências religiosas estão em queda acentuada.

“O que observamos é a situação de um declínio geral na prática religiosa”, disse o professor Stephen Bullivant, teólogo e sociólogo da religião da St. Mary’s University e um dos autores do estudo.

A frequência semanal à igreja está extremamente baixa com apenas quatro países – a saber: a Polônia (39%), Israel (26%), Portugal (20 %) e a Irlanda (15%) – tendo números de frequência acima dos 10% entre os jovens.

Por outro lado, há sete países em que mais da metade das pessoas envolvidas no estudo disse que nunca participar de cerimônias religiosas. (República Tcheca, Países Baixos, Reino Unido, Bélgica, França e Hungria).

Não obstante, os resultados não foram uniformes. Os bastiões católicos tradicionais resistiram à secularização de maneira mais forte do que as principais nações luteranas e anglicanas.

Pondo de lado a Polônia, que é uma exceção com uma população de 82% de católicos, Portugal e Irlanda igualmente demonstraram um nível invejável de dinamismo. (A Itália não esteve entre os países pesquisados.)

“Muitas vezes se diz que a Irlanda está no processo de completa descristianização e que os jovens não vão mais à igreja”, afirmou Bullivant.

“Isso é verdade se olharmos para estes números ao longo do tempo, mas hoje, comparado com o restante da Europa, os jovens irlandeses ainda são extraordinariamente religiosos”, indicou.


A pesquisa também mostra que a religiosidade é mais forte entre pequenas minorias cristãs que não são afetadas por pressões sociais ou questões identitárias.

O exemplo mais notável aqui é a República Tcheca. Embora os católicos sejam um setor bastante pequeno da população (7%), os jovens católicos representam 24% dos que frequentam a missa pelo menos uma vez por semana e 48% dos que rezam semanalmente.

“O exemplo tcheco ilustra aquilo que Bento XVI chamou de ‘minorias criativas’”, disse Bullivant, que acha que o cenário tcheco prefigura os cenários da França e Espanha no médio prazo.

Este tipo de cristianismo de “pertença” em oposição a um cristianismo “cultural”, que está diminuindo, também aparece em menor grau no Reino Unido, nos Países Baixos e na França.

“As comunidades católicas são menores, mas, num reflexo majoritário, as pessoas estão mais comprometidas”, falou o teólogo François Moog, reitor da Faculdade de Educação no Instituo Católico de Paris.

“A pertença religiosa está se tornando cada vez mais existencial e engajadora. A transmissão pela família está mais forte assim como está o apoio entre os membros da comunidade”, explicou.

“Por outro lado”, segundo Moog, “estas minorias têm dúvidas sobre o modo deles de ser cristão hoje e sobre como se expressar no espaço público. Na França, vários livros recém-lançados abordam este tema”.

Com tradução de Isaque Gomes Correa para IHU Online.



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