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Mosaicos de Aparecida são de padre acusado de abuso. A Igreja vai mantê-los?

A Companhia de Jesus expulsou o sacerdote Marko Rupnik contra o qual há dezenas de denúncias de mulheres


PAULO LOPES
jornalista

Se mantiver os mosaicos gigantescos de autoria do padre esloveno Marko Ivan Rupnik no Santuário Nacional de Aparecida, a Igreja Católica continuará dando prestígio a um artista que é acusado de ter abusado sexual e psicologicamente de mulheres (incluindo freiras) ao longo de 30 anos.

Aparentemente, a Igreja ainda não sabe o que fazer, porque se mantém em silêncio.

Há expectativa sobre a manifestação da igreja por causa do argumento de que, a rigor, o valor de uma obra é intrínseco, portanto independe do comportamento moral de seu autor. Picasso é citado com frequência como exemplo. O autor de Guernica foi perverso com mulheres.

No caso de Rupnik, vale o exemplo de Picasso e de outros artistas? A Igreja Católica, já abalada pela pedofilia, tem autoridade moral para dar sustentação aos mosaicos do padre?

O sacerdote é um "suposto" abusador de mulheres porque ele ainda não foi condenado formalmente, mas a Companhia de Jesus já o expulsou da ordem.

A decisão da ordem jesuíta pode servir de uma orientação à Igreja brasileira de que deverá se livrar logo dos mosaicos de Rupnik, sob pena de ser acusada de conveniência.

Encontra-se no Santuário de Aparecida o maior mosaico de Rupnik, na fachada norte da basílica. São mil metros quadrados e 50 m de altura com figuras bíblicas em pedras coloridas. Foi inaugurado em 2022 com a presença do artista.

Na fachada Sul da Basília há outro mosaico, com figuras dos apóstolos, que não foi inaugurada e talvez nunca o seja.

Considerada uma benção ao santuário de Aparecida, o maior polo brasileiro do turismo religioso, a obra Rupnik está virando uma maldição.  

Mosaico inspira-se
no livro Êxodo

> Com informação das agências e foto de divulgação.

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'Quando saí [do  convento], era como eu  tivesse renascido' Elizabeth Murad (foto), de Fort Pierce (EUA), lembra bem do dia em que saiu do convento há 41 anos. Sua sensação foi de alívio. Ela tocou as folhas de cada árvore pela qual passou. Ouviu os pássaros enquanto seus olhos azuis percorriam o céu, as flores e grama. Naquele dia, tudo lhe parecia mais belo. “Quando saí, era como se eu estivesse renascido”, contou. "Eu estava usando de novo os meus sentidos, querendo tocar em tudo e sentir o cheiro de tudo. Senti o vento soprando em meu cabelo pela primeira vez depois de um longo tempo." Ela ficou 13 anos em um convento franciscano de Nova Jersey. Hoje, aos 73 anos, Elizabeth é militante ateísta. É filiada a uma fundação que denuncia as violações da separação entre o Estado e Igreja. Ela tem lutado contra a intenção de organizações religiosas de serem beneficiadas com dinheiro público. Também participa do grupo Treasure Coast , de humanistas seculares.

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