Pular para o conteúdo principal

'The Economist' lista Bolsonaro entre 4 governantes "insanos" do mundo

A revista britânica The Economist publicou, em sua edição online,  reportagem dura contra Jair Bolsonaro. abre alinhando Bolsonaro a quatro governantes insanos no concerto das nações, diante da pandemia de Covid-19. A reportagem ainda associa Jair Bolsonaro a situações como "bravatas", "sabotagem", "fanatismo ideológico",  "religiosidade",  "ameaça à saúde pública", imprudência" e mesmo "insanidade". E analisa que a atitude do presidente brasileiro "pode ser começo de seu fim".

ILUSTRAÇÃO DRAMÁTICA:
VÍRUS 
DENTRO DO BRASIL,  
CUJO PRESIDENTE ESTÁ INSANO

Fundada em 1843, The Economist é uma das maiores vozes do capitalismo neoliberal e uma revista respeitada em todo o mundo. Essa matéria  que foi publicada online que sairá na edição de papel no dia 11 de abril. A reportagem ironiza dizendo que "ele  se isolou do jeito errado".  A revista aponta o conflito do presidente com as decisões do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em torno das medidas de isolamento social. 

Ameaça à saúde pública 

A reportagem abre falando que em meio à pandemia do novo coronavírus, os negacionistas "fizeram as pazes" com a ciência médica, e que apenas "quatro governantes do mundo continuam negando a ameaça à saúde pública representada pela Covid-19".

"Dois [governantes] são de  destroços da antiga União Soviética, os déspotas da Bielorrússia e do Turquemenistão",   diz a revista. Ou seja:  os presidentes Aleksandr Lukashenko  e  Gurbanguly Berdimuhammedow, respectivamente. "Um terceiro  — aponta a reportagem — é Daniel Ortega, o ditador tropical da Nicarágua. O outro é o presidente eleito de uma grande democracia, ainda que maltratada", o Brasil. 

Solapa seu próprio governo

"Jair Bolsonaro solapa os esforços de seu próprio governo para conter o vírus e essa atitude pode marcar o início do fim de sua presidência", diz a matéria. E o subtítulo adverte: "O tratamento imprudente do presidente brasileiro pela Covid-19 voltará para assombrá-lo".

The Economist evoca a atitude do presidente desde o inicio da pandemia no Brasil, no final de fevereiro. "Bolsonaro, um ex-capitão do exército que elogia  ditaduras militares, fez pouco caso disso. Ignorando seus efeitos como 'apenas uma pequena gripe', ele disse: 'vamos enfrentar o vírus como um homem, caramba, não como um menininho'. E ainda acrescentou, conformista: "todos nós vamos morrer um dia".

Bravata, Ignorância e Sabotagem
 
Na sequencia, a reportagem salienta as chocantes atitudes de Bolsonaro.

Nos 15 meses de presidência, "os brasileiros já se acostumaram à sua bravata e ignorância em questões que vão desde a conservação da floresta amazônica até educação e policiamento. Mas desta vez o dano é imediato e óbvio: Bolsonaro associou a retórica desafiadora à sabotagem ativa da saúde pública".

A revista fala na insistência do presidente em propor apenas o isolamento vertical para idosos e doentes e comenta: "Existem dois problemas com isso. Os jovens também morrem de Covid-19 (10% dos que morreram no Brasil têm menos de 60 anos), e a imposição desse tipo de quarentena seria impossível".

Paranoia, Fanatismo e Ciúme

O texto da revista inglesa salienta os medos, beligerâncias  e inseguranças do presidente da República diante da atitude acertada dos governadores de cada unidade da federação.

"Os governadores dos estados mais importantes do Brasil foram adiante e impuseram bloqueios usando seus próprios poderes. Bolsonaro incentivou os brasileiros a ignorá-los".  Para a revista, ele é  um homem paranoico, pois sempre "teme a traição e tem uma necessidade perpétua de provocar".  

Ao falar sobre a manifestação convocada por Jair Messias Bolsonaro a seus seguidores em 15 de março, a revista faz blague com  sua "campanha religiosa".   "Na manifestação contra o Congresso em 15 de março,  ele lançou uma campanha pedindo que as empresas voltassem à atividade  e pediu um 'jejum e serviços  religiosos' nas igrejas em 5 de abril".

"Ele pensou em decretar, ilegalmente, o fim dos bloqueios", prossegue a reportagem. Bolsonaro por quase  duas vezes "chegou perto de demitir seu próprio ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, um médico conservador que se opôs publicamente ao chamado do presidente para diminuir as restrições.

Para a revista, "Bolsonaro está aparentemente com ciúmes do crescente perfil de um ministro que ele acusa 'carece de humildade', ao invés de apoiá-lo". 

"Foi longe demais": insanidade  

A revista acusa que Jair Bolsonaro "foi longe demais". E argumenta:   "mesmo para seus próprios padrões, a violação de Bolsonaro ao seu dever principal de proteger vidas foi longe demais. Grande parte do governo o trata como um parente difícil que mostra sinais de insanidade. 

Na sequencia relata: "os principais ministros, incluindo o grupo de generais no gabinete, bem como os presidentes das duas casas do Congresso [Câmara e Senado], deram, às vezes, apoio  ostensivo a Mandetta, que tem a opinião pública a seu lado".  

"Os pedidos pela renúncia  de Bolsonaro aumentaram. Eles vieram não apenas da esquerda, mas também de alguns de seus ex-apoiadores", enfatiza o artigo.  E cita ainda a deputada estadual paulista Janaína Paschoal,  a quem "Bolsonaro chegou a cogitr como sua  companheira de chapa [vice]". A reportagem lembra que Janaína Paschoal   o acusou de praticar  "um crime contra a saúde pública, e que   não temos tempo para o impeachment".

Impeachment impraticável 

The Economist avalia que embora haja "pouca dúvida de que a conduta do presidente mereça constitucionalmente um impeachment, um destino que aconteceu com dois de seus antecessores, Fernando Collor em 1992 e Dilma Rousseff em 2016",  Bolsonaro, apesar de tudo, ainda  tem seus seguidores.
"Seu índice de aprovação despencou em cerca de 10% mas  ele mantém o apoio de um terço dos eleitores". Além disso, "poucos em Brasília acreditam que o país quer ou pode arcar com o desgaste de um impeachment enquanto está cercado pela Covid-19".

Desinformação e impacto econômico

A reportagem de The Economist avalia Bolsonaro talvez ainda resista enquanto houver desinformação, sublinhando que existem brasileiros ainda desinformados quanto ao búmero de doentes e mortos pela Covid-19.   

"Bolsonaro é apoiado por um pequeno círculo de fanáticos ideológicos que incluem seus três filhos,  e pela fé de muitos protestantes evangélicos e pela falta de informações sobre a Covid-19 entre alguns brasileiros. Mas os  dois últimos fatores podem mudar à medida que o vírus atingir  seu sulco fatal nos próximos meses". 

O artigo finaliza com sarcasmo: caso a imprudência com a vida dos brasileiros seja levado a extremos, "o presidente pode não ser capaz de se colocar em quarentena de culpa pelo impacto econômico".  


Podcast: panelaços

Ainda no dia 7 de abril, The Economist em seu podcast The Intelligence — afirmava que o presidente Jair Bolsonaro "ainda desdenhava da doença, tratando-a como “apenas um resfriado”, destacava sua fala "precisamos voltar à normalidade".


POPULAÇÃO BRASILEIRA 
REAGE COM FREQUENTE
COM PANELAÇOS 

O podcast apontou que mesmo sendo Bolsonaro era um seguidor de do presidente Donald Trump, o norte-americano já havia mudado de ideia. Mas Bolsonaro não.

A articulista do podcast apontou que "eram os governantes  estaduais e municipais,  e também os líderes das vastas favelas do país, que  assumiram o assunto por conta própria e com sua autoridade.

Também destacou, e colocou no ar, os sucessivos "panelaços" feitos nas principais capitais do País.

Sucessivas reportagens 

The Economist vem fazendo sucessivas matérias contra Jair Messias Bolsonaro desde que o primeiro caso oficial de coronavírus foi anunciado no Brasil, em fevereiro de 2020.  
A 10 de março e na última semana do mês, a revista já havia criticado Bolsonaro pelo tratamento dado à pandemia. O texto em questão acusava o presidente da República de ser "complacente" com o vírus e agir como "um dos vetores da Covid-19" E no título, uma fina ironia: Outros líderes compreendem a gravidade da doença. Bolsonaro ainda não chegou lá
No dia 26 de março, chamou o presidente de BolsoNero e o acusou de ser irresponsável e "brincar com uma pandemia". 
No ano passado, acusou o presidente de ter abandonado sua "cruzada anticorrupção", sem contar   grandes matéria das queimadas na Amazônia, para as quais Bolsonaro  "dava de ombros", quer dizer, desprezava. 
Lembrando que, embora muito conservadora, The Economist em sua edição de 20 de setembro de 2018, antes das eleições, afirmava que Bolsonaro seria "um desastre para o Brasil e uma ameaça para a América Latina". 
A reportagem de hoje apareceu na editoria de "Américas" da edição impressa, sob o título "Um presidente que está se isolando" e o subtítulo: "O tratamento imprudente do presidente brasileiro pela Covid-19 voltará para assombrá-lo". 
Com informações de The Economist







O dia em que Bill Gates, defensor da ciência, previu a pandemia, em 2015

Bolsonaro afirma a pastores que a pandemia 'não é isso tudo que estão pintando'

'Internet Segura' adverte para onda de golpes na quarentena

Cidade de Nova York improvisa necrotério fora de hospital

Psicóloga diz como é possível manter o equilíbrio emocional em tempo de pandemia

13 teorias da conspiração sobre o coronavírus. Ou: a bolsa ou a vida?

Microbiologista critica a negação à ciência e alerta que o Covid-19 mudou o mundo








Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Ateu usa coador de macarrão como chapéu 'religioso' em foto oficial

Fundamentalismo de Feliciano é ‘opinião pessoal’, diz jornalista

Sheherazade não disse quais seriam as 'opiniões não pessoais' do deputado Rachel Sheherazade (foto), apresentadora do telejornal SBT Brasil, destacou na quarta-feira (20) que as afirmações de Marco Feliciano tidas como homofóbicas e racistas são apenas “opiniões pessoais”, o que pareceu ser, da parte da jornalista,  uma tentativa de atenuar o fundamentalismo cristão do pastor e deputado. Ficou subentendido, no comentário, que Feliciano tem também “opiniões não pessoais”, e seriam essas, e não aquelas, que valem quando o deputado preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara. Se assim for, Sheherazade deveria ter citado algumas das opiniões “não pessoais” do pastor-deputado, porque ninguém as conhece e seria interessante saber o que esse “outro” Feliciano pensa, por exemplo, do casamento gay. Em referência às críticas que Feliciano vem recebendo, ela disse que “não se pode confundir o pastor com o parlamentar”. A jornalista deveria mandar esse recado...

PMs de Cristo combatem violência com oração e jejum

Violência se agrava em SP, e os PMs evangélicos oram Houve um recrudescimento da violência na Grande São Paulo. Os homicídios cresceram e em menos de 24 horas, de anteontem para ontem, ocorreram pelo menos 20 assassinatos (incluindo o de policiais), o triplo da média diária de seis mortes por violência. Um grupo de PMs acredita que pode ajudar a combater a violência pedindo a intercessão divina. A Associação dos Policiais Militares Evangélicos do Estado de São Paulo, que é mais conhecida como PMs de Cristo, iniciou no dia 25 de outubro uma campanha de “52 dias de oração e jejum pela polícia e pela paz na cidade”, conforme diz o site da entidade. “Essa é a nossa nobre e divina missão. Vamos avante!” Um representante do comando da corporação participou do lançamento da campanha. Com o objetivo de dar assistência espiritual aos policiais, a associação PMs de Cristo foi fundada em 1992 sob a inspiração de Neemias, o personagem bíblico que teria sido o responsável por uma mobili...

Wyllys vai processar Feliciano por difamação em vídeo

Wyllys afirmou que pastor faz 'campanha nojenta' contra ele O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), na foto, vai dar entrada na Justiça a uma representação criminal contra o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) por causa de um vídeo com ataques aos defensores dos homossexuais.  O vídeo “Marco Feliciano Renuncia” de oito minutos (ver abaixo) foi postado na segunda-feira (18) por um assessor de Feliciano e rapidamente se espalhou pela rede social por dar a entender que o deputado tinha saído da presidência da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias, da Câmara. Mas a “renúncia” do pastor, no caso, diz o vídeo em referência aos protestos contra o deputado, é à “privacidade” e às “noites de paz e sono tranquilo”, para cuidar dos direitos humanos. O vídeo termina com o pastor com cara de choro, colocando-se como vítima. Feliciano admitiu que o responsável pelo vídeo é um assessor seu, mas acrescentou que desconhecia o conteúdo. Wyllys afirmou que o vídeo faz parte de uma...

Embrião tem alma, dizem antiabortistas. Mas existe alma?

por Hélio Schwartsman para Folha  Se a alma existe, ela se instala  logo após a fecundação? Depois do festival de hipocrisia que foi a última campanha presidencial, com os principais candidatos se esforçando para posar de coroinhas, é quase um bálsamo ver uma autoridade pública assumindo claramente posição pró-aborto, como o fez a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci. E, como ela própria defende que a questão seja debatida, dou hoje minha modesta contribuição. O argumento central dos antiabortistas é o de que a vida tem início na concepção e deve desde então ser protegida. Para essa posição tornar-se coerente, é necessário introduzir um dogma de fé: o homem é composto de corpo e alma. E a Igreja Católica inclina-se a afirmar que esta é instilada no novo ser no momento da concepção. Sem isso, a vida humana não seria diferente da de um animal e o instante da fusão dos gametas não teria nada de especial. O problema é que ninguém jamais demonstrou que ...

Defensores do Estado laico são ‘intolerantes’, diz apresentadora

Evangélico quebrou centro espírita para desafiar o diabo

"Peguei aquelas imagens e comei a quebrar" O evangélico Afonso Henrique Alves , 25, da Igreja Geração Jesus Cristo, postou vídeo [ver abaixo] no Youtube no qual diz que depredou um centro espírita em junho do ano passado para desafiar o diabo. “Eu peguei todas aquelas imagens e comecei a quebrar...” [foto acima] Na sexta (19), ele foi preso por intolerância religiosa e por apologia do ódio. “Ele é um criminoso que usa a internet para obter discípulos”, disse a delegada Helen Sardenberg, depois de prendê-lo ao término de um culto no Morro do Pinto, na Zona Portuária do Rio. Também foi preso o pastor Tupirani da Hora Lores, 43. Foi a primeira prisão no país por causa de intolerância religiosa, segundo a delegada. Como 'discípulo da verdade', Alves afirma no vídeo coisas como: centro espírito é lugar de invocação do diabo, todo pai de santo é homossexual, a imprensa e a polícia estão a serviço do demônio, na Rede Globo existe um monte de macumbeiros, etc. A...

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Apoio de âncora a Feliciano constrange jornalistas do SBT

Opiniões da jornalista são rejeitadas pelos seus colegas O apoio velado que a âncora Rachel Sheherazade (foto) manifestou ao pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP)  deixou jornalistas e funcionários do "SBT Brasil" constrangidos. O clima na redação do telejornal é de “indignação”, segundo a Folha de S.Paulo. Na semana passada, Sheherazade minimizou a importância das afirmações tidas como homofóbicas e racistas de Feliciano, embora ele seja o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, dizendo tratar-se apenas de “opinião pessoal”. A Folha informou que os funcionários do telejornal estariam elaborando um abaixo assinado intitulado “Rachel não nos representa” para ser encaminhado à direção da emissora. Marcelo Parada, diretor de jornalismo do SBT, afirmou não saber nada sobre o abaixo assinado e acrescentou que os âncoras têm liberdade para manifestar sua opinião. Apesar da rejeição de seus colegas, Sheherazade se sente segura no cargo porque ela cont...