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Entidade orienta como reagir ao assédio de predadores da religião

Rede de Sobreviventes de Abusados por Padre, ong norte-americana, alerta sobre as principais estratégias dos abusadores


O caso João de Deus soma-se a tantos outros de líderes religiosos que abusam sexualmente de fiéis, principalmente de crianças.

Padres, pastores, clérigos muçulmanos, espíritas, budistas, sacerdotes das Testemunhas de Jeová e líderes de seitas se aproveitam de sua condição de poder de intermediário com o divino para, como lobos selvagens, atacar os alvos mais fragilizados.

Abusadores acostumam
isolar as vítimas e
submetê-las ao medo

E quando esses lobos se aproximam de mansinho, a maioria das vítimas não suspeita que esteja prestes a sofrer atrocidades.

A associação americana Snap (Survivors Network of Those Abused by Priests), Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres, em português, listou algumas orientações que pode servir de alerta de que algum predador sexual religioso esteja em ação.

O que torna um adulto vulnerável ao abuso sexual


Desejo de pertencimento, de conexão e de um mestre espiritual.

A cultura da submissão, especialmente para mulheres.

Circunstâncias da vida, como uma perda, um período de transição.
A crença da vítima de que ela / ele é mau ou um pecador.

Estratégias comuns de abusadores


Isolam e atraem a vítima: criam oportunidades para estarem sozinhos com as vítimas, fazem com que se especializem com elogios e reconhecimento, discutem assuntos conjugados, criticam amigos e familiares.

Aproximação: elogiam de forma sedutora, tocam uma vítima de forma ritual, pedem que a mulher conte as relações entre parceiros, namoros e história sexual.

Valorizando a submissão: ensinando a violência e obediência, que é uma submissão à lei de Deus, afirma que é uma medida de pecado e uma rebelião.

Alimentam o medo: caso a vítima tente se defender ou assediar, abusar a ameaça com a divindade ou espiritual, com a expulsão da comunidade de fiéis, com a rejeição ao afastamento de familiares e amigos. Tê-lo-á a ser aplicado ou a pecaminosa e que será responsável pelo fim da carreira do líder religioso.

Incentivam o silêncio: Mostre o que é errado e pedem perdão, desencadear a violência e a culpa, denunciar a culpa e ser livre.

O que as vítimas devem fazer para lidar com uma situação


Reconhecimento à sua coragem: tequer coragem para admitir, até para o mesmo, que o abuso sexual ocorreu.

Não se sinta sozinha / o: vítimas não devem pensar que são únicas a sofrerem abuso, mas ter a consciência de que raramente o agressor molesta uma única pessoa e uma só vez.

Evite fazer uma denúncia contra a própria instituição onde ocorreu o abuso. 

Busque ajuda: converse com amigos ou familiares de confiança, procure ajuda profissional ou grupos de apoio de vítimas de abuso.

Direitos humanos: informe-se sobre leis, direitos e procedimentos em casos de abuso sexual.
 
Cada vítima é única: a experiência do abuso até pode ser semelhante, mas os efeitos e o processo de superação variam de pessoa para pessoa.

Não sinta culpa: não importa o que a vítima fez ou não fez para impedir o abuso, se pareceu bom ou ruim na hora, se o abusador comprou presentes, se a vítima gostava da companhia ou se foi alertada a ficar longe do abusador. A responsabilidade pelo ato, criminoso, é apenas do abusador.

O que pode ajudar a sentir-se melhor


— Cuidar da saúde física e mental: muitas vítimas desenvolvem vícios, problemas de saúde ou psicológicos, como uso excessivo de álcool e drogas, distúrbios alimentares e do sono, dificuldade de se relacionar e ter intimidade com parceiros, problemas digestivos, depressão, entre outros. Caso a pessoa tenha qualquer um desses problemas, é recomendável buscar ajuda médica e de terapeutas. Alguns mecanismos podem ter ajudado a pessoa a suportar o trauma do abuso na época, mas não são saudáveis. Cuidar desses problemas ajuda a pessoa a enfrentar e se liberar dos efeitos do abuso.

Mantenha as pessoas próximas cientes: É importante que parceiros, amigos e pessoas próximas saibam o que a vítima está passando, para que possam apoiar e compreender melhor o desgaste e a gangorra emocional. 

Reserve tempo para “sentir a dor”: Separe momentos após sessões com terapeutas, grupos de apoio ou ao longo do dia para digerir as emoções, que podem surgir a qualquer momento. Ao mesmo tempo, não é recomendado parar totalmente os hábitos diários. “A vida não pode parar enquanto nos curamos do abuso”, afirma a organização.

Faça exercícios: fazer qualquer coisa para movimentar o corpo, como andar de bicicleta ou caminhar, ajuda a manter o bem-estar, além de ser uma boa válvula de escape para a raiva, culpa e vergonha.

Descanse: lidar com as consequências do abuso pode ser exaustivo. Tire tempo para descansar e não se sinta culpado por isso.

- Crie oportunidades para rir e relaxar: Muitas vítimas percebem que, durante o processo de denúncia ou enfrentamento do abuso, pararam de rir ou de achar coisas engraçadas. Para muitos, ver filmes de comédia, por exemplo, ou criar o espaço necessário para o riso ajudava a se distrair com assuntos leves e descarregar emoções. Também pode ajudar fazer atividades relaxantes, como tomar um chá, um longo banho ou uma massagem.

Estabeleça limites: pode ser útil para a vítima colocar limites sobre como e quando vai falar sobre o abuso sofrido, se só vai relatar para pessoas íntimas ou por no máximo meia hora de cada vez, por exemplo. Isso ajuda a evitar que a vítima compartilhe mais do que deseja ou ignore suas necessidades. Estabelecer limites e respeitá-los também pode dar uma sensação positiva de controle da própria vida. Durante o abuso, muitas vítimas se sentem impotentes, então retomar esse poder pode ser parte do processo de superação.

- Faça algo artístico ou escreva um diário: desenhar ou escrever, por exemplo, podem ajudar a liberar emoções represadas e ser um primeiro passo para romper o sigilo sobre o abuso.

Vai melhorar: pode demorar anos para lidar com as consequências do abuso, mas, aos poucos, a vítima tende a se sentir melhor.

Com informação da Survivors Network of Those Abused by Priests.

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