Pular para o conteúdo principal

Piracicaba recorre ao STF contra veto à leitura da Bíblia na Câmara. E perde

Decisão fortalece a laicidade de Estado diante do proselitismo religioso em casas legislativas

O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou acolhimento ao Recurso Extraordinário da Câmara Municipal de Piracicaba (SP) contra a determinação unânime do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo de que, em respeito ao Estado laico, não haja leitura da Bíblia no início de sessões daquela casa legislativa.

A decisão de Lewandowski, relator do caso, foi uma das últimas antes de ele se aposentar.

Para o ministro, o recurso não atendeu ao "princípio da dialeticidade", ou seja, invocou como defesa a questão da exposição de símbolos religiosos em prédios públicos, o que não tem nada ver com leitura de trechos bíblicos por vereadores, no julgamento dele.

Local de reunião
dos vereadores: uma
câmara ou um templo?

A desqualificação do argumento da Câmara consta em sentença assinada pelo ministro em 10 de abril. 

"A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Piracicaba limitou-se a invocar a aplicação de tema de repercussão geral que não guarda especificidade com o caso dos autos e a desenvolver considerações genéricas sobre a matéria em exame, sem particularizar de que modo a questão ora discutida seria relevante."

"Dessa forma, a mera alegação de existência do requisito, desprovida de fundamentação adequada que demonstre seu efetivo preenchimento, não satisfaz a exigência prevista no prevista no art. 1.035, § 2°, do Código de Processo Civil/2015."

Eduardo Banks, ativista da laicidade do Estado, afirmou que Lewandowski impôs uma derrota não só à vocação teocrática de vereadores de Piracicaba, mas também ao Procurador Geral da República, o bolsonarista Augusto Aras, que se manifestou favorável ao seguimento do Recurso Extraordinário, portanto à leitura da Bíblia em casas legislativas.

Foi Banks quem encaminhou ao Ministério Público do Estado de São Paulo uma representação contra o artigo do regimento interno da Câmara de Piracicaba que tornava obrigatória a leitura da Bíblia. A iniciativa deu origem a uma proposta de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), levando a questão para a Justiça.

A decisão do Tribunal de Justiça teve como base o voto do desembargador Moacir Peres, relator do caso, para o qual "o poder público deve se manter neutro em relação às diferentes denominações e crenças religiosas".

Em 2012, na Câmara Municipal de Piracicaba registrou-se um episódio vexatório de desrespeito ao Estado laico e à cidadania.

João Manuel dos Santos (PTB), então presidente da Câmara, expulsou de uma sessão um cidadão que se recusou a ficar de pé durante leitura de um trecho da Bíblia, como se ali fosse um templo de uma seita fundamentalista.

> Com informação do STF e de outras fontes e foto de divulgação.

• Justiça decide que leitura bíblica em Câmara de Catanduva é inconstitucional

• Leitura da Bíblia em escolas de Campina Grande é inconstitucional


Comentários

CBTF disse…
Agora esse João Manuel dos Santos (PTB) que vá fazer suas palhaçadas em outro lugar, talvez na igreja do Pedir Maiscedo.
Nei Guimarães disse…
Isto é: Meus parabéns ao ministro.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Chico Buarque: 'Sou ateu, faz parte do meu tipo sanguíneo'

Cérebro dos ateus é diferente do de crentes? Estudos sugerem que sim

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Nos EUA, a violência extremista de direita é mais frequente e mortal que a de esquerda, mostram estudos

Na contramão de tendência europeia, mais da metade dos portugueses continua crente

Ateísmo faz parte há milênios de tradições asiáticas

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Caso Roger Abdelmassih

Violência contra a mulher Liminar concede transferência a Abelmassih para hospital penitenciário 23 de novembro de 2021  Justiça determina que o ex-médico Roger Abdelmassih retorne ao presídio 29 de julho de 2021 Justiça concede prisão domiciliar ao ex-médico condenado por 49 estupros   5 de maio de 2021 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico Abdelmassih 26 de fevereiro de 2021 Corte de Direitos Humanos vai julgar Brasil por omissão no caso de Abdelmassih 6 de janeiro de 2021 Detento ataca ex-médico Roger Abdelmassih em hospital penitenciário 21 de outubro de 2020 Tribunal determina que Abdelmassih volte a cumprir pena em prisão fechada 29 de agosto de 2020 Abdelmassih obtém prisão domicililar por causa do coronavírus 14 de abril de 2020 Vicente Abdelmassih entra na Justiça para penhorar bens de seu pai 20 de dezembro de 2019 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico estuprador 19 de novembro de 2019 Justiça cancela prisão domi...