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Padre autor do mosaico de Aparecida é acusado de invocar a Trindade para ter sexo a três

A maior obra em extensão de Marko Rupnik encontra-se no Brasil. Em pedras coloridas do Brasil e de vários outros países, são quatro mil metros quadrados de figuras do Êxodo


Pela primeira vez duas das mulheres que acusam o padre e artista Marko Rupnik de abuso psicológico e sexual deram uma entrevista coletiva. As ex-freiras Glória Branciani e Mirjam Kovac falaram com jornalistas na quarta-feira, 21, em Roma.

Branciani, 60, despertou mais a atenção pelo inusitado de uma das argumentações de Rupnik, conforme o relato dela. Contou detalhes dos avanços do padre, os quais, no caso dela, ocorreram desde a sua juventude, partir da época em que estudava medicina.

Emocionada, ela falou que Rupnik a convenceu a fazer sexo a três, com a participação de outra freira, com a alegação de que se tratava da “representação máxima” artística da “Santíssima Trindade”.

“Quando resisti no início, ele me disse que eu não queria porque tinha inveja e não conseguia viver a sexualidade espiritualmente. Ele era sexualmente agressivo, mas disse ser agradável essa agressividade saudável.”

Para Rupnik, sexo a três
“era uma forma de arte”,
disse a ex-freira

“Foi o caminho para chegar à orgia coletiva. Cada sentimento teve de ser superado. Ele me disse que eu era muito meiga, carinhosa, insegura... e isso ia ser bom para mim. Ele me levou duas vezes para quartos em Roma. E ficou claro que ele era frequentador assíduo lá”.

Os abusos ocorriam geralmente nos estúdios do padre. Havia às vezes exibição de filmes pornô.

Vítimas estimam que o total delas sejam 20. É possível que esse número aumente porque outras mulheres poderão decidir pela denúncia, diante agora da ampla divulgação do caso.

Rupnik é o artista com mais obras espalhadas em igrejas e capelas de todo o mundo, cerca de 200, incluindo o Vaticano e o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, no Sul da França. Seus mosaicos são representações de personagens bíblicos.


O maior mosaico de Rupnik encontra-se no Brasil. Em quatro mil metros quadrados em pedras coloridas do Brasil, França, Itália, Grécia e Afeganistão, a Basílica de Aparecida exibe figuras do Êxodo.

O padre inspecionou pessoalmente a construção do mosaico, cuja inauguração ocorreu em março de 2022 com a presença dele. Ainda há na internet vídeos daquela época nos quais Rupnik é reverenciado por brasileiros. Já se sabia então das denúncias contra ele.

Desde os anos 90, o padre é suspeito de ser predador sexual. Naquela década, seus ataques se davam na Eslovênia e as vítimas foram freiras da comunidade Loyola. Posteriormente, ele mudou-se para Roma.

A ex-freira  Branciani
lamenta a complacência
da Igreja

Em meados de maio de 2020, a Igreja excomungou Rupnik, por absolver, em confissão, uma das freiras de que abusou. Mas ao final do mesmo mês houve cancelamento do ato, por razões até agora insuficientemente esclarecidas. Somente o papa pode anular uma excomungação.

A Congregação para a Doutrina da Fé, órgão do Vaticano que sucedeu o Tribunal da Inquisição, o Santo Ofício, divulgou em outubro de 2022 que as acusações contra o padre eram de casos prescritos, informando que, por isso, os processos foram arquivados.

Essa seria a causa do cancelamento da excomungação, mas o real motivo pode ser sido o constrangimento da Igreja de ter em templos obras de um proscrito.

A entrevista das ex-freiras faz parte de uma ofensiva das vítimas, para não serem ignoradas pelo papa Francisco. Elas querem que os mosaicos sejam retirados das igrejas.

O Santuário de Lourdes já considera essa possibilidade. E a Basílica da Aparecida desistiu, ao menos por ora, de instalar os mosaicos encomendados e já prontos para a sua fachada Sul.

Fachada da Basílica
de Aparecida tem
a “cara” Rupnik

> Com informação do El País e de outras fontes.

Comentários

Vitor Madeira disse…
É incrível... A religião não passa de uma fábrica de monstros.

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