Pular para o conteúdo principal

Exploração no litoral brasileiro ameaça espécies, comunidades tradicionais e pesca artesanal

A ocupação desordenada, a pesca industrial não manejada e projetos de infraestrutura colocam em risco tanto espécies marinhas e costeiras quanto os modos de vida de povos indígenas e comunidades tradicionais. É o que aponta o “1º Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos”, lançada nesta quinta-feira (8). 

Conforme a publicação, essas populações sofrem com os impactos negativos de políticas de desenvolvimento, como poluição, degradação ambiental, e com políticas de conservação integral, que podem provocar retirada compulsória de populações tradicionais de seus territórios.

O documento sintetiza o conhecimento disponível sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos na zona costeira e no ambiente marinho brasileiros. 

Esse diagnóstico pode orientar iniciativas que previnam e reduzam impactos ambientais e sociais nessas áreas. Trabalharam 53 especialistas acadêmicos e governamentais, 12 jovens pesquisadores e 26 representantes de povos indígenas e populações tradicionais do Brasil, em diálogo com atores do poder público e da sociedade civil. 


O projeto foi coordenado
pela Plataforma Brasileira
de Biodiversidade e
Serviços Ecossistêmicos
e pela Cátedra Unesco
para a Sustentabilidade
do Oceano.

A publicação sucede o Sumário para Tomadores de Decisão, divulgado pela mesma equipe em novembro de 2023. 

O relatório integra o conhecimento acadêmico com saberes tradicionais, e inova ao apresentar um capítulo construído somente a partir das narrativas de povos e comunidades que dependem diretamente dos ecossistemas costeiros.

“Esses povos e comunidades tradicionais devolveram ao longo das décadas um profundo conhecimento sobre as dinâmicas dos ecossistemas que exploram e, muitas vezes, criaram ou adaptaram técnicas de manejo dos recursos que exploram para garantir a sua continuidade”, destaca Cristiana Simão Seixas, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que co-editou o documento com Alexander Turra e Beatrice Padovani Ferreira. 

Para a cientista, é essencial envolver essas populações em processos como a elaboração de planos de manejo de unidades de conservação, planos de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, planos de gerenciamento costeiro e planejamento espacial marinho.

A pesca industrial, se não manejada, pode inviabilizar o futuro da pesca artesanal. A preocupação está ainda no acesso às áreas exploradas, na medida em que as atividades consideradas depredatórias levam à exclusão das populações indígenas e tradicionais de seus territórios, o que tem sido observado nos processos de implantação de projetos de infraestrutura e ocupação desordenada em todo o litoral brasileiro. 

A pressão econômica acaba levando ao deslocamento dessas populações para áreas mais afastadas, longe de suas raízes ancestrais.

Seixas defende políticas públicas que fomentem o desenvolvimento integrado à conservação socioambiental. 

“Ou seja, não estamos falando de colocar as comunidades tradicionais em redomas de vidro e isolá-las do mundo exterior. Ao contrário, é necessário dar condições para que se desenvolvam socioeconomicamente, tendo acesso à educação e saúde de qualidade, mas que isso se dê de forma que não percam sua identidade e que continuem a praticar seus modos de vida, seja na pesca artesanal, no extrativismo ou nas roças tradicionais. E dentro dessa abordagem, o turismo de base comunitária, se fomentado adequadamente, pode ser uma excelente solução”, ressalta.

A publicação recebeu recursos de uma emenda parlamentar do então Deputado Federal Rodrigo Agostinho, do Instituto Serrapilheira e do Programa Biota/Fapesp.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Divulgador científico Pirula recupera-se em casa de AVC

'Psicóloga cristã' afirma ser vítima da militância ateísta

Lobo nega ter criado uma  anticiência, a 'psicologia cristã' Marisa Lobo (foto), evangélica que diz ser “psicóloga cristã”, afirmou em um vídeo que sofre perseguição da militância ateísta e política do CFP (Conselho Federal de Psicologia). “É um preconceito religioso porque eu ousei bater de frente com o conselho”, disse. “Eu questionei o kit gay e várias atitudes do conselho que são pura militância política e ateísta.” O CRP (Conselho Regional de Psicologia) do Paraná deu um prazo para que Lobo retirasse  de seus sites e blogs a associação entre psicologia e cristianismo, e ela se recusou com o argumento de que a Constituição lhe garante professar a sua fé. Reafirmou que não faz pregação religiosa dentro do seu consultório, tanto que não há nenhuma denúncia de paciente contra ela. No vídeo, postado em seu blog e reproduzido no site do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Lobo disse que tinha acabado de ser informada de que o ...

'Não entendo como alguém pode odiar tanto quem é diferente'

por Concebida Sales Batista a propósito de Associação de gays pede a retirada do ar do programa do Malafaia Escreverei pessoalmente à procuradora [Gilda Pereira de Carvalho], e em acordo com as dificuldades de saúde que atravesso, sob autorização médica, irei à Brasília obter audiência particular com ela. Perdi um filho no passado por crime de homofobia e recentemente um amigo muito íntimo, por bullying acadêmico, pelas mesmas razões, só que por homofobia inversa, que é praticada por homossexuais que se disfarçam de heterossexuais e ocupam cargos nas universidades e igrejas. Eles perseguem quaisquer jovens talentosos que lhes pareça ameaçar a vida dupla que levam, aliciando outros incompetentes por critérios sexuais e temendo serem descobertos, alijam os possíveis e eventuais discordantes, fazendo-o previamente pela perseguição odiosa. Meu amigo era também um colaborador assíduo deste site, e perdi-o para sempre. Deus sabe as razões por que abandonou a faculdade, não me pr...

Religiosos criticam revista que mostra Neymar em uma cruz

Revista "crucificou" jogador para defendê-lo da pecha de "cai-cai" Católicos e evangélicos criticaram nas redes sociais a capa da Placar onde Neymar aparece crucificado. A acusação é de que a revista foi desrespeitosa e sensacionalista para com a religião ao fazer uma comparação entre o jogador e Jesus. Placar “crucificou” o jogador em uma fotomontagem para defendê-lo da pecha de “cai-cai”, uma crítica injusta, segundo a revista, porque no futebol brasileiro “todos jogam sujo”. Placar publicou em seu site uma nota pedindo desculpas a quem se sentiu ofendido, mas ressaltou que se trata de uma ilustração sem conotação religiosa. “A crucificação é um método histórico de execução pública”, diz. A revista foi, sim, oportunista ao colocar o jogador em uma cruz, porque a sua intenção é surfar na onda mediática envolvendo a religião. Quanto aos ofendidos, trata-se de uma postura de quem se coloca como vítima da liberdade de expressão — uma tendência retrô de com...

Glauciane foi morta por homem casado que conheceu no Orkut

Glauciane era divorciada e  tinha dois filhos pequenos Uma pessoa que se assina como Mih escreveu no dia 16 de novembro de 2009 na página do Orkut de Anne Isa Marcelo para que ela se afastasse de um homem. “Ele já provou que só te traz sofrimentos e, se está com aquela mulher, é porque é isso que realmente quer. Amor só é bom quando nos traz coisas boas.” Anne não conseguiu se afastar do homem casado que ela conheceu em 2007 no Orkut e na sexta-feira (4) à tarde foi assassinada a facadas no rosto, pescoço, tórax e braço por ele em Torres, no Rio Grande do Sul, defronte ao Hotel Bauer, onde ela estava hospedada. Uma testemunha disse que houve umas 20 facadas. Anne Isa Marcelo era o nome no Orkut da médica Glauciane Hara (foto), 39, de Pindamonhangaba (SP). Ela era divorciada e tinha dois filhos pequenos. Trabalhava na Santa Casa da cidade como pediatra e clínica geral. O homem é o marceneiro Rodrigo Fraga da Silva, 33, casado há 13 anos. Ele se apresen...

Ministro do STF critica a frase ‘Deus seja louvado’ do real

Marco Aurélio lembrou  que somente no  império  a religião era obrigatória  O ministro Marco Aurélio (foto), 65, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que não consegue conceber “que nas notas de moedas do real nós tenhamos ‘Deus seja louvado’”, porque isso fere a laicidade do Estado. Em uma entrevista ao UOL, lembrou que na argumentação de seu voto favorável à descriminalização do aborto de fetos anencéfalos, em abril, ressaltou que o Brasil não está mais no império, “quando a religião católica era obrigatória e o imperador era obrigado a observá-la”. “ Como outro exemplo de incompatibilidade com o Estado laico ele citou o crucifixo do plenário do STF. “Devíamos ter só o brasão da República.” Aurélio elogiou a decisão do Tribunal de Justiça gaúcho pela retirada do crucifixo de todas as suas dependências, o que demonstra, segundo ele, que o Rio Grande do Sul é um Estado que “está sempre à frente em questões políticas”. Celso de Mello, outro minis...

Malafaia desmente fim de acordo entre sua editora e Avon

com atualização em 22 de junho de 2012 Pastor diz que falsa notícia foi safadeza de gays Silas Malafaia (foto) desmentiu a informação divulgada pelo site "A Capa", do movimento gay, e reproduzida por este blog segundo a qual a Avon tirou do seu catálogo os livros da Editora Central Gospel. Para o pastor, trata-se de “mais uma mentira e safadeza de ativistas gays, o que é bem peculiar do caráter deles”. Na versão de "A Capa", no folheto “Moda e Casa” que a Avon divulgou no dia 13 de junho não tem nenhum livro da editora de Malafaia e que isso, segundo o site, é o desdobramento da campanha que ativistas gays moveram na internet contra a empresa de cosméticos. Malafaia informou que a Bíblia que consta no folheto é de sua editora e que é comum em algumas quinzenas a Avon não divulgar os livros da Central Gospel. A firmou que o acordo entre a editora e a Avon tem uma programação de distribuição de livros até o final do ano. O pastor criticou os sites...

Dias sofre ameaça de morte por pedir retirada de Deus do real

"Religião também é usada para violar os direitos humanos" O procurador Jefferson Aparecido Dias (foto), da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal em São Paulo, vem sofrendo ameaças de morte desde que deu entrada a uma ação na Justiça pedindo a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas real. “Eu estou sendo ameaçado por causa dessa ação, por cristãos”, disse em entrevista a Talita Zaparolli, do portal Terra. “Recebi alguns emails com ameaças, em nome de Deus.” O procurador tem se destacado como defensor da laicidade do Estado brasileiro. Em 2009 ele ajuizou uma ação pedindo a retirada de símbolos religiosos das repartições públicas federais. Dias, que é católico, recorreu à Bíblia para defender a laicidade prevista na Constituição. “Em nenhum momento Jesus deu a entender, para quem é cristão, que o dinheiro deveria trazer o nome dele ou o nome de Deus”, disse. “Acho que é uma inversão de valores.” Na entrevista, ele...

Folha Universal afirma que Xuxa se vendeu para o diabo

A edição desta semana da Folha Universal, da igreja do bispo Edir Macedo, sugere que Xuxa fez um pacto com o demônio para obter sucesso. Abriu na capa uma foto da apresentadora sob a indagação: “Pacto com o Mal?” O título da reportagem, dentro do jornal, é “Contrato com o Diabo” (ver abaixo). O texto é extenso para o padrão do seminário - tem 1.004 palavras.