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Fanatismo islâmico é tão violento como foi o dos cristãos, diz livro


Cristãos atacaram
 Palmira séculos antes
 que o Estado Islâmico

por Enrique Clemente
para La Voz de Asturias

“A Idade da Penumbra” [A Chegada das Trevas, na versão em português] é um ensaio surpreendente e controverso da britânica Catherine Nixey. Ela narra como o cristianismo foi introduzido na Europa e no Médio Oriente, nos séculos IV e V, por meio da violência.

A escritora mostra os cristãos da época como fanáticos que destruíram templos e bibliotecas, arrasando o legado do mundo clássico, o que levou a séculos de adesão incondicional a "uma só fé verdadeira".

Filha de padre e freira que deixaram saíram da Igreja Católica para se casar, Nixey, 37, estudou História Clássica em Cambridge, deu aulas e trabalhou na seção de cultura do The Times.

A destruição foi ordenada de cima?

É algo que os acadêmicos discutem, porque de um lado havia indivíduos como Santo Agostinho ou San Martín que instigaram a destruição. Mas o fato é que isso nunca teria acontecido se o imperador Constantino, que se converteu ao catolicismo, não tivesse permitido, fechando os olhos.

 Qual é o saldo dessa destruição, qual o legado perdido?

A grande biblioteca de Alexandria, que abrigava todo o conhecimento do mundo antigo, virou pó.

O mais belo templo do mundo, o de Serápis, foi arrasado.

As estátuas de mármore do centro do Parthenon foram moídas para construir igrejas cristãs.

Foi a maior destruição na história da arte que a humanidade viu. 90% da literatura grega e 99% da literatura latina também foram destruídos.

Por que essa violência é tão pouco conhecida?

Houve um tempo em que a Igreja se certificou de que aqueles que se levantassem contra ela aparecessem no índice de livros proibidos.

As obras de filósofos como Porfírio ou Celso foram destruídas.

Na Inglaterra, até 1871, o professor tinha de proclamar sua fé cristã para lecionar em Oxford ou Cambridge.

Não se podia escrever sobre essas passagens obscuras da Igreja. Hoje, sim, mas persiste a ideia de que o cristianismo é melhor ou não tão ruim em relação a outras crenças, e ninguém quer escrever ou ler sobre isso. Além disso, a história é escrita pelos vencedores.

Seu livro começa no ano 380 com a destruição do templo de Atena de Palmira por bandos de homens de barba vestidos de preto que vieram do deserto. Isso lembra muito os jihadistas do Estado Islâmico. Se parecem?

- Sim, muito, o paralelismo é enorme. É a mesma escultura da deusa Atena em Palmira, que foi decapitada e, séculos depois, em 2016, sofreu mutilação pelo Estado Islâmico.

Quando você lê as histórias daqueles fanáticos cristãos que destruíram templos é impossível não pensar nos jihadistas atuais, Eles são muito parecidos.

Como hoje, o fanatismo daquela época ocorreu predominantemente no norte da África e em regiões como a Síria.

Os fanáticos do Estado Islâmico destroem as estátuas porque elas parecem demoníacas, exatamente o mesmo argumento usado por aqueles cristãos.

O martírio também tem semelhanças. Os cristãos foram em missões suicidas para obter uma recompensa eterna no céu.




Os cristãos proibiram atividades como música, bem como o Estado Islâmico em seus territórios.

A semelhança é assustadora. Eles não gostavam de música. Eles quebravam os instrumentos dos músicos.

Eles tinham obsessão em controlar as mentes com a ideia de um Deus que vê e julga tudo. Nenhum outro deus da antiguidade entrou em sua cabeça ou em seu coração ou assistiu a você o dia todo.

Houve também queima de livros?

Foi dramático. Os cristãos invadiam casas para queimar tudo que parecia satânico. Para eles, a literatura era desnecessária ou maligna.

Eles forçavam as pessoas a espionar seus vizinhos, responsabilizando-os perante Deus.

Mas os cristãos também foram duramente perseguidos sob o Império Romano.

Sim, mas muito menos do que se diz. A perseguição que os cristãos cometeram foi mais selvagem e eficaz.

Quando perseguiram os pagãos, eles entraram nas casas procurando provas de sua crença e, se encontrassem, os executavam imediatamente, enquanto os romanos os levavam a julgamento.

Os romanos não se importavam com a alma e com o que as pessoas acreditavam, não procuravam mártires, só queriam obediência à lei.

A iconografia mostra a importância de Santo Agostinho para a Igreja Católica. O que você diz dele?

É o grande pensador da Igreja. Ele pregou a destruição de toda a cultura pagã porque dizia ser a vontade de Deus.

Santo Agostinho estabeleceu as bases para a perseguição de tudo o que não era cristão.

Em seus escritos, ele afirmou que era necessário trazer para o rebanho aqueles que estavam do lado de fora, quisessem ou não, forçando-os a abraçar a fé cristã.

Ele disse que, nesse sentido, se alguém agisse violentamente, não estava sendo cruel, mas salvando as pessoas de se queimarem no inferno por toda a eternidade.

Os romanos não eram tão autoritários e intolerantes quanto os cristãos.

Durante trezentos anos, o Império Romano permitiu que os cristãos crescessem e se multiplicassem, chegando a representar 10% da população.

Já o cristianismo, quando se tornou a religião oficial, agiu para remover e destruir todas as outras religiões, o que foi feito em menos de cem anos.

Qual a lição que se pode tirar da leitura de sue livro? 

A lição é que a retórica importa, o que é dito importa. E uma única resposta para um pergunta é uma limitação. A pluralidade de vozes é muito saudável.


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