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Aparecida desiste de obra de padre acusado de abusos. Mas mantém uma fachada

Marko Rupnik, que já teve encontros com o papa Francisco, é acusado por dezenas de mulheres; o seu maior mosaico encontra-se no Brasil


O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida interrompeu a instalação nas fachadas de sua basílica de mosaicos do padre Marko Ivan Rupnik, que foi expulso em junho de 2023 da Companha de Jesus por ser acusado de abusar sexualmente de mulheres, incluindo freiras.

A informação é da Agência Católica Zenit, com sede nos Estados Unidos e escritório em Roma, mantendo sites em vários idiomas.

O padre esloveno radicado em Roma tem obras instaladas em mais de 200 igrejas e santuários do mundo, e é no Brasil onde se encontra o seu maior mosaico — inspirado em figuras do Êxodo em quadro mil metros quadrados com pedras brasileiras e de outras nacionalidades.

Inaugurada em março de 2022, o Êxodo estampa toda a fachada norte da Basílica. O projeto inicial previa mosaicos — agora cancelados — nas demais três fachadas do templo, com cerca de 110 passagens bíblicas.

Mosaico de padre
abusador de mulheres
na fachada da basílica

As vítimas — que acusam o padre de abuso não só sexual, mas também psicológico — pressionam o Vaticano para determinar a desinstalação dos mosaicos de Rupnik de todas as igrejas, o que inclui a de Lourdes (França), um ponto de encontro de católicos de todo o mundo.

Elas argumentam que a arte do padre é forte lembrança do homem que as violentou.

O Santuário de Aparecida ainda não informou se manterá o mosaico da fachada norte.

Há um ano, o cardeal Angelo De Donatis, vigário do papa Francisco em Roma, afirmou que a imprensa estava exagerando nas denúncias contra Rupnik, mas reconheceu haver "verdades" nas acusações.

Em dezembro de 2022, a Ordem dos Jesuítas divulgou a "atenuante" de não haver contra Rupnik acusações de abuso de crianças.

Atualmente, há no noticiário outro padre-artista envolvido em escândalo sexual — abuso de crianças e adolescentes. 

Trata-se do francês Louis Ribes (1920-1994), considerado o "Picasso da Igreja" devido ao desenho de seus vitrais. As suas obras também estão sendo retiradas de igrejas. Ele morreu sem ser punido pela Igreja nem pela Justiça secular.

O padre espanhol Cesáreo Gabaráin (1936-1991), compositor de hinos que fizeram sucesso nas igrejas, também foi um pedófilo que morreu sem sofrer sanções da Igreja Católica. 

Em agosto de 2021, a editora Oregon Catholic Press, dos Estados Unidos, parou de publicar as músicas de Gabaráin (ele escreveu mais de 500), deixando de fazer menção a ele na internet.

Com informação da Agência Católica Zenit e de outras fontes, 

• Um a cada dez padres do Brasil abusa de criança, diz relatório confidencial do Vaticano

• Sucessão de abusos mostra que a Igreja Católica está moralmente falida

• Na Idade Média padres e freiras já abusavam de crianças

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'Quando saí [do  convento], era como eu  tivesse renascido' Elizabeth Murad (foto), de Fort Pierce (EUA), lembra bem do dia em que saiu do convento há 41 anos. Sua sensação foi de alívio. Ela tocou as folhas de cada árvore pela qual passou. Ouviu os pássaros enquanto seus olhos azuis percorriam o céu, as flores e grama. Naquele dia, tudo lhe parecia mais belo. “Quando saí, era como se eu estivesse renascido”, contou. "Eu estava usando de novo os meus sentidos, querendo tocar em tudo e sentir o cheiro de tudo. Senti o vento soprando em meu cabelo pela primeira vez depois de um longo tempo." Ela ficou 13 anos em um convento franciscano de Nova Jersey. Hoje, aos 73 anos, Elizabeth é militante ateísta. É filiada a uma fundação que denuncia as violações da separação entre o Estado e Igreja. Ela tem lutado contra a intenção de organizações religiosas de serem beneficiadas com dinheiro público. Também participa do grupo Treasure Coast , de humanistas seculares.

Música gravada pelo papa Francisco tem acordes de rock progressivo. Ouça