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Quem atesta a sanidade mental de uma professora de sexo?

por Luiz Felipe Pondé
para Folha de S.Paulo

Quem é a favor do ensino religioso? Mesmo quem concorda com o ensino religioso discorda do conteúdo: ensinar o quê? Deus, orixás, gnomos, homens-bomba? Outros são contra: religião não é assunto do Estado e da escola, é assunto da vida privada e familiar -guardem esse argumento na memória porque voltarei a ele.

Não vou discutir o ensino religioso, mas sim outra questão que me chama a atenção: a educação sexual nas escolas. Digo logo: sou contra. E mais: acho que sexo é assunto da vida privada e familiar (usei o mesmo argumento dos "contra o ensino religioso", como havia prometido, lembram?) e nenhuma escola ou pedagoga maníaca por sexo deveria entrar nas cabeças das crianças com suas fantasias travestidas de teorias.

Aliás, quem são os teóricos de confiança? Quem descobriu o sexo correto? Normalmente, o sexo correto é aquele que a pedagoga maníaca por sexo acha que seja correto, e nada mais. Tapinha pode?

Claro, no futuro, talvez revoguem a lei contra pedofilia em nome dos "avanços contra os preconceitos", e a pedofilia também venha a ser correta. Uma "última lei qualquer" decidirá que as crianças serão obrigadas a fazer prova sobre como é bonita a pedofilia?

Como ninguém faz uma daquelas campanhas diárias de repúdio à educação sexual nas escolas? Claro que hoje é mais normal num jantar inteligente você contar sua vida sexual com seu pastor alemão do que confessar em lágrimas que acredita em Deus, mas, mesmo assim, como não ver que a educação sexual nas escolas é ridícula? Ensina-se o quê? Posições? Gemidos? Aparelhos engraçadinhos? Que tal se meninos e meninas aprendessem a colocar camisinha com a boca?

Neste caso (nos EUA), a intenção da professora seria não fazer distinção de "gênero"? Daríamos Barbies aos meninos para desenvolver neles o "gênero feminino"? Espadas para as meninas? E, se você "gosta" de plantas, tudo bem, porque tudo é natural? Qual teste se faria para checar o conhecimento da professora? Que tal um "prático"?

Quem atesta a sanidade mental dessa professora? Gente "infeliz" na vida sexual pode dar aula sobre sexo? Quem seria a "consultora" desta "infelicidade"?

Aulas de biologia são bem-vindas, é claro. Mas e daí? O que ensinar para uma menina de dez anos sobre sexo? Usaremos fotos? Espero que as fotos sejam legais... Melhor deixá-las falar de "quem beijou quem e quem botou a mão em quem, como e no quê" entre suas amigas nas férias de verão ou no intervalo das aulas.

E os meninos? Vendo revista "Playboy" (ou similares) escondido. E deixemos a vida correr, como corre há milênios. Digamos a verdade: quem dá aula de matemática é bom em matemática, quem dá aula de educação sexual é bom no quê? De novo: posições, gemidos, aparelhos engraçadinhos, colocar camisinha com carinho, sexo com plantas?

Todo mundo é mal resolvido em sexo (quem diz o contrário mente). Há algo no sexo que mistura a obviedade do animal com o inefável do ser humano (romantismo, taras e traumas) que não pode ser reduzido a lição de casa. Sexo saudável é sexo pelo sexo, sem preconceitos? Conversa fiada, sexo é sempre "difícil" porque seu "contexto" passa por fantasias, mentiras, inseguranças e infidelidades. Muito sexo sem afeto é coisa de gente fracassada no amor. E não existe aula sobre o "amor certo".

Educação sexual é uma armadilha a serviço de todo tipo de lobby. Vou dar dois exemplos "opostos" para ficar claro. Primeiro: se os pedagogos maníacos por sexo fossem tomados de assalto por católicos? Seria matéria de aula a virgindade até o casamento? E você pai e mãe, que acham esse negócio de casar virgem muito repressor, concordariam?

Segundo: se o bando da educação sexual fosse de "homoafetivos" e obrigassem as crianças lerem histórias em quadrinhos onde meninos beijam meninos? Você, pai e mãe, "heteroafetivos", aceitariam somente porque o bando em questão acusaria vocês de maioria esmagadora preconceituosa?

Sexo nos seres humanos é erotismo. Uma muçulmana toda coberta pode ser mais sensual com apenas seu olho à vista do que uma brasileira pelada na praia.

Como "ensinar" essa diferença? Não há educação para tal sutileza. O bando da educação sexual, que insiste em assaltar as crianças com sua pedagogia grosseira, define sexo como algo tão "natural quanto ter sede". Mas, se assim for, sua pedagogia é como obrigar crianças a beber litros de água sem que tenham sede.

Escolas têm o direito de dizer aos alunos o que é a verdade em moral?
janeiro de 2011

Artigos do Pondé.

Comentários

Anônimo disse…
Seus argumentos são inválidos, pois eles não existem.
Anônimo disse…
Em que planeta vive essa pessoa, gente?
Anônimo disse…
O problema é que a maioria das pessoas, principalmente na terrinha, é simplesmente ignorante.

Excelente artigo Schopen....
Anônimo disse…
Ridículo, nem perderei meu tempo argumentando.
Thaïs Kisuki disse…
Esse foi o pior artigo que eu li até agora nesse site. É claro que é preciso haver educação sexual. A criança precisa aprender antes de iniciar a sua vida sexual o que é uma DST, quais são os métodos contraceptivos existentes, como se engravida, etc etc etc. Nem sempre os pais têm todas essas respostas. Se não houver uma educação sexual o número de adolescentes grávidas muito provavelmente aumentará.
Anônimo disse…
Eu sinceramente não consigo acreditar que li esse artigo. Sou estudante de psicologia e durante esse último semestre de 2011 promovi uma oficina sobre sexualidade e afetividade em uma escola pública, situada em uma região mais pobre da cidade.

A razão pela qual recebemos a indicação da escola em questão para trabalhar com uma turma específica, de sexto ano, foi porque em um espaço de um ano a turma (com alunos dentre 12~15 anos) teve 3 casos de gravidez. E o que constatamos é que a maioria das crianças não tinham o mínimo conhecimento no que concerne a métodos anticonceptivos ou de prevenção a DSTs. Ou, ainda, baseavam sua experiência sexual em uma série de mitos ou crenças pessoais que, obviamente, não tornavam sua experiência segura.

Diante dessa turma, onde as crianças, em sua maioria, apresentavam uma vida sexualmente ativa, o que deveríamos nós, estagiários, fazer que não abrir um espaço para se discutir aquilo que ainda é obscuro a esses meninos e meninas? O Pondé, me parece, parte do pressuposto de que nenhuma pessoa no mundo possui o mínimo de bom senso necessário para a convivência em sociedade!

E nem é necessário bom senso além da medida para saber que existem questões práticas, que estão além das preferências/fantasias pessoais, a serem discutidas em contexto escolar sobre a sexualidade humana. Deixar o assunto para ser discutido em contexto familiar? E as famílias que simplesmente partem do pressuposto que seus filhos manterão a virgindade até o casamento por questões religiosas? E os casos, nada raros, onde a sexualidade é um tabu?

Não sei nem porque me dei ao trabalho de comentar isso aqui, mas esse texto me deixou pasmo! Como pode um filósofo famoso, em um veículo de mídia tão grande quanto a Folha, dizer tanta asneira!
Anônimo disse…
Eita povo hipócrita e mal resolvido. Artigo excelente, conciso, lúcido. Talvez cause mal estar por ser tão óbvio!!!

Francisco Soares
BR disse…
Seus argumentos são inválidos, pois eles não existem.
BR disse…
Seus argumentos são inválidos, pois eles não existem.

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