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Evangélico no STF vem da versão bolsonarista de ‘nós contra eles’

Dividir o Brasil entre
 "nós" e "eles" é estratégia
de políticos insanos

[opinião] O presidente Jair Bolsonaro disse que chegou a hora de o Supremo Tribunal Federal ter um ministro evangélico, como se o critério de nomeação para aquela Corte fosse religioso, e não de notório saber jurídico.

Pela lógica de Bolsonaro, considerando a diversidade brasileira, além dos católicos que ali são maioria, é preciso também ter no STF um ministro candomblecista, outra Testemunha de Jeová, um ateu, um budista, etc.

Um ateu, como eu, poderia provocar: evangélicos e católicos já não têm o mesmo Deus, o mesmo messias, o mesmo livro sagrado, não são todos cristãos?

Bolsonaro aventa a possibilidade de nomear um evangélico para o Supremo porque, primeiro, isso estava intrínseco em sua campanha eleitoral e, segundo, está se firmando no Brasil, já algum tempo, uma nova versão “nós contra eles” do Lula.

O esquerdista Lula se refere a “nós” como os explorados, os pobres, os subjugados, e “eles” como a elite governante, os donos do capital e da imprensa.

Na versão de Bolsonaro e de sua turma da extrema direita, “nós” são os conservadores, evangélicos, tementes a Deus e obedientes à Bíblia, aos heterossexuais, pessoas que fazem sexo sem a safadeza dos gays e lésbicas.

“Eles”, para Bolsonaro, são os petistas, donos das imprensa, comunistas, corruptos, homossexuais, bandidos.

A vida real não é tão simplista como Bolsonaro e Lula parecem acreditar.

A situação, vista um pouco mais de cima, é determinada por um sistema econômico acumulador de capital (nisso Marx acertou) e gerador de riquezas e de pobrezas, além de tudo estar sendo submetido a um vertiginoso processo de mudanças tecnológicas, para o bem e para o mal.

Não dá para dividir a nação entre “nós” e “eles”, como fazem Lula e Bolsonaro. Nem sequer dá para enquadrá-los em um ou outro desses hipotéticos grupos, a partir da perspectiva de cada um deles.

Dois exemplos dessas inadequações.

Primeiro: Lula coloca os banqueiros no grupo “eles”, dos exploradores, mas, entre os maiores beneficiados pelos governos lulistas estiveram os donos do dinheiro alheio.

Segundo exemplo: no grupo “nós” de Bolsonaro, o dos supostamente "fracos", vítimas dos poderosos, estão as lideranças evangélicas e entre esses tementes a Deus se encontram os mais descarados exploradores dos mais pobres, criminosos que deveriam estar na cadeia.

Os banqueiros se aproveitam da lógica perversa de um sistema econômico conjugada com a falta de regulação governamental.  

Os pastores são piores, porque lucram com as pessoas mais fragilizadas, que acreditam que uma divindade para resolver suas carências emocionais e financeiras.   

Do STF, o que se espera é que se coloque ali pessoas que de fato tenham apurado saber jurídico e compromisso com a democracia e liberdade de expressão, que não censurem a imprensa, como fizeram recentemente dois deles.

Independentemente da religião que possam ter, os ministros do Supremo, os atuais e futuros, têm de exigir respeito à laicidade do Estado, o que ocorreu, por exemplo, quando, pela diferença de um único voto, houve a legalização do ensino religioso confessional nas escolas públicas, ainda que facultativo.

Chega de “nós contra eles”.

Os brasileiros não estão em guerra civil.








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Comentários

Leandro Bueno disse…
Penso que não, busca dá uma chacoalhada no STF, já que não vemos ali ministros com visões conservadoras. A maioria ali é só 6 por meia dúzia. É preciso haver mais diversidade de pensamentos.
Unknown disse…
Querer equiparar o Bozo e o Lula é uma tremenda demonstração de ignorância e desinformação (e preconceito?). O que o Bozo tem feito é nada mais do que retomar a tradição segregacionista da 'elite' brasileira (sugiro ao colunista a leitura de Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre e O Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro, para entender o contexto). Essa sim é responsável pelo 'nós contra eles', ao contrário da tentativa de inclusão social promovida pelo Lula.
JB Costa disse…
Perfeito, Unknown: é o mal do "isentismo". A equivalência é forçada.

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