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Estudo descobre cérebro preservado em peixes fósseis brasileiros de 290 milhões de anos

Pesquisa foi feita como oito espécimes de crânios de fósseis do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado, em Santa Catarina

Uma pesquisa inédita da paleontologia realizada por um cientista brasileiro atuando na Universidade de Michigan descobriu espécies de peixes no sul do Brasil com alto grau de preservação do cérebro. 
A descoberta, descrita em artigo científico publicado na terça (11), na revista científica “Current Biology”, fornece informações sobre a evolução do cérebro de peixes que viveram há mais de 290 milhões de anos.

Além de porções da massa encefálica dos fósseis, o estudo encontrou outros tecidos moles — como fragmentos do coração e dos olhos, meninges e filamentos das brânquias — uma raridade na Paleontologia, devido à escassez do registro fossilífero.

O pesquisador Rodrigo Tinoco Figueroa escaneou oito espécimes de crânios de fósseis de peixes com nadadeiras raiadas trazidas para Michigan de Santa Catarina, por empréstimo do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado, em Mafra (SC), e encontrou algum grau de fossilização de tecido mole em todas. 

FOTO: ARQUIVO PESQUISADORES

O cérebro estava
preservado em detalhe,
mostrando morfologia
semelhante à de
Coccocephalus,
encontrado em
pesquisas anteriores.

“Fósseis como esses são a única maneira de obtermos evidências diretas de elementos de tecidos moles do passado. Essas informações geralmente quebram nossas expectativas em relação às espécies viventes”, comenta Figueroa, sendo aluno de doutorado da Universidade de Michigan e faz o trabalho como parte de sua dissertação, sob a orientação do paleontólogo Matt Friedman do Departamento de Ciências da Terra e do Meio Ambiente.

Para o pesquisador, entre os espécimes, o batizado de CP 065 é o mais surpreendente. Ele representa a evidência mais antiga de um cérebro evertido, cuja estrutura é virada para baixo, e é o fóssil mais bem preservado visto por Figueroa.

“Imagine um fóssil de mais de 290 milhões de anos que preserva o cérebro e seus nervos cranianos, as delicadas meninges que sustentam o cérebro na caixa craniana, filamentos das brânquias, fragmentos de vasos sanguíneos, partes do coração e possivelmente músculos esqueléticos. Com certeza é um achado sem igual”.

A análise dos crânios dos fósseis por meio de tomografia computadorizada permitiu a Figueroa identificar duas espécies de peixes distintas, com morfologia cerebral diferente. 

“Considerando sua morfologia óssea, uma delas parecia estreitamente relacionada a fósseis mais jovens, mais próxima ao grupo que inclui todas as 35 mil espécies vivas de peixes com nadadeiras raiadas”.

Para o pesquisador, esses espécimes também preservam evidências detalhadas de tecidos meníngeos, ou seja, tecido membranoso que sustenta o cérebro na cabeça, além de olhos — incluindo lentes — esclera, músculos e tecido retiniano. 

“Embora no momento não sejam suficientes para fornecer uma imagem clara da evolução dessas estruturas, os fósseis são uma indicação de que essa preservação extensiva de tecidos moles é possível,” afirma Figueroa, que acredita que muitas outras descobertas sobre o tema podem surgir nos próximos anos.

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