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Mostrando postagens com o rótulo Luiz Felipe Pondé

Cristo sem glúten mostra que religião virou uma commodity

O filósofo Luiz Felipe Pondé ridicularizou  a hóstia sem glúten e o papa Francisco:

Evangélicos vão engolir o Brasil em poucos anos, afirma Pondé

Em poucos anos, os evangélicos vão “engolir” o Brasil, afirmou recentemente o filósofo e formador de opinião Luiz Felipe Pondé (foto).

Informação, tecnologia e ciência ampliam nosso tempo e espaço

por Luiz Felipe Pondé Ao ver alguém mexendo em sua conta bancária ou falando com a pessoa que ama a 15 mil quilômetros de distância pelo celular, você não lembra, imediatamente, que ali está uma cena, de uma longa história, que marca a vitória de homens e mulheres sobre o tempo e o espaço. A tecnologia, como o ar que respiramos, torna-se quase invisível com o passar do tempo. Só percebemos sua existência quando ela falta. O tempo não foi sempre humano, como muitos pensam.

Ser humano só revela o que tem de melhor quando é esmagado

Título original: 'Bonequinha de Luxo' por Luiz Felipe Pondé para Folha Não sou daqueles que acha o passado melhor que o presente, mas no cinema americano, às vezes, temo que isso seja verdade. Salvo algumas exceções, claro, como Clint Eastwood ou Debra Granik (autora do grandioso "Inverno da Alma", no original, Winter's Bone , título maravilhoso), todo mundo só quer fazer filmes para gente com idade mental de cinco anos ou ensinar as pessoas a serem melhores. Todo artista que quer fazer o mundo melhor com sua arte é mau artista ou mau-caráter. Oscar Wilde suspeitava da poesia sincera e eu, da arte engajada. "Arte do bem" é arte menor e chata. Revi o maravilhoso "Bonequinha de Luxo", de Blake Edwards, de 1961, com Audrey Hepburn e George Peppard. A última cena, ela arrependida, procurando o gato que abandonara num beco sujo, e, logo depois, os dois se beijando sob uma forte chuva, misturando as lágrimas às gotas que caem do céu, é um lo

Todo mundo quer ser 'legal' e ninguém quer ser pecador

Título original: Ideologia de privada por Luiz Felipe Pondé para Folha Quando eu morava num kibutz em Israel nos anos 80, num dos banheiros masculinos, estava escrito na porta, fighting for peace is like fucking for virginity (lutar pela paz é como trepar pela virgindade). Gays sempre deixaram inscrições nas portas e paredes dos banheiros masculinos, afirmando seus desejos e dotes físicos. Quanto aos femininos, sempre foram objeto de mistério e desejo, afinal, ver mulheres sem roupa sempre foi um sonho de todo cara. Além do fato óbvio de que os órgãos excretores são os mesmos envolvidos no ato sexual. Claro, não apenas eles. Qualquer iniciado em Freud vê algo de obviamente sexual na nossa relação com banheiros. Fantasias sexuais sempre encontraram nos banheiros um santuário para suas taras. E mais: formas diversas de perversões sexuais envolvendo funções excretoras sempre povoaram o universo das fantasias sexuais mais "heavy". Talvez alguém ache que eu deva pedi

Espiritualidade trágica dos gregos é a melhor, diz Pondé

Título original: Nêmesis por Luiz Felipe Pondé para Folha Nêmesis era a deusa grega da vingança. Ela tinha especial prazer em torturar heróis que caíam em hybris (desmedida) e pensavam ser outra coisa que mortais sob o domínio dos deuses e das moiras, senhoras divinas quase cegas que teciam o destino de todos. Fosse eu religioso, minha espiritualidade seria a trágica dos gregos, apesar da grandiosa beleza do sistema bíblico. Não que eu ache "legal" o politeísmo, mas porque eu acho que a visão de mundo dos trágicos é a melhor. A piedade trágica, aquela despertada pela empatia entre nós e os infelizes heróis do teatro grego, é que levou Nelson Rodrigues a dizer que devíamos assistir ao teatro de joelhos. A acusação feita aos trágicos é que eles negam o sentido último da vida, porque os deuses gregos eram uns loucos apaixonados e sem projeto moral para o mundo (o destino é sempre cego). Isso é verdade. O Deus de Israel, que para os cristãos encarnou no judeu Jes

Mercado do apocalipse verde tem tudo do fanatismo, diz Pondé

Título original: O infiel  por Luiz Felipe Pondé para Folha Confesso: sou um infiel. Não no sentido de infidelidade amorosa, mas religiosa. Não creio no aquecimento global por causas antropogênicas (trocando em miúdos, não acho que nossos carros estejam aquecendo o planeta, e se o Sol fosse um Deus como uns pirados achavam que ele era, estaria rindo de nós e nossos ridículos celulares). Freud estava certíssimo quando dizia que a maturidade é para poucos e viver uma infância retardada é um modo "seguro" de não enfrentar a vida adulta, que é sofrida, incerta, injusta e inviável. Isso mesmo, repito para que meu pecado conste nos autos: não creio que o aquecimento global seja causado por emissão de gás carbônico, acho (inclusive tem cientista que afirma isso, os ecocéticos) que o recente aquecimento começou antes dos últimos cem anos, nos quais nosso gás carbônico cresceu, e ciclos de esquentamento e esfriamento sempre ocorreram. Inclusive aquele aquecimento que se de

Todo mundo que crê salvar o mundo é autoritário, afirma Pondé

Título original: A demagogia verde dos salvadores por Luiz Felipe Pondé para Folha Uma coisa que sempre me chama a atenção é a vocação autoritária dos verdes em geral, assim como seu caráter ideológico travestido de evidência científica "inquestionável." Não é para menos uma vez que são movidos pela crença de que estão salvando o mundo. Todo mundo que crer salvar o mundo é autoritário. Claro que devemos nos preocupar com o meio ambiente. Essa é uma ideia já antiga. Machado de Assis no seu maravilhoso "Dom Casmurro", através de seu narrador Bentinho, já falava de pessoas inteligentes que iam jantar em sua casa na sua infância e falavam que os polos estavam derretendo... Pessoas que se julgam salvadoras do mundo são basicamente de dois tipos: ou são autoritárias ou são infantis. Na tribo verde existem os dois tipos, e como crianças são naturalmente autoritárias, não há muita saída: as duas características se encontram com frequência na mesma pessoa. Um dos

Inferno não são os outros, mas o 'marketing do eu', diz Pondé

Título original: Meu inferno mais íntimo por Luiz Felipe Pondé para Folha Um jovem rabino, angustiado com o destino da sua alma, conversava com seu mestre, mais velho e mais sábio, em algum lugar do Leste Europeu entre os séculos 18 e 19. Pergunta o mais jovem: "O senhor não teme que quando morrer será indagado por Deus do porquê de não ter conseguido ser um Moisés ou um Elias? Eu sempre temo esse dia". O mestre teria respondido algo assim: "Quando eu morrer e estiver na presença de Deus, não temo que Ele me pergunte pela razão de não ter conseguido ser um Moisés ou um Elias, temo que Ele me pergunte pela razão de eu não ter conseguido ser eu mesmo". Trata-se de um dos milhares de contos hassídicos, contos esses que compõem a sabedoria do hassidismo, cultura mística judaica que nasce, "oficialmente", com o Rabi Baal Shem Tov, que teria nascido por volta de 1700 na Polônia. A palavra "hassidismo" é muito próxima do conceito d

'Só mentirosos negam que sejamos responsáveis por nossas escolhas'

Título original: A traição da psicologia social por Luiz Felipe Pondé para Folha Olha que pérola para começar sua semana: "Esta é a grande tolice do mundo, a de que quando vai mal nossa fortuna -muitas vezes como resultado de nosso próprio comportamento-, culpamos pelos nossos desastres o Sol, a Luz e as estrelas, como se fôssemos vilões por fatalidade, tolos por compulsão celeste, safados, ladrões e traidores por predominância das esferas, bêbados, mentirosos e adúlteros por obediência forçada a influências planetárias". William Shakespeare, "Rei Lear", ato 1, cena 2 (tradução de Barbara Heliodora). Os psicólogos sociais deveriam ler mais Shakespeare e menos estas cartilhas fanáticas que dizem que o "ser humano é uma construção social", e não um ser livre responsável por suas escolhas, já que seriam vítimas sociais. Os fanáticos culpam a sociedade, assim como na época de Shakespeare os mentirosos culpavam o Sol e a Lua. Não quero dizer que não s

Só quem não tem esperança de ser virtuoso deve falar sobre moral

Título original:  A inveja das moscas  por Luiz Felipe Pondé para Folha Sou uma personalidade atormentada e dada a arroubos. Noites insones me levam a terras distantes onde nossos ancestrais vagam arrancando a vida e seu sentido das pedras. Com o passar dos anos, cada vez mais me encanta a luta desses nossos patriarcas perseguidos pelos elementos naturais, por seus próprios demônios e por deuses de olhos vermelhos cheios de sangue e dentes afiados. Construímos sonhos de autorrealização profissional, afetiva e material. A expectativa com nossa própria grandeza ocupa grande parte de nossos devaneios. O sentimento da fragilidade do mundo sempre me perseguiu desde a infância. Se os psicanalistas estiverem certos, e tudo que é primitivo é indelével, esse sentimento constitui minha substância mais íntima. Que inveja eu tenho das moscas! Livres, voando pelo mundo, sem saber de si mesmas. Li nas últimas férias a coletânea de ensaios The Best American Essays of the Century , edit

Face potencializa a banalidade da falta de afeto, diz Pondé

Título original: Narcisismo no "Face" por Luiz Felipe Pondé para Folha Cuidado! Quem tem muitos amigos no "Face" pode ter uma personalidade narcísica. Personalidade narcísica não é alguém que se ama muito, é alguém muito carente. Faço parte do que o jornal britânico The Guardian chama de social media sceptics (céticos em relação às mídias sociais) em um artigo dedicado a pesquisas sobre o lado "sombrio" do Facebook (22/3/2012). Ser um social media sceptic significa não crer nas maravilhas das mídias sociais. Elas não mudam o mundo. Aliás, nem acredito na "história", sou daqueles que suspeitam que a humanidade anda em círculos, somando avanços técnicos que respondem aos pavores míticos atávicos: morte, sofrimento, solidão, insegurança, fome, sexo. Fazemos o que podemos diante da opacidade do mundo e do tempo. As mídias sociais potencializam o que no humano é repetitivo, banal e angustiante: nossa solidão e falta de afeto. Boas qua

Origem da religião: ensinamentos dos nossos ancestrais monstruosos

Título original: Origem da religião na pré-história  por Luiz Felipe Pondé para Folha Muitos leitores me perguntaram o que aquela peça kafkiana cujo título era "Páscoa" queria dizer na coluna do dia 2/4/2012. O texto era simplesmente isto: a descrição de um ritual religioso muito próximo dos centenas de milhares que devem ter acontecido em nossa Pré-História. Horror puro, mas é assim que deve ter começado toda a gama de comportamentos que hoje assumimos como cheios de significados espirituais. Entender a origem de algo "darwinianamente", nada tem a ver com a "cara" que esse algo possui hoje. Vejamos o que nos diz um especialista. O evolucionista Stephen Jay Gould (1941-2002), num artigo de 1989 cujo título é The Creation Myths of Cooperstown , compara a origem mítica do beisebol (supostamente nascido em território americano e já "pronto") com a explicação evolucionaria do beisebol. Gould está fazendo no texto uma metáfora do

Olhavam para o céu, mas nenhuma voz saia daquela imensidão vazia

Título original: Páscoa por Luiz Felipe Pondé para Folha Duas crianças amarradas. Choravam. Nuas, sentiam frio. As cabeças doíam porque estavam meio abertas por pancadas que recebiam de vez em quando. O bando se ocupava com o cotidiano. Bater aos pouquinhos na cabeça de suas vítimas era um modo de preparar o cérebro para ser comido. Assim garantiam que estariam macios ao toque dos dentes. Duas mulheres se acariciavam e se lambiam uma a outra, enquanto o filho de uma tentava em vão penetrar uma delas. Três homens chegavam ao lugar onde viviam e traziam consigo outras duas crianças, duas meninas arrastadas pelo chão. Gritaria e felicidade. Precisavam de quatro crianças. O jantar estava próximo. A fome era um desconforto profundo. Eles se perguntavam, às vezes, o porquê de sentirem fome. Não seria mais fácil a vida tranquila das pedras? Quando aquela dor invadia suas barrigas, as boas sensações desapareciam em meio a vontade furiosa de mastigar alguma coisa. Sentiam uma e

Classe média treme em surtos de eterno puritanismo, escreve Pondé

Título original: As filhas da desgraça por Luiz Felipe Pondé para Folha "Eu sou um ex-covarde", escreveu Nelson Rodrigues, no "Globo", no dia 18/10/1968. E continua: "... o medo começa nos lares, e dos lares passa... para as universidades, e destas para as Redações... Sim, os pais têm medo dos filhos; os mestres, dos alunos". Sobre Nelson, leia "Inteligência com Dor, Nelson Rodrigues Ensaísta", de Luís Augusto Fischer (ed. Arquipélago). Grande livro, rodriguiano até a medula: a inteligência é mesmo uma ferida aberta. Paulo Francis dizia que um dia o mundo seria tomado pelos comissários do povo. Chegamos perto disso: os comissários dos ofendidos babam de vontade de tomar conta do pensamento público, esmagando tudo o que não concorda com sua autoestima. Não conseguirão porque o pensamento público é como uma guerra. A arena do pensamento público cria valores na mesma medida em que enfrenta seus algozes. Não ter medo é um tema m

Homens em crise existencial acabam ficando sozinhos, escreve Pondé

Título original: A síndrome de Schmidt Nicholson é o protagonista do filme "As Confissões de Schmidt" por Luiz Felipe Pondé para Folha Não, não se trata de uma doença nova, caro leitor. Apenas de um filme cujo título é "As Confissões de Schmidt", do diretor Alexander Payne, o mesmo de "Os Descendentes", que concorreu ao Oscar neste ano, mas muito melhor do que esse. Para começar, Schmidt é Jack Nicholson, o que já garante metade do filme. Mas o filme vai muito além desse grande ator. Síndrome de Schmidt, nome que eu inventei, descreve o quadro de total melancolia em que se encontra o personagem central, um homem de 60 anos, após a aposentadoria e morte repentina da sua mulher. Mas qual é o diagnóstico diferencial com relação a outras formas de melancolia? Vejamos. O filme abre com um discurso de um colega em sua homenagem, quando Schmidt se aposenta da companhia de seguros em que trabalhou a vida inteira (no caso, companhia de seguros c

Bruxas se diziam cristãs puríssimas e hoje são chamadas de místicas

Título original: Domingão no parque em 1310 por Luiz Felipe Pondé para Folha Uma das coisas que mais me espantam é o encanto que muita gente alimenta pelos hereges medievais, associado à quase total ignorância sobre suas heresias. Confundem-se manias "teenagers" com heresias sérias. Faça uma "regressão para vidas passadas" em alguém e verá que ela foi uma bruxa queimada na Idade Média ou algo semelhante. E ela acha isso chique porque pensa nessa "bruxa" queimando sutiã em Paris no século 14. Não conheço ninguém que tenha sido uma aborígene insignificante (sem querer ofender os aborígenes, é claro, trata-se de uma cultura sem a qual o mundo não sobreviveria). Coitadas dessas "bruxas". Para começar, pelo menos no universo entre o que chamamos hoje de França, Bélgica, Holanda e Alemanha (região do rio Reno), entre os séculos 13 e 15, essas mulheres não se diziam bruxas, mas sim cristãs puríssimas. O famoso livro "Martelo das Br

Pondé: 'Decidi mudar. Em breve serei amante das rúculas e alfaces'

Título original: Conhece-te a ti mesmo por Luiz Felipe Pondé para Folha Decidi mudar. Não serei mais aquela pessoa que acha que as pessoas não mudam e que não há história, mas sim um eterno retorno do mesmo. Nietzsche nunca mais, só Rousseau e seu estado de natureza angelical. Acredito agora nas primaveras que cortam o mundo. Fui à livraria mais próxima, ou melhor, ao iPad mais próximo, e comprei um livro que me indicaram: "Dez passos para ser um novo Pondé", autoria de um certo sábio chinês que talvez seja um neto de coreano nascido na Califórnia de pais porto-riquenhos. O primeiro passo é aprender a respirar. Sou dono da minha respiração agora. Em seguida, alimentação. Nunca mais carne vermelha. De início, ainda frango e peixe, mas em breve pretendo me tornar um amante das rúculas e alfaces, mas sempre pedindo perdão por precisar tirá-las de sua vida doce e promissora fazendo fotossíntese. Coca-Cola, nem pensar. Além do mais, é americana! Vinho, só natural. Um

Por que pessoas estudam religião em vez de simplesmente vivê-la?

Título original: Por que estudar religião? por Luiz Felipe Pondé para Folha Você estuda religião? Aposto que, se sua resposta for "sim", a causa é uma das hipóteses abaixo. Somos previsíveis como ratos de laboratórios. Estudar religião cientificamente seria estudá-la sem fins religiosos, ou seja, "de modo objetivo": via neurologia, sociologia, antropologia, psicologia, história, filosofia. Trocando em miúdos, estudar religião cientificamente é estudá-la sem fins "lucrativos" para a própria fé do estudioso. Neste sentido, o melhor seria um ateu estudar Deus ou um cristão estudar budismo, porque assim não "lucrariam" com seus objetos de estudo. Duvido profundamente deste pressuposto. Não porque seja impossível em si nem porque neutralidade em ciência seja algo absurdo. Trabalhar com ciência não é fruto de amor ao conhecimento, mas sim um modo de ganhar a vida muitas vezes menos competitivo do que o mercado de profissionais autônomo

Pondé escreve por que sempre teve interesse por almas penadas

Título original: "Senhorita Christina" por Luiz Felipe Pondé para Folha Há algumas semanas, eu escrevia sobre "exus" e sua "ciência das mulheres". Muitos leitores estranharam a conversa entre o niilista e uma entidade sobrenatural. Lamento dizer que também já conversei com (supostos) "extraterrestres". Sempre nutri um interesse específico por almas penadas. Não por acaso, tornei-me, entre outras coisas, um estudioso de religião. Para alguém como eu, dado a uma sensibilidade monotonamente cética, espanta como há 300 mil anos (desde o Paleolítico), mais ou menos, a humanidade crê em e vive cercada de seres sobrenaturais atormentados que nos atormentam. As almas que padecem como se fossem vivas me encantam. Uma amiga minha costuma dizer que o mundo do além é pior do que este em que vivemos. Esta forma de crença em espíritos me apetece. A forma segundo a qual, como apresenta o horroroso filme "Nosso Lar", espíritos desfilam