Pular para o conteúdo principal

Doze conceitos religiosos que têm sido a causa de desgraça


Alguns dogmas são fontes
de crueldade, guerra e morte

A americana Valerie Tarico, psicóloga e estudiosa de sistemas de crença, escreveu que, como qualquer outro empreendimento da imaginação e criatividade, as religiões produzem ideia ou conceitos cuja aplicação pode ter como resultado sofrimento e morte. 

Ela observou que, na tecnologia, um exemplo disso é a bomba atômica, que matou milhares de pessoas e continua colocando em risco a existência da própria humanidade.

Na área de religião, Tarico enumerou doze “conceitos dúbios” que têm promovido guerras, crueldade e morte, em vez da concórdia e paz.

Esses conceitos são:

1 – Povo escolhido

Na Bíblia hebraica há o conceito de “povo escolhido”, referindo-se a tribos da antiguidade que obtiveram de Deus a promessa de uma determinada região para se fixarem — a “Terra Prometida”.

O problema é que seguidores de diferentes crenças abraâmicas se acham o “povo escolhido”, havendo entre eles ao longo da história guerras sangrentas, além da costumeira agressão retórica.

O Novo Testamento identifica os cristãos como escolhidos. E entre os cristãos, católicos e calvinistas disputam a primazia de terem uma atenção especial de Deus.

O que há, assim, é uma feroz competição entre as crenças religiosas, cada uma delas se considerando a “verdadeira”, a do “povo escolhido”.

Na essência, as religiões continuam sendo tribais, que lutam não só para garantir o seu espaço como também para expandi-lo. Prometem aos seus seguidores recompensa após a morte e, como gangues, adotam símbolos, sinais de mão, vestuário e jargões para destacar seus seguidores em relação aos fiéis das religiões deturpadas ou falsas.

O conceito de “povo escolhido” estabelece a desigualdade entre as pessoas e é a origem de rios de sangue que percorrem a história, rumando para o futuro.

2 - Hereges

As religiões criaram o conceito de herege para criminalizar quem as questionam. Assim, a rigor, para os religiosos o exercício do pensamento e da reflexão é uma heresia, se aplicado aos dogmas nos quais acreditam.

O herege pode ser um ateu, que não acredita em divindade alguma, ou um crente de outra religião.

Na Idade Média, por exemplo, a Igreja Católica mandou para a fogueira da Inquisição muitos judeus, seguidores de uma religião, aliás, que deu origem ao catolicismo.

Os judeus também têm seus hereges. Na Torá, os escravos hereges, os não hebreus, não recebem a mesma proteção dispensada às pessoas das tribos que se tornaram escravas dos romanos.

Para o livro sagrado dos judeus, descrentes são autores de atos abomináveis. “Não há nenhum [entre eles] que faça o bem”, diz um salmo.


Quem descrê em Deus são pessoas que só fazem o mal", diz o salmista.

O islamismo cunhou a palavra “dhimmitude” para se referir aos não muçulmanos. No significado histórico da palavra, significa alguém que deve ser desprezado (ou subjulgado, conforme o caso) por ter religião diferente.

Em última análise, os hereges, por representar uma ameaça, precisam ser neutralizados pela conversão, pela conquista, pelo isolamento, pela dominação pelo assassinato em massa.

3 – Guerra Santa

Se a guerra pode ser santa, então vale tudo, mesmo em relação a devotos do mesmo credo.

Por exemplo: a Igreja Católica Romana promoveu na Idade Média uma campanha de extermínio contra cristãos cátaros, tidos como heréticos. Os “verdadeiros” cristãos, organizados em cruzadas, atacaram os cátaros para ficar com as terras e posses deles, de acordo com orientação do Vaticano.

Outro exemplo: muçulmanos sunitas e xiitas matam uns e outros em uma batalha em nome de Deus, na disputa da “terra prometida”.

Ninguém escapa da “santidade” dessa carnificina: mulheres, crianças e idosos. Uns e outros tomam as mulheres virgens como escravas sexuais, sem perder a posse de superioridade moral.

4 - Blasfêmia

A blasfêmia é a noção de que algumas ideias são invioláveis e inatacáveis. Assim, elas não podem ser criticadas, satirizadas ou mesmo colocadas em debate. Em alguns países, quem ousar contestá-las, mesmo que seja um descrente, pode arcar com sérias consequências, como ser preso ou condenado à morte.

O descrente, só pelo fato de existir, já é uma blasfêmia. O ateu que não se mantiver calado corre o risco de ser condenado à morte em pelo menos 13 países: Afeganistão, Irã, Malásia, Maldivas, Mauritânia, Nigéria, Paquistão, Qatar, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. Todos de cultura islâmica.

A Bíblia decreta a morte ao blasfemo em Levítico 24:16: "E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto".

A diferença, em relação aos islâmicos, é que os cristãos de hoje em dia não levam a Bíblia muito a sério, com exceção dos fundamentalistas.

5 – Glorificação do sofrimento

A premissa central do cristianismo é que a tortura e o sofrimento em geral, cultivados e mantidos até determinado momento, servirão para reparar um dano causado por um comportamento pecaminoso. Não é à toa que o símbolo do cristianismo é a cruz, um instrumento de tortura usado pelos romanos.

Os muçulmanos xiitas se acoitam com chicotes e correntes durante a Ashura [dia do martírio]. É um tipo de sofrimento santificado.

Cristãos e muçulmanos praticam o jejum porque as religiões ensinam que o sofrimento os aproximam da divindade.

Os livros sagrados das duas religiões são de uma época em que havia pouca coisa que controlava a dor. Uma aspirina naquele tempo seria um milagre. Assim, o que os sacerdotes tentavam conformar os doentes, dando um significado religioso às suas dores.

Até hoje o sofrimento é glorificado, e foi o que fez muito bem a Madre Teresa, por exemplo.



6 - Mutilação genital

Os homens primitivos usam a escarificação e outras modificações corporais para indicar uma filiação tribal. Mas para nossos antepassados a mutilação genital tinha um significado adicional.

No judaísmo, por exemplo, a circuncisão infantil serve também como um atestado de conversão e da aliança feita com Deus.

No islamismo, a circuncisão masculina faz parte de um rito de passagem para a idade adulta.

Em algumas culturas muçulmanas, o clitóris, após decepado, é queimado, sacramentando diante da divindade a submissão das mulheres. Além de causar trauma psicológico, o procedimento doloroso reduz a excitação sexual.

Estima-se que 2 milhões de meninas são submetidas a esse tipo de mutilação, com consequências como hemorragia, infecção, dor ao urinar e morte.

Cerca de metade dessas meninas são mutiladas antes dos cinco anos.

7 – Sacrifício de animais

O sacrifício de animais também é um dos piores conceitos das crenças. A matança já foi mais intensa, mas ainda assim milhares de animais continuam sendo sacrificados para agradar divindades.

Destacam-se parte dos hindus, durante o Festival de Gadhimai), e muçulmanos, no Eid al Adha, que é o segundo mais importante ritual do islamismo.

Textos sagrados dos hindus, incluindo a Gita, proíbe esse tipo de ritual, mas a matança prossegue em algumas regiões.

No Nepal, na fronteira com a Índia, os devotos matam búfalos, cabras, ovelhas, pombas, galinhas e os bichos que estiverem por perto.

8 - Inferno

Cristãos e muçulmanos pregam que o inferno é tão real como, para eles, o paraíso. Aliás, a existência do inferno e seu demônios legitimam a ideia de que há um céu para onde vão os bons e justos. E o inferno é uma obra de Deus, que fez tudo, não do Satanás.

A mensagem da Bíblia de que os pecadores (os não arrependidos) serão enviados por Deus para o inferno, de modo que ali sofram eternamente, é o que existe de mais cruel em todas as crenças religiosas. Em uma passagem bíblia, o próprio Jesus é que afirma isso.

Cristãos fundamentalistas acreditam tanto na ideia de inferno a ponto de alguns deles ouvirem os gritos dos pecadores a partir do fogo do centro da Terra.

Nos Estados Unidos, um pastor transmitiu em seu programa de rádio uma gravação do o eco do sofrimento dos infelizes. E há quem acredite.

9 - Karma

Como a ideia do paraíso, o karma é um incentivo para a pessoa ter um bom comportamento, de modo a obter mais recompensas, e a principal delas é a reencarnação após a morte.

O karma de cada um é determinado pelo que fez em vidas passadas, e o resultado disso é que a pessoa assume uma pesada passividade diante do mal e do sofrimento dela e dos outros.

Pela lógica do karma — do que vai e volta—, a fome de uma criança significa o pagamento de uma dívida que ela cometera em uma vida anterior. Assim, como tudo que é já tinha de ser, o jeito é se conformar.

O conceito do karma é usado pelo hinduísmo e budismo.

10 – Vida eterna

A invenção da vida eterna é uma desgraça porque diminui e degrada a importância da vida terrena.

Por conta deste outro mundo melhor e perfeito, desse paraíso, o crente deixa de viver a plenitude de sua existência, a única e verdadeira, fechando os olhos, inclusive, para beleza que está debaixo de seu nariz.

O crente não percebe que viver na eternidade ouvindo um coro angelical ou ter relações sexuais com virgens se tornaria uma repetição infernal.

11 – Mulher como propriedade do homem

O conceito de que a mulher deve ser submissa ao homem está na origem de todas as religiões. Está subjacente a isso a ideia de que a mulher foi criada somente para a procriação, mesmo nos atuais dias, com o planeta superpovoado e recursos, como a água, se escasseando.

Nos países desenvolvidos, a mulher já deixou de ser encarada como propriedade do homem, mas em outras regiões não. Em países islâmicos, a opressão à mulher é total, como milhares de anos atrás.

12 – Idolatria dos livros sagrados

Os textos sagrados do judaísmo, cristianismo e islamismo proíbem a adoração de ídolos, mas eles próprios acabaram objeto de idolatria. E como esses livros são tidos como perfeitos, divinos, os crentes fundamentalistas se consideram legitimados para praticar barbaridades contra a humanidade.

Com informação de Valerie Tarico e outras fontes.




Padre que abençoou bombas atômicas fez mea culpa

A responsabilidade dos comentários é de seus autores.


Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Ateu usa coador de macarrão como chapéu 'religioso' em foto oficial

Fundamentalismo de Feliciano é ‘opinião pessoal’, diz jornalista

Sheherazade não disse quais seriam as 'opiniões não pessoais' do deputado Rachel Sheherazade (foto), apresentadora do telejornal SBT Brasil, destacou na quarta-feira (20) que as afirmações de Marco Feliciano tidas como homofóbicas e racistas são apenas “opiniões pessoais”, o que pareceu ser, da parte da jornalista,  uma tentativa de atenuar o fundamentalismo cristão do pastor e deputado. Ficou subentendido, no comentário, que Feliciano tem também “opiniões não pessoais”, e seriam essas, e não aquelas, que valem quando o deputado preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara. Se assim for, Sheherazade deveria ter citado algumas das opiniões “não pessoais” do pastor-deputado, porque ninguém as conhece e seria interessante saber o que esse “outro” Feliciano pensa, por exemplo, do casamento gay. Em referência às críticas que Feliciano vem recebendo, ela disse que “não se pode confundir o pastor com o parlamentar”. A jornalista deveria mandar esse recado...

PMs de Cristo combatem violência com oração e jejum

Violência se agrava em SP, e os PMs evangélicos oram Houve um recrudescimento da violência na Grande São Paulo. Os homicídios cresceram e em menos de 24 horas, de anteontem para ontem, ocorreram pelo menos 20 assassinatos (incluindo o de policiais), o triplo da média diária de seis mortes por violência. Um grupo de PMs acredita que pode ajudar a combater a violência pedindo a intercessão divina. A Associação dos Policiais Militares Evangélicos do Estado de São Paulo, que é mais conhecida como PMs de Cristo, iniciou no dia 25 de outubro uma campanha de “52 dias de oração e jejum pela polícia e pela paz na cidade”, conforme diz o site da entidade. “Essa é a nossa nobre e divina missão. Vamos avante!” Um representante do comando da corporação participou do lançamento da campanha. Com o objetivo de dar assistência espiritual aos policiais, a associação PMs de Cristo foi fundada em 1992 sob a inspiração de Neemias, o personagem bíblico que teria sido o responsável por uma mobili...

Wyllys vai processar Feliciano por difamação em vídeo

Wyllys afirmou que pastor faz 'campanha nojenta' contra ele O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), na foto, vai dar entrada na Justiça a uma representação criminal contra o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) por causa de um vídeo com ataques aos defensores dos homossexuais.  O vídeo “Marco Feliciano Renuncia” de oito minutos (ver abaixo) foi postado na segunda-feira (18) por um assessor de Feliciano e rapidamente se espalhou pela rede social por dar a entender que o deputado tinha saído da presidência da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias, da Câmara. Mas a “renúncia” do pastor, no caso, diz o vídeo em referência aos protestos contra o deputado, é à “privacidade” e às “noites de paz e sono tranquilo”, para cuidar dos direitos humanos. O vídeo termina com o pastor com cara de choro, colocando-se como vítima. Feliciano admitiu que o responsável pelo vídeo é um assessor seu, mas acrescentou que desconhecia o conteúdo. Wyllys afirmou que o vídeo faz parte de uma...

Embrião tem alma, dizem antiabortistas. Mas existe alma?

por Hélio Schwartsman para Folha  Se a alma existe, ela se instala  logo após a fecundação? Depois do festival de hipocrisia que foi a última campanha presidencial, com os principais candidatos se esforçando para posar de coroinhas, é quase um bálsamo ver uma autoridade pública assumindo claramente posição pró-aborto, como o fez a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci. E, como ela própria defende que a questão seja debatida, dou hoje minha modesta contribuição. O argumento central dos antiabortistas é o de que a vida tem início na concepção e deve desde então ser protegida. Para essa posição tornar-se coerente, é necessário introduzir um dogma de fé: o homem é composto de corpo e alma. E a Igreja Católica inclina-se a afirmar que esta é instilada no novo ser no momento da concepção. Sem isso, a vida humana não seria diferente da de um animal e o instante da fusão dos gametas não teria nada de especial. O problema é que ninguém jamais demonstrou que ...

Defensores do Estado laico são ‘intolerantes’, diz apresentadora

Evangélico quebrou centro espírita para desafiar o diabo

"Peguei aquelas imagens e comei a quebrar" O evangélico Afonso Henrique Alves , 25, da Igreja Geração Jesus Cristo, postou vídeo [ver abaixo] no Youtube no qual diz que depredou um centro espírita em junho do ano passado para desafiar o diabo. “Eu peguei todas aquelas imagens e comecei a quebrar...” [foto acima] Na sexta (19), ele foi preso por intolerância religiosa e por apologia do ódio. “Ele é um criminoso que usa a internet para obter discípulos”, disse a delegada Helen Sardenberg, depois de prendê-lo ao término de um culto no Morro do Pinto, na Zona Portuária do Rio. Também foi preso o pastor Tupirani da Hora Lores, 43. Foi a primeira prisão no país por causa de intolerância religiosa, segundo a delegada. Como 'discípulo da verdade', Alves afirma no vídeo coisas como: centro espírito é lugar de invocação do diabo, todo pai de santo é homossexual, a imprensa e a polícia estão a serviço do demônio, na Rede Globo existe um monte de macumbeiros, etc. A...

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Apoio de âncora a Feliciano constrange jornalistas do SBT

Opiniões da jornalista são rejeitadas pelos seus colegas O apoio velado que a âncora Rachel Sheherazade (foto) manifestou ao pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP)  deixou jornalistas e funcionários do "SBT Brasil" constrangidos. O clima na redação do telejornal é de “indignação”, segundo a Folha de S.Paulo. Na semana passada, Sheherazade minimizou a importância das afirmações tidas como homofóbicas e racistas de Feliciano, embora ele seja o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, dizendo tratar-se apenas de “opinião pessoal”. A Folha informou que os funcionários do telejornal estariam elaborando um abaixo assinado intitulado “Rachel não nos representa” para ser encaminhado à direção da emissora. Marcelo Parada, diretor de jornalismo do SBT, afirmou não saber nada sobre o abaixo assinado e acrescentou que os âncoras têm liberdade para manifestar sua opinião. Apesar da rejeição de seus colegas, Sheherazade se sente segura no cargo porque ela cont...