Pular para o conteúdo principal

Plantas nativas são opções para recuperar o solo de mineração no Pará

Jureminha e lacre apresentaram bons resultados na reativação do solo degradado pelo minério de ferro


AGÊNCIA BORI

Empresas mineradoras têm o dever legal de realizar um trabalho de recuperação do solo, quando uma área é degradada pela exploração de minérios, como o ferro. 

Em Carajás, no Pará, uma equipe de cientistas do Instituto Tecnológico do Vale (ITV) e da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) avaliou quais seriam as espécies de plantas nativas persistentes nas áreas em recuperação e concluiu que as nativas conhecidas como jureminha (Mimosa acutistipula) e lacre (Vismia baccifera) são ótimas opções. 

Os resultados da pesquisa estão publicados em artigo da revista científica “Communication in Soil Science and Plant Analysis”.

Vismia baccífera ou lacre
se mostra viável para
regenerar terras da região
FOTO: FRANZ XAVER / WIKIMEDIA COMMONS

Os pesquisadores acompanharam o processo de reabilitação ambiental de uma área com solo estéril de mineração de ferro na Província Mineral de Carajás, no centro-leste do Pará. 

As propriedades químicas do solo foram avaliadas em três diferentes estágios de recuperação do solo com essas espécies: inicial, de até três anos, intermediário, de três a cinco anos, e avançado, de cinco a oito anos após a revegetação.

Na fase inicial do estudo, as amostras de solo coletadas apresentavam baixos teores de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e boro, nutrientes fundamentais para a boa qualidade do solo. 

Cinco a oito anos após o início da vegetação, o acúmulo de matéria orgânica foi maior, tornando o solo mais fértil. 

Além disso, os pesquisadores observaram que as espécies lacre e jureminha atuam de diferentes formas para tornar o solo melhor. A jureminha, por exemplo, se destacou por apresentar maior teor de nitrogênio nas folhas, o que indica que ela tem capacidade de fixar esse elemento do ar e contribuir com o ciclo de nutrientes para o solo.

O estudo mostra que as duas espécies cumprem três critérios usados para definir se uma planta é adequada para recuperação de solo: crescimento rápido, tolerância às condições ambientais e vasta produção de sementes.

Segundo os especialistas, o processo de fazer cobertura do solo degradado não é tão rápido, mas pode ser favorecido através do uso de espécies de plantas nativas, já que elas crescem bem devido a sua adaptação ao ambiente. 

“Elas têm ampla ocorrência nas áreas de recuperação, são nativas da região e concentram nutrientes importantes para a recuperação do solo, como o nitrogênio”, avalia Silvio Ramos, do ITV e autor do artigo. Com o uso delas, é possível recuperar as áreas impactadas, tornando-as verdes novamente.

O pesquisador aponta outra vantagem do uso de espécies nativas: o incentivo à economia local. As empresas responsáveis pela recuperação compram sementes destas espécies das cooperativas de catadores da região. 

“Essas pessoas coletam e processam sementes para serem vendidas para a Vale, que faz o uso na recuperação do solo, então tem essa contribuição social importante”, ressalta Ramos.

Os resultados deste estudo destacam a importância da utilização de espécies nativas adaptadas às condições ambientais locais nos processos de revegetação, principalmente em áreas estéreis, em decorrência da mineração de ferro com baixa fertilidade do solo.

Essas informações, somadas ao monitoramento contínuo, podem contribuir para o maior sucesso de programas de reabilitação em áreas degradadas e incentivar projetos com as comunidades locais.

• Pesquisa examina como a diversidade evolutiva da flora suporta condições extremas

• Mudanças climáticas ameaçam mais de 90% das comunidades de mamíferos da Caatinga

• Avaliação global revela que 40% dos anfíbios estão ameaçados de extinção

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Cápsulas de papelão com sementes podem auxiliar na restauração ecológica do Cerrado

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

'Conhecimento é a única arma contra a ignorância. Deixem a fé para os avós'

por Otávio Barcellos a propósito de Conhecimento científico é incompatível com fé e religião Quando eu era jovem, acreditar em Deus já era démodé. Coisa exclusiva de famílias ortodoxas, que geralmente davam gordas contribuições à Igreja em troca de bençãos particulares. Nós estudávamos em colégios católicos porque eram os melhores na época. Contudo, entre meus colegas poucos eram tão alienados a ponto de crer na incoerência absoluta das estórias bíblicas. E quase todos sabíamos que isso não não poderia vingar para sempre, tamanha a discrepância entre Ciência (que só avançava) e religião (que só retrocedia). Hoje, aos 71 anos de idade, vejo com surpresa que há jovens aqui mais alienados do que na minha época. No meu tempo nós tínhamos que ler grossos e complexos livros para compreender o mundo, hoje vocês só precisam dar alguns cliques. O conhecimento é a única arma contra a ignorância. Deixem a fé para seus avós. Ciência vai ganhar da religião, afirma Stephen Hawking. j

Pastor Silas Malafaia chama jornalista de 'vagabunda'

O jornal colocou a palavra "tramp" (vagabunda) entre aspas  para deixar claro que foi dita pelo pastor Eliane escreveu sobre intolerância religiosa O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chamou a jornalista e escritora Eliane Brum (foto) de “vagabunda” ao comentar o que artigo que ela escreveu para Época contando não ser fácil a vida de ateus em um Brasil cada vez mais marcado pela intolerância evangélica.  A afirmação foi feita em uma entrevista relatada pelo New York Times em uma reportagem sobre a liderança que Malafaia passou a exercer no Brasil, apesar dos destemperos verbais dele. Na entrevista, o pastor disse que “os ateus comunistas” da antiga União Soviética, do Camboja e Vietnã foram responsáveis por mais mortes do que todas as que ocorreram em consequência de “questões religiosas”. No Twitter, Eliane disse ter ficado “chocada” com a afirmação de Malafaia. O site de Malafaia comemorou a publicação da reportagem

Na última entrevista, Hitchens falou da relação Igreja-nazismo

Hitchens (direita) concedeu  a última entrevista de  sua vida a Dawkins da  New Statesman Em sua edição deste mês [dezembro de 2011], a revista britânica "New Statesman" traz a última entrevista do jornalista, escritor e crítico literário inglês Christopher Hitchens, morto no dia 15 [de dezembro de 2011] em decorrência de um câncer no esôfago.

Música gravada pelo papa Francisco tem acordes de rock progressivo. Ouça

Lenda do Caboclo D’Água deixa região de Mariana em pânico

Retrato falado do monstro Quando estava nadando nu em uma represa, o rapaz foi puxado para baixo por uma força misteriosa. Ao voltar à superfície, segundos depois, estava sem os testículos. Como ninguém  soube dizer que bicho tinha comido o escroto dele, a conclusão foi de que se tratou de mais um ataque do Caboclo D’Água. Histórias como essa têm deixado em pânico a população da região de Mariana, em Minas Gerais. Milton Brigolini Neme, 50, professor universitário, disse que o Caboclo D’Água é um velho conhecido de Mariana, mas nas histórias contadas pelos avós. Agora, o monstro faminto ronda os arredores da cidade, e pelo  menos 30 pessoas juram tê-lo visto. Ele seria o cruzamento de macaco, galinha e lagartixa. Dele, já foi feito um retrato falado, que corre de uma mão temerosa para outra. Até o professor universitário crê na possibilidade de que um bicho sobrenatural esteja  atacando pessoas e animais. Ele criou a Associação dos Caçadores de Assombração com o propós

Tecnofeudalismo: nos tornamos servos das grandes e tirânicas empresas de tecnologia

Textos bíblicos têm contradições, mas as teorias científicas também

por Demetrius dos Santos Silva , biblista, a propósito de Quem Deus criou primeiro, o homem ou os animais? A Bíblia se contradiz Por diversas vezes vejo pessoas afirmarem ideias sobre a Bíblia baseadas em seus preconceitos religiosos ou seculares. Todo preconceito é baseado em uma postura fanática onde o relativo é assumido como absoluto. Nesse sentido, qualquer ideia ou teoria deve-se enquadrar dentro da visão obtusa do fanático. É como uma pessoa que corta a paisagem para caber dentro de sua moldura. O quadro é assumido como se fosse a paisagem verdadeira e tudo o que está fora de seu quadro é desconsiderado. Quando o assunto é a Bíblia, muitas pessoas abandonam os critérios literários e assumem uma postura pseudocientífica que revela seus profundos preconceitos sobre as religiões e seus livros sagrados. A palavra Bíblia vem da língua grega “Biblos” e significa: livros. A Bíblia é uma biblioteca. Nela encontramos diversos gêneros literários: poesia, prosa, leis, oráculos pro