Conversões crescem em pequenas cidades do Nordeste, impulsionadas por laços familiares e cursos online sobre o judaísmo.
No Recife, a Synagoga Israelita, fundada em 1926 por imigrantes do Leste Europeu, hoje é frequentada quase só por bnei anussim, descendentes de judeus forçados à conversão durante a Inquisição.
O fenômeno coincide com o aumento de igrejas evangélicas que apoiam Israel e com o interesse por testes genéticos que revelam origens judaicas.
Também cresceu o número de cursos virtuais sobre judaísmo e sobre o papel dos cristãos-novos na história do Brasil.
Em Messejana, periferia de Fortaleza, uma antiga igreja evangélica virou a sinagoga Beitel. O templo, com estrelas de Davi na fachada, foi fundado em 2014.
O cantor litúrgico Flávio Santos, negro e ex-evangélico, lidera a comunidade. Ele conta que o grupo estudou o Antigo Testamento, passou pelo judaísmo messiânico e, em 2018, adotou o judaísmo ortodoxo.
Flávio acredita ter raízes judaicas. Descobriu sinais nas práticas da avó alagoana, como banhos na sexta à tarde e o hábito de não apontar para estrelas. Para ele, essas tradições guardavam vestígios do shabat e do medo da Inquisição.
Hoje, a sinagoga Beitel tem 45 membros convertidos. As orações seguem a orientação de um rabino em Israel.
O retorno ao judaísmo no Nordeste começou nos anos 1960, com católicos que buscavam reconectar-se à fé dos antepassados.
Os primeiros eram chamados de "marranos", termo pejorativo herdado da Inquisição. O movimento atual difere por reunir ex-evangélicos e criar comunidades autônomas.
Pesquisas apontam que o fenômeno se espalha. Em 2021, o Samuel Neamen Institute, de Israel, estimou 30 mil conversões no Brasil entre os bnei anussim.
Há ainda cerca de 4 milhões de brasileiros com origem judaica que nunca se converteram.
A Confederação Israelita do Brasil calcula 120 mil judeus no país. Especialistas acreditam que o número de convertidos já ultrapassa as estatísticas oficiais.
O escritor pernambucano Jacques Ribemboim estima que só o Nordeste possa ter dezenas de milhões de descendentes de judeus ibéricos.
"Há uma vontade crescente de retomar a prática judaica", diz Ribemboim.
Em Campina Grande, na Paraíba, o historiador Aldrey Ribeiro lidera a sinagoga Branca Dias, fundada por convertidos.
O nome homenageia uma mulher condenada pela Inquisição no século 16 por manter práticas judaicas em segredo.
Aldrey afirma que seu grupo é diverso. Metade é de esquerda, metade de direita. Ele defende que palestinos também tenham um Estado, posição incomum entre judeus israelenses.
Para o historiador, os bnei anussim são herdeiros da "era de ouro do judaísmo", quando judeus, cristãos e muçulmanos conviviam na Península Ibérica.
"Sabemos dialogar com as diferenças", diz ele.
O documentário “Os novos judeus do Nordeste: a tribo perdida do sertão”, da BBC News Brasil, mostra essa transformação. A equipe percorreu mais de mil quilômetros em quatro estados para registrar o movimento.
Nos últimos anos, surgiram comunidades judaicas compostas quase só por convertidos. Muitos são ex-evangélicos.
No Recife, a Synagoga Israelita, fundada em 1926 por imigrantes do Leste Europeu, hoje é frequentada quase só por bnei anussim, descendentes de judeus forçados à conversão durante a Inquisição.
O fenômeno coincide com o aumento de igrejas evangélicas que apoiam Israel e com o interesse por testes genéticos que revelam origens judaicas.
Também cresceu o número de cursos virtuais sobre judaísmo e sobre o papel dos cristãos-novos na história do Brasil.
Em Messejana, periferia de Fortaleza, uma antiga igreja evangélica virou a sinagoga Beitel. O templo, com estrelas de Davi na fachada, foi fundado em 2014.
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O cantor litúrgico Flávio Santos, negro e ex-evangélico, lidera a comunidade. Ele conta que o grupo estudou o Antigo Testamento, passou pelo judaísmo messiânico e, em 2018, adotou o judaísmo ortodoxo.
Flávio acredita ter raízes judaicas. Descobriu sinais nas práticas da avó alagoana, como banhos na sexta à tarde e o hábito de não apontar para estrelas. Para ele, essas tradições guardavam vestígios do shabat e do medo da Inquisição.
Hoje, a sinagoga Beitel tem 45 membros convertidos. As orações seguem a orientação de um rabino em Israel.
O retorno ao judaísmo no Nordeste começou nos anos 1960, com católicos que buscavam reconectar-se à fé dos antepassados.
Os primeiros eram chamados de "marranos", termo pejorativo herdado da Inquisição. O movimento atual difere por reunir ex-evangélicos e criar comunidades autônomas.
Pesquisas apontam que o fenômeno se espalha. Em 2021, o Samuel Neamen Institute, de Israel, estimou 30 mil conversões no Brasil entre os bnei anussim.
Há ainda cerca de 4 milhões de brasileiros com origem judaica que nunca se converteram.
A Confederação Israelita do Brasil calcula 120 mil judeus no país. Especialistas acreditam que o número de convertidos já ultrapassa as estatísticas oficiais.
O escritor pernambucano Jacques Ribemboim estima que só o Nordeste possa ter dezenas de milhões de descendentes de judeus ibéricos.
"Há uma vontade crescente de retomar a prática judaica", diz Ribemboim.
Em Campina Grande, na Paraíba, o historiador Aldrey Ribeiro lidera a sinagoga Branca Dias, fundada por convertidos.
O nome homenageia uma mulher condenada pela Inquisição no século 16 por manter práticas judaicas em segredo.
Aldrey afirma que seu grupo é diverso. Metade é de esquerda, metade de direita. Ele defende que palestinos também tenham um Estado, posição incomum entre judeus israelenses.
Para o historiador, os bnei anussim são herdeiros da "era de ouro do judaísmo", quando judeus, cristãos e muçulmanos conviviam na Península Ibérica.
"Sabemos dialogar com as diferenças", diz ele.
O documentário “Os novos judeus do Nordeste: a tribo perdida do sertão”, da BBC News Brasil, mostra essa transformação. A equipe percorreu mais de mil quilômetros em quatro estados para registrar o movimento.

Comentários
O Cristianismo cresceu de forma agressiva com os movimentos neopentecostais nas últimas décadas, mas ao fazê-lo causou consideráveis e necessários questionamentos e desorientação, à medida que a relutância em perceber as evidentes e graves falhas de muitas das suas lideranças começou a diminuir.
Um dos resultados é o fenômeno dos "desigrejados". Mas é psicologicamente árduo se apresentar como tal; nada mais natural do que a busca por alternativas um pouco menos suspeitas do que as igrejas do Mandato dos Sete Montes.
Suspeito que muita gente cansou de se sentir refém dos espasmos verbais e pseudo-morais deste ou daquele pastor interesseiro. Na falta de estrutura social para considerar seriamente, digamos, o shamanismo ou o Hinduísmo, o Judaísmo acaba sendo uma opção natural. Ajuda que nele há tanta ênfase em solidariedade interna genuína.
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