Pular para o conteúdo principal

Constelação familiar é incompatível com a psicologia, afirma CFP

Conselho Federal de Psicologia afirma que o método de terapia não se enquadra na ética dos profissionais de psicologia e que pode causar graves danos aos pacientes

A constelação familiar é incompatível com a psicologia, portanto com o exercício da profissão, porque naturaliza o uso da violência contra as mulheres, incluindo atribuindo a elas a responsabilidade por serem vítimas.

É o que afirma em nota técnica o Conselho Federal de Psicologia, em uma decisão que demorou para ser tomada, facilitando, assim, nos últimos anos, a disseminação dessa pseudociência como se fosse um ramo da psicologia, sendo adotada inclusive pelo sistema jurídico e SUS.

A constelação familiar é apresentada por seus adeptos como terapia para resolver problemas de casais e famílias.

Criada pelo ex-padre alemão Berg Hellinger (1925 – 2019), a suposta terapia é abertamente machista e misógina.

No livro "Ordens do Amor", na página 52, Hellinger afirma que quando um pai estupra a filha a culpa é da mãe, por não saciar sexualmente o marido, causando um desequilíbrio no sistema familiar.

Em 2001, em uma entrevista no Japão, Hellinger disse que uma adolescente que tinha se matado recentemente não foi devido a um estupro, mas porque o abusador, seu pai, tinha sido denunciado à polícia. 

A constelação
familiar dá
justificativas
para violência
contra a mulher

No Brasil, a constelação familiar tem causado danos em mulheres que, quando têm de dramatizar a violência sofrida, passam por novo trauma.

Algumas sessões são transmitidas on-line, rompendo a confiabilidade que seria fundamental em exposições de problemas de família.

"A sessão de constelação familiar pode suscitar a abrupta emergência de estados de sofrimento ou desorganização psíquica, e que o método não abarca conhecimento técnico suficiente para o manejo desses estados — o que conflita com a previsão do Código de Ética Profissional do Psicólogo", diz a nota do conselho.



A nota elaborada por um grupo de trabalho instituído no âmbito da Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf), composto pelo CFP e por representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) das cinco regiões do país.

Ela destaca que a "constelação familiar viola ainda as diretrizes normativas sobre gênero e sexualidade consolidadas pelo Conselho Federal de Psicologia. Isso porque reproduz conceitos patologizantes das identidades de gênero, das orientações sexuais, das masculinidades e feminilidades que fogem ao padrão hegemônico imposto para as relações familiares e sociais — entre outras graves violações".

  "As bases teóricas da constelação familiar também consagram uma leitura acerca do lugar da infância e da juventude fortemente marcada por um viés afeito à naturalização da ausência de direitos e de assujeitamento frente aos genitores, desrespeitando normativas dos Sistema Conselhos de Psicologia e o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)."

O Conselho de Psicologia informou que entrará contato com o (CNJ) Conselho Nacional de Justiça, onde a questão já se encontra em debate, para expor os danos que a prática pode causar, não podendo, portando, ser recomendada pelo Poder Judiário. 

O assunto também será abordado com o Ministério da Saúde, responsável pelo SUS.

A nota foi divulgada dia 6, véspera do Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Ateísmo faz parte há milênios de tradições asiáticas

Chico Buarque: 'Sou ateu, faz parte do meu tipo sanguíneo'

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê...

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

Padre acusa ateus de defenderem com 'beligerância' a teoria da evolução

Roger tenta anular 1ª união para se casar com Larissa Sacco

Médico é acusado de ter estuprado pacientes Roger Abdelmassih (foto), 66, médico que está preso sob a acusação de ter estuprado 56 pacientes, solicitou à Justiça autorização  para comparecer ao Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de São Paulo de modo a apresentar pedido de anulação religiosa do seu primeiro casamento. Sônia, a sua segunda mulher, morreu de câncer em agosto de 2008. Antes dessa união de 40 anos, Abdelmassih já tinha sido casado no cartório e no religioso com mulher cujo nome ele nunca menciona. Esse casamento durou pouco. Agora, o médico quer anular o primeiro casamento  para que possa se casar na Igreja Católica com a sua noiva Larissa Maria Sacco (foto abaixo), procuradora afastada do Ministério Público Federal. Médico acusado de estupro vai se casar com procuradora de Justiça 28 de janeiro de 2010 Pelo Tribunal Eclesiástico, é possível anular um casamento, mas a tramitação do processo leva anos. A juíza Kenarik Boujikian Fel...

Médico acusado de abuso passa seu primeiro aniversário na prisão

Roger Abdelmassih (reprodução acima), médico acusado de violentar pelo menos 56 pacientes, completou hoje (3) 66 anos de idade na cela 101 do pavilhão 2 da Penitenciária de Tremembé (SP). Foi o seu primeiro aniversário no cárcere. Filho de libaneses, ele nasceu em 1943 em São João da Boa Vista, cidade paulista hoje com 84 mil habitantes que fica a 223 km da capital. Até ser preso preventivamente no dia 17 de agosto, o especialista em reprodução humana assistida tinha prestígio entre os ricos e famosos, como Roberto Carlos, Hebe Camargo, Pelé e Gugu, que compareciam a eventos promovidos por ele. Neste sábado, a companhia de Abdelmassih não é tão rica nem famosa e, agora como o próprio médico, não passaria em um teste de popularidade. Ele convive em sua cela com um acusado de tráfico de drogas, um ex-delegado, um ex-agente da Polícia Federal e um ex-investigador da Polícia Civil. Em 15 metros quadrados, os quatros dispõem de três beliches, um vaso sanitário, uma pia, um ch...