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'Levarei o papa ao tribunal', afirma advogado norte-americano

por Angelo Aquaro, do La Repubblica

Ele havia prometido e vai cumprir: "Levarei o Papa para o tribunal". Mas no dia em que celebra a vitória – "Caiu um novo muro de Berlim" – Jeff Anderson (foto), 62 anos, o advogado das vítimas dos padres nos EstadosUnidos, o homem que descobriu que sua filha também foi abusada por um ex-sacerdote, pensa acima de tudo no próximo movimento: uma "missão na Itália" para ouvir os depoimentos dos cardeais Angelo Sodano eTarcisio Bertone, que ele considera responsáveis pelo "cover up", pelo encobrimento do escândalo da pedofilia.

A entrevista.

Advogado, a Suprema Corte não acolheu o apelo do Vaticano [que pedia imunidade jurídica]. O seu processo pode seguir em frente.

É uma grande vitória, uma vitória enorme. Para a história dos abusos sexuais dos padres, é a queda do muro de Berlim, a queda da separação entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental, entre o Leste e o Ocidente...

Mas o que isso quer dizer concretamente?

É uma vitória legal enorme. Para as vítimas desses crimes, é uma extraordinária oportunidade de finalmente fazer justiça. E de fazer com que o Vaticano seja considerado responsável pela sua negligência: pela sua negligência criminosa. E pelo seu papel no encobrimento dos crimes dos padres.

Porém, não houve sentença. A Corte se limitou a não acolher o apelo do Vaticano.

Mas é uma vitória enorme que a Corte tenha nos dado luz verde, finalmente o caminho livre: depois de oito anos de impedimentos levantados desde o início da causa, em 2002, depois de oito anos de obstáculos.

Neste ponto, o senhor pensa em verdadeiramente levar o papa Ratzinger ao tribunal, como anunciou?

Sim, essa é uma das coisas que faremos. Mas primeiro começaremos pelo cardeal Sodano e pelo cardeal Bertone. Chegaremos ao Papa. Certamente, não quero começar por aí: quero antes ouvir particularmente os seus depoimentos. Porque eles – um como secretário de Estado, o outro como chefe do Colégio Cardinalício – foram os "top guys", os personagens chaves.

Por que eles?

Porque nas suas posições, eles estiveram no centro dos encobrimentos durante um longo período. Assim como o cardeal Joseph Ratzinger, o atual Papa Bento XVI, quando tinha responsabilidades na Cúria. Ele mesmo é o chefe supremo e não partirei dele na investigação: mas chegarei nele.

Como fará para recolher esses depoimentos? Pensa em organizar interrogatórios na Itália?

Sim, deveremos ir para o Vaticano, organizaremos os depoimentos, organizaremos uma missão.

Primeiro passo, o senhor diz, Bertone e Sodano, para chegar a levar o Papa sob processo?

Veja, procuraremos, como disse, ter também o depoimento do Papa. Eu não penso que será possível processar o Papa enquanto Papa: mas o Vaticano, sim. Pela primeira vez, teremos a possibilidade de fazer um processo, aqui nos EUA, em que o Vaticano pode ser considerado responsável pelo encobrimento desses crimes que são os abusos dos padres. É apenas uma decisão que se refere a um caso, mas abre as portas para outros casos e principalmente para o princípio de responsabilidade. E isso é a coisa mais importante.

Como se sentiu assim que recebeu a notícia da decisão da Suprema Corte?

Extasiado...

Comentários

Anônimo disse…
Há inumeros relatos , inclusive em livros que os sacerdotes católicos [ padres , bispos, papas etc] já realizavam atos de pedofilia e abuso sexual desde o primeiro milenio...!!!
Anônimo disse…
O irônico disso tudo é que essas pessoas "boazinhas" que querem o fim da religião, serão as que verão de camarote a derrocada do resto da moral da sociedade. Será que rirão com suas filhas sendo estupradas, seus bens roubados e suas vidas tomadas pelos ex-religiosos, livres, leves e soltos por aí, sem ninguém para conter suas mentes limitadas, como normalmente dizem? O nobre blogueiro, por exemplo, com essa cara, será que duraria uma semana em seu mundo perfeito?
Anônimo disse…
Não acredito que a religião seja um freio para ninguém, muito pelo contrário ela é uma sinal verde para se fazer coisas erradas com desculpas cheias de horror sagrado que impedem os mediocres acomodados de criticar.
António Nöel disse…
Acho muito bem. Haja alguém que acabe com a impunidade do papa perante a justiça.

Ninguém está acima da Justiça dos Tribunais.

Já chega o tempo em só o pobre respondia em tribunal.

Todos sabemos que a igreja-católica-apostata sempre, em 17 séculos, comungou desses crimes horrendos sem que ninguém lhes desse cobro.

Desde meninos castrados a cantar nos coros da igreja até mulheres e homens, injustamente apelidadas de "bruxas" e de "bruxos", ardiam nas fogueiras da santa-inquisição, só para que a igreja-apóstata-romana lhes roubassem as terras de seus maridos e filhos, mortos durante as Cruzadas.

É tempo de os fazer pagar pelos seus crimes de ocultação de criminosos, padres e bispos, pedófilos.

Apoiado.

Grande Advogado, grande Jurista.
Anônimo disse…
Carta aos Líderes Religiosos do Brasil

Nos termos do Art 19, I da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada no ano de 1988, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

"I - Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento, ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público."

Apesar do que diz a Lei Maior de nosso País, observa-se em grande número de repartições a existência predominante de símbolos cristãos, como cruzes, crucifixos, estátuas e pinturas de santos católicos. Há, inclusive, certos prédios públicos que mantém em sua estrutura física uma capela com tema católico apostólico romano.

Segundo o IBGE, há mais de 150 (Cento e Cinquênta) diferentes denominações religiosas sendo praticadas no Brasil. E toda vez que se questiona o motivo da hegemonia católica, juízes e administradores públicos respondem que não há desrespeito à Lei ou Liberdade de Crença (ou Descrença). Além disso, dizem que qualquer outro sistema religioso pode fazer-se representar, com seus símbolos, nas mesmas repartições, ora mencionadas. Há também decisões judiciais e administrativas, mandando que se recoloque ou não se extraia os alegados símbolos daquelas repartições, nos diversos estados da Federação.

É óbvio que, se uma ideologia religiosa tem o privilégio de ser representada acima das cabeças de juízes, parlamentares, presidentes, governadores, prefeitos, comandantes e outros responsáveis pela direção dos negócios do estado e das decisões sobre fatos importantes da vida dos cidadãos, muitos que não se satisfazem dogmas e posicionamentos dessa denominação específica acabam se calando. Pois, se assim não agirem, podem ter seus direitos postergados, suas necessidades menosprezadas e suas habilidades desvalorizadas por atos discricionários ou sentenças com argumentos habilmente selecionados para tal.

Óbvio, também, é o número expressivo de indivíduos que, por comodidade ou constrangimento, integram-se ou dizem fazer parte da denominação religiosa ou mística mais bem representada.
Anônimo disse…
Continuação da Carta aos Líderes Religiosos do Brasil


Assim, escudado nas alegações dos magistrados, que optam por manter os símbolos católico-cristãos nas repartições pública, cunhei o seguinte plano, para o qual peço sua inestimável colaboração:

a) A aceitação de símbolos de um sistema místico-religioso implica na aceitação de qualquer outro sistema de crença ou descrença; assim, diferentes religiões ou seitas (bem como agnósticos e ateus) poderiam solicitar, formalmente, à Presidente da República, aos Chefes dos Poderes Executivos Estaduais e Municipais, uma lista de repartições e espaços públicos onde se permite a mostra ostensiva de símbolos de crença religiosa/mística;

b) A solicitação acima deve ser motivada pela intenção de cada denominação postulante ser convidada a também se fazer representar nos locais listados, visando respeito aos direitos religiosos de seus próprios membros;

c) A solicitação formal de igualdade de representação religiosa deve ter caráter público, sendo exibida em páginas da Internet, em folhetos entregues à população ou em jornais; essa providência permitirá que o Povo se envolva na discussão e force os mandatários a tomarem decisões observando a necessária transparência;

d) O Prazo entre a solicitação e a respectiva resposta deve ser metodicamente contado, para posterior avaliação popular do interesse dos governantes em cumprir a leis que juraram defender;

e) A Resposta deve ser publica nos mesmos moldes e meios usados para a solicitação; e se autorizada a introdução de símbolo, frase ou expressão que represente o culto, seita, religião ou escola mística, a Imprensa deve ser convidada a acompanhar o evento;


f) Caso não haja autorização, deve-se cobrar a fundamentação jurídica (em quais dispositivos legais o Administrador se baseou) e a motivação do ato (as razões morais, lógicas e/ou de consciência, que nortearam a decisão) para posterior instrução judicial ou documento de caráter político-social.

Acredito que as denominações que pregam a crença ou defendem a descrença ou dúvida em Deus tem de exercer sua responsabilidade social. Os procedimentos listados acima podem provocar uma verdadeira revolução místico-religiosa no Brasil. Seria uma atitude pioneira, singular em todo o Mundo. O mais importante, entretanto, é que cada cidadão passará a ter mais confiança para expressar suas crenças e se verá melhor representado, não tendo mais que submeter-se a constrangimentos ideológicos.
Anônimo disse…
Não é a religião que oprime a vontade dessas pessoas de matar, ela instiga... quem oprime a vontade dessas pessoas de fazer o mal, é o medo de morrer, de perder a liberdade, e isto a justiça HUMANA por si só já faz.

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