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Guerras entre católicos e protestantes deram na Europa banho de sangue

A violência entre os cristãos convulsionou o continente europeu por muito tempo - um legado que não se comenta nas missas nem nos cultos


James A. Haught
escritor e jornalista

A corrupção desenfreada e a ganância na Igreja Católica medieval desencadearam a Reforma, que gerou um banho de sangue em guerras entre católicos e protestantes na Europa.

Uma rebelião preliminar eclodiu na década de 1400, quando o padre tcheco João Hus protestou contra a venda de indulgências (perdão pago pelos pecados) e denunciou a imoralidade do Vaticano.

Hus atraiu seguidores, alguns dos quais foram executados. Ele foi excomungado e exilado, mas persistiu. Um imperador lhe concedeu passagem segura para apresentar suas queixas no Concílio de Constança de 1415 — onde foi capturado e executado. Isso causou as Guerras Hussitas, com os exércitos papais enfrentando repetidamente os seguidores de Hus até serem esmagados.

A revolta histórica de Martinho Lutero começou em 1517, quando ele pregou seus 95 protestos na porta de uma igreja — desencadeando um século de matança sagrada. O primeiro surto foi a Guerra dos Camponeses, na qual soldados amadores cantores de hinos foram dizimados por legiões treinadas.

Na Suíça, o protestante Ulrich Zwingli liderou uma revolta contra os cantões católicos. Zwingli foi morto, mas seu lado triunfou no final, já que a Suíça se tornou protestante.

Na Alemanha, príncipes luteranos formaram uma aliança, e o Sacro Imperador Romano Carlos V enviou exércitos católicos para aniquilar os protestantes. Ele perdeu e foi forçado a aceitar a Paz de Augsburgo de 1555, que permitiu que 300 governantes locais escolhessem se seus distritos seriam católicos ou protestantes.

Na Espanha e na Itália, a Santa Inquisição descobriu protestantes secretos e os queimou.

Na França, o rei católico Henrique II criou um tribunal de heresia para encontrar e queimar huguenotes protestantes. 


A guerra
religiosa
irrompeu,
depois
amainou
e depois
irrompeu
novamente,
por oito
vezes

Após a terceira guerra, a governante Catarina de Médici tentou acabar com o horror casando sua filha católica com um jovem príncipe huguenote. Mas quando os huguenotes chegaram a Paris para o casamento, foram massacrados na noite de 24 de agosto de 1572 — dia de São Bartolomeu — em um ataque surpresa. A cabeça do líder huguenote foi enviada a Roma. O papa, Gregório XIII, cunhou uma medalha celebrando a vitória católica.

Milhares de huguenotes fugiram da França. Um grupo se estabeleceu no que hoje é St. Augustine, Flórida. Uma frota espanhola os encontrou em 1565 e matou quase todos, colocando uma placa dizendo que os colonos foram executados “não como franceses, mas como luteranos”.

Nos Países Baixos, o protestantismo cresceu, mas o governante católico Filipe II da Espanha enviou exércitos para exterminá-lo. Os protestantes se rebelaram e queimaram 400 igrejas católicas. Após uma década de matança, finalmente conquistaram a independência nas províncias do norte.

O protestantismo na Inglaterra era diferente porque Henrique VIII rompeu com Roma para obter o direito ao divórcio. Sua Igreja Anglicana governou — até que sua filha, “Maria Sangrenta”, assumiu o trono e desencadeou uma onda de execuções para forçar a Inglaterra a retornar ao catolicismo. Suas queimadas de protestantes enojaram a maioria dos ingleses, tornando-os amargamente contra Roma.

O último grande espasmo da Reforma foi a Guerra dos Trinta Anos, de 1618 a 1648. Começou quando nobres protestantes invadiram um palácio de Praga e jogaram dois ministros católicos pela janela, em um monte de esterco. O massacre resultante entre católicos e protestantes parecia incontrolável e matou milhões na Alemanha, deixando para trás fome e pobreza.

> James A. Haught (1932-2023) foi colaborador da FFRF (Freedom From Religion Foundation), organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que se dedica à defesa da separação entre o Estado e a Igreja.

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