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João de Deus 'usa velhos truques', afirma James Randi

por Ligia Hougland | Portal Terra   Durante muito tempo ele encantou plateias com truques de mágica. Nos últimos anos, porém, o ilusionista aposentado James Randi (foto) tem outro trabalho. Sua atual missão de vida é desmascarar pessoas que afirmam ter poderes paranormais ou sobrenaturais.

O Incrível Randi, como o americano-canadense de 84 anos também é conhecido, é cético e bem prático. Oferece US$ 1 milhão para quem provar que possui de fato algum poder. Jamais alguém conseguiu levar o prêmio.

Desde que começou a oferecer o dinheiro, Randi já bateu no ego de gente famosa, como no do suposto paranormal israelense Uri Geller. No Brasil, Thomaz Green Morton, que teve até quadro em um programa de televisão, topou o desafio depois de muita relutância. Chegou a dizer que quebraria um ovo e, com energização, faria um pinto surgir da gema exposta. Algum tempo depois, porém, voltou atrás. Acabou esquecido pelo público.

Randi segue sua saga. Enquanto não encontra alguém que prove ter de fato poderes, atira em diferentes alvos, como na direção da apresentadora Oprah Winfrey (pelo espaço que dá a casos que considera charlatanice) e na do médium brasileiro João de Deus, a quem acusa de usar "velhos truques". "Sempre existirão trouxas que acreditam", dispara.

"Conheço pessoas
muito instruídas que
creem nessas bobagens"


Randi concedeu a seguinte entrevista ao Terra.

Por que o senhor decidiu dedicar a vida a expor as pessoas que dizem ter poderes supernaturais?

Esses charlatões custam às pessoas milhões de dólares todos os anos, roubando a segurança emocional, desapontando, enganando e mentindo para quem acredita neles. É uma coisa horrível. Sei que essas pessoas que dizem ter poderes supernaturais não têm poder nenhum e desmascará-las é a coisa certa a fazer.

Esse tipo de ilusão não pode ajudar as pessoas em determinadas circunstâncias?

O problema é que esses charlatões dão falsas esperanças e sempre cobram por isso. No mundo inteiro pessoas gastam fortunas com isso, inclusive no Brasil, e não recebem nada em troca. Há esse tipo de situação no mundo inteiro e, geralmente, envolve pessoas sem instrução. Mas conheço também pessoas muito instruídas que acreditam nessas bobagens.

E pessoas que perderam um filho jovem, por exemplo. Não seria aceitável se valer de médiuns ou acreditar em espiritismo como uma maneira de lidar com uma dor que, de outra forma, seria insuportável?

Isso oferece um conforto temporário, mas, assim que as pessoas param para pensar, o dinheiro delas já desapareceu e elas não ficam com nada em troca. A mensagem é sempre a mesma: "Seu filho ama você e está muito feliz, mas era a hora dele ir". Essas pessoas extremamente ingênuas não sabem que estão sendo exploradas. A melhor maneira de lidar com a dor é se olhar no espelho e dizer para si mesmo "meu filho não está mais aqui, isso é tristíssimo, mas ainda estou vivo e tenho de continuar a viver. Vai ser muito mais difícil, mas farei isso". Tragédias acontecem com milhares de pessoas diariamente, a cada segundo, no mundo inteiro. As vítimas precisam decidir que vão sobreviver, apesar de que será preciso mudar a direção da vida delas. O dinheiro das pessoas afetadas por uma tragédia pode ser melhor gasto buscando um bom aconselhamento, como o de um psicólogo, por exemplo.

O senhor tem um método padrão de desmascarar charlatões?

Não, pois o modo dos charlatões operarem varia. Quando as pessoas me procuram e pedem aconselhamento, eu examino o que elas me apresentam e as aconselho, explicando como elas estão sendo enganadas. Conheço todos os truques que existem, pois fui mágico profissional por muito tempo. Mas a maioria das pessoas não é suficientemente inteligente nem instruída para ser capaz de entender como estão sendo enganadas.

O que o senhor acha do médium brasileiro João de Deus?

Ataquei João de Deus em um programa de televisão dos Estados Unidos e ofereci provas das farsas que ele estava cometendo, como enfiar coisas no nariz e outras coisas horríveis. Tudo que ele faz não passa de velhos truques usados em carnavais há mais de cem anos. São truques que qualquer pessoa pode aprender. Só não é algo agradável de fazer.

É possível que alguns seres humanos tenham realmente poderes paranormais?

Sim, assim como é possível que em algum lugar do mundo possa haver um unicórnio. Se alguém me mostrar um unicórnio, acreditarei que eles existem. Mas não existe prova alguma de que há unicórnios nem pessoas com poderes paranormais. Já vivi muito e conheço quase todos os países do mundo. Sei como todos os tipos de charlatões operam e nada me impressiona. A minha fundação oferece um prêmio de US$ 1 milhão para quem provar que tem esses poderes, mas não vejo nenhum desses charlatões reclamando o prêmio.

Recentemente, o Terra entrevistou a autora Candy Gunther Brown, que alega que a prece tem o poder de curar. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Tenho certeza de que essa pessoa consegue vender muitos livros. Basta essa autora apresentar provas de que a prece realmente cura que eu entrego US$ 1 milhão para ela. Mas ela nunca me contatou.

Muitas pessoas dizem já ter visto fantasmas ou sentido a presença de algum tipo de energia de alguém que já morreu, especialmente no Brasil, onde o espiritismo é bastante popular. Isso é possível?

Tudo é possível, mas não existe prova de nada disso. As pessoas que alegam ter sentido ou visto um fantasma estão mentindo, são loucas, ou viram algo que não entenderam e aí resolvem inventar uma história. Às vezes, as pessoas me contam histórias de que viram um fantasma e, anos mais tarde, quando me recontam a experiência, a história é outra. Histórias desse tipo estão sempre mudando, pois não passam do fruto da imaginação de quem as conta. Com o passar do tempo, as pessoas vão inventando mais e mais detalhes. Isso é muito comum.

E o que o senhor pensa sobre histórias ligadas a mitos religiosos?

As pessoas são iludidas. Elas ouvem as histórias que os agentes religiosos contam de que quando morrerem vai ser tudo maravilhoso, vão se reunir com as pessoas que amam, não terão contas a pagar, e querem acreditar nisso tudo. E os agentes religiosos cobram por essas histórias, exigindo uma contribuição para a religião deles. As pessoas acreditam nisso porque ouvem essas histórias desde a infância.

"Não não acredito em
divindades porque não há
provas de que existem"


O senhor pratica alguma religião?

Sou ateu. Não acredito em uma divindade porque não vejo nenhuma prova de que exista uma divindade. É só pensar nas milhões de vítimas do holocausto que rezavam todos os dias pedindo para viver e morreram nas câmaras de gás. Além disso, Deus é ditador, invejoso e exige que as pessoas o adorem a cada minuto do dia e da noite. Que tipo de Deus é esse? Eu não quero esse tipo de Deus.

Recentemente, o governo americano divulgou um comunicado informando à população de que zumbis não existem. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

É algo muito bobo que foi feito porque existem pessoas muito bobas que ficam perguntando ao governo se histórias de zumbi são verdadeiras. O governo não deveria divulgar um comunicado desses, mas deveria fazer as pessoas lerem enciclopédias. Fico envergonhado pelo fato de que nos Estados Unidos existam pessoas que têm perguntas idiotas como essas. Outra bobagem é as pessoas acreditarem no que Oprah Winphrey diz. Eu duvido de tudo que ela diz. Se ela me disser que dois mais dois é igual a quatro eu examinarei isso com muito cuidado. Oprah tem uma cabeça de vento e não é muito inteligente, mas conquistou muito.

O senhor acha que as pessoas um dia deixarão de acreditar no supernatural, em criaturas míticas e superstições?

Já pensei em ser congelado depois de morto e retornar em cem anos para ver como as coisas estão. Mas não acho que isso seja uma boa ideia, pois pode estar ainda pior do que hoje. Melhor só morrer e desaparecer.

Por que motivo o senhor acha que algumas pessoas têm necessidade de acreditar no supernatural?

As pessoas querem magia. As crianças ouvem que são lindas, podem tudo, vão casar e ter um futuro perfeito. Mas quando viram adultos, veem a realidade ao redor delas e se dão conta de que não é tudo um conto de fadas. E sempre tem alguém, tipo um médium, que aparece prometendo uma mágica para elas, algo que vai tornar tudo melhor e, as pessoas pagam por isso. Sempre existirão trouxas que acreditam nisso.

Procurado através de sua assessoria de comunicação, o médium brasileiro João de Deus não se manifestou até o fechamento desta matéria.

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