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Constelação familiar promove machismo e inocenta o pai incestuoso

Pesquisadora alerta para os danos da prática dessa pseudociência como política pública


PAULO LOPES
jornalista, trabalhou na Folha de S.Paulo, Diário Popular, Abril e em outras publicações

Ao participar de audiência pública no Senado sobre constelação familiar, a física e divulgadora de ciência Gabriela Bailas mostrou o quanto a prática dessa pseudociência pode ser danosa, com consequências dramáticas, principalmente para as mulheres.

Como exemplo, ela destacou que o alemão Berg Hellinger (1925 – 2019), o criador dessa suposta terapia, diz em seu livro "Ordens do Amor", página 52, que quando o pai abusa sexualmente de uma filha a culpa não é dele, o estuprador, mas da mãe, por ela não ter dado amor suficiente ao marido.

Para Hellinger, a criança, no caso, serve para a obtenção do equilíbrio no “sistema” familiar. É como se ela concordasse em se sacrificar para corrigir falha afetiva da mãe para com o pai.

O pai é o do modelo antigo, superado. É a referência mais importante do equilíbrio da família. 

A pesquisadora observou que na contemporaneidade há famílias constituídas por mães e pais que dividem entre si as responsabilidades financeiras ou por famílias mantidas só por mães ou avós, por casais homoafetivos e outras configurações.   

Bailas disse que em 2001 Hellinger deu uma palestra em Kyoto, Japão, onde contou o caso de uma adolescente vítima de incesto que tentou o suicídio, não só por estar traumatizada, mas principalmente porque, segundo ele, o abusador foi denunciado à Justiça.

No entendimento de Hellinger, destacou Bailas, a adolescente tentou pular da janela por causa da "ação justiceira" da família", que denunciou o estuprador às autoridades.

"Suicídios são explicados pela Organização Mundial da Saúde, eles são desencadeados por muitos fatores e possuem tratamentos específicos", disse Bailas.

A pesquisadora leu vários livros de Hellinger e, ali, descobriu atentados estarrecedores contra a ciência médica. Exemplo: o câncer de mama é um sintoma de que a mulher doente quer morrer por ter problemas de relacionamentos com a sua mãe. 

Um caso onde a mulher é a origem dos males, uma recorrência na obra do pai dessa falácia.

A constelação familiar se coloca como espiritismo quando explica que a esquizofrenia e a bipolaridade decorrem da existência de um assassino entre os ancestrais dos portadores desses transtornos mentais.

Cada um tem sua crença, argumentou a pesquisadora, mas nenhuma pode ser alçada ao serviço público de assistência médica, porque o Estado é laico.

O Brasil é o único país que adota a constelação familiar como política pública de saúde. Desde 2012 é praticada no Judiciário para "resolver conflitos" e em 2018 foi incorporada ao Plano Nacional de Medicina complementar.

Em 2021 — lembrou a pesquisadora — o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro acusou a constelação familiar de naturalizar a violência de gênero contra a mulher, atropelando, portanto, a Lei Maria da Penha, além de terceirizar responsabilidades do Judiciário.

A audiência pública no Senado sobre a constelação familiar se realizou no dia 24 de março de 2022. Durou mais de seis horas e foi transmitida pela internet. Convocada pelo senador negacionista Eduardo Girão (Podemos/CE), inicialmente só participariam dela pessoas favoráveis à prática.

Por interferência do senador Eduardo Girão (PSD/AC), Girão acabou convidando cientistas e estudiosos que combatem as pseudociências como política pública de saúde. Bailas foi uma delas.

No Portal Cidadania do Senado, a sugestão nº 1 de 2022 pede o banimento da constelação familiar das instituições públicas. Até este momento, 23.719 pessoas apoiam a proposta e 12.391 não.


Constelação familiar é a pseudociência de estimação do Judiciário

Comentários

Anônimo disse…
Onde tem espiritismo kardecista, tem atraso.
Anônimo disse…
Nesse caso, nao é espiritismo - muito menos kardecista
Anônimo disse…
Se você pesquisar sites como pubmed, scielo, Harvard, universidade Copenhagen.
Se você realmente tiver vontade de entrar nestes sites e escrever palavras chaves como "acupuntura para fibromialgia", " Homeopatia para asma", "eficácia das terapias florais" Etc etc, você vai encontrar publicações científicas que são a favor e que comprovam eficácia em muitos tipos de doenças e patologias.
Deixo aqui minha critica a pessoas, não gosto de citar nome, que tem doutorado em Física (exatas) se diz divulgadora científica e manipula as ideias das pessoas publicando vídeo contra acupuntura, homeopatia, que fazem parte de procedimentos de Profissionais de Saúde (Área da saúde/ciências biológicas) e diz que nada daquilo funciona. Este(a) individuo pega pesquisas que não deram bons resultados mistura com uma compreensão/explicação de forma grosseira a parte técnica da aplicação da prática e afins e ignora os vários trabalhos científicos que favorecem as praticas fazendo a população jovem ou de outras áreas duvidarem que esses métodos funcionam, de uma forma ácida tendenciosa. O pior é que muitas dessas pesquisas que falharam foram feitas por cientistas sem especialidade nas respectivas áreas e não compreendem como a pratica deve ser utilizada. Quanto as práticas mais espirituais e esotéricas (ao menos na aparência), todos sabem que a Constituição reconhece liberdade de crenças. Muitos cientistas estão com carência de empatia e mente aberta, no passado os cientistas de mente mais aberta, com visão ampla foram os mesmos que trouxeram progresso, novas descobertas e inventos para humanidade. Fato inegável. Pesquisem a história destes(as) célebres cientistas e veja se suas mentes eram as mais abertas ao diferente! Se críticos querem ver tais pesquisas, eu já dei a dica de sites de publicação científica, entrem neles e pesquisem com palavras Chaves. Agradeço!
Anônimo disse…
A postagem literalmente é sobre os abusos cometidos através dessa "terapia" chamada Constelação Familiar", mas quem tem que ter empatia são os cientistas e as pessoas quem têm de ficar caçando desculpas pra justificar abuso sexual contra crianças e misoginia dentro dos próprios lares? O problema não tá na "terapia", não? Por si só ela é abominável. Onde já se viu culpar ou responsabilizar a vítima pelas depravações dos outros.
Allysson Garcia disse…
Ha um erro. Repetiu o nome do senador.

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