Pular para o conteúdo principal

Livro explica por que pessoas acreditam em coisas estranhas

Michael Shermer explica a diferencia entre ciência e pseudociência e faz inventário das falácias mais frequentes 


HÉLIO SCHWARTSMAN | Folha
jornalista

"Por que as Pessoas Acreditam em Coisas Estranhas" [384 págs, ISBN 978-85-85985-30-1]. A pergunta, que dá título ao primeiro livro do cético Michael Shermer editado no Brasil, não poderia ser mais apropriada.

Há um bocado de gente que nada tem de anormal e, no entanto, participa de crenças muitas vezes absurdas. Compreender as razões do paradoxo não é tarefa pequena. E Shermer, que é também psicólogo e ciclista, se sai muito bem ao explicá-las.

Ele começa com um competente apanhado geral do método científico, explica a diferença entre ciência e pseudociências e traz um inventário das falácias que mais frequentemente nos induzem a erro.

É em seguida que vem a parte mais divertida, quando Shermer se põe a desmontar algumas das "confusões de nossos tempos". As barafundas escolhidas pelo autor são: experiências de quase morte, abduções por alienígenas, o resgate de memórias de abuso infantil, o criacionismo, a negação do holocausto nazista, entre outros.

O texto original é de 1997, e algumas das superstições não envelheceram bem. A história de recuperar memórias reprimidas de maus-tratos e estupros durante a infância foi febre nos EUA nos anos 90, mas não foi tão importante no Brasil.

Já outros temas permanecem assustadoramente presentes. A onda neocriacionista, por exemplo, chegou até nós com um certo atraso em relação aos EUA, mas segue provocando estragos.


            Ex-praticamente de terapias
            alternativas, autor aborda as
            pseudociências mais populares 

 Shermer tem uma vantagem comparativa em relação a outros céticos modernos. Ele em nenhum momento debocha das crenças descritas, mesmo as mais exóticas. Diz que tirou essa máxima do filósofo holandês do século 17 Spinoza, que escreveu: "Tenho me esforçado sempre para não ridicularizar, não deplorar, não desprezar as ações humanas, mas tentar compreendê-las".

O autor conquista a confiança e a simpatia do leitor declarando-se ele próprio um ex-praticante de várias das terapias alternativas que critica no livro.

Mesmo no capítulo dedicado ao criacionismo, cujo tema de fundo é a religião, Shermer "pega leve", evitando a propaganda ateia. Ele próprio admite nutrir alguma simpatia para com a religião, reminiscências dos tempos em que era um cristão renascido e graduou-se em teologia antes de migrar para a psicologia.

O ponto alto do livro, porém, é quando ele explica a psicologia da crença e mostra por que, muitas vezes, são as pessoas mais inteligentes que se envolvem com as mais alucinadas esquisitices.

"Pessoas inteligentes acreditam em coisas estranhas porque têm capacidade para defender crenças às quais chegaram por razão não inteligentes", escreve ele.

Se dependesse só da crença, não haveria civilização, diz Shermer

Professor diz a menino canhoto que ele usa a mão de Satanás

Livro 'Que bobagem!' é gota de racionalidade em oceano de pseudociências

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Morre o americano Daniel C. Dennett, filósofo e referência contemporânea do ateísmo

Entre os 10 autores mais influentes de posts da extrema-direita, 8 são evangélicos

Ignorância, fé religiosa e "ciência" cristã se voltam contra o conhecimento

Vídeo mostra adolescente 'endemoninhado' no chão. É um culto em escola pública de Caxias

Oriente Médio não precisa de mais Deus. Precisa de mais ateus

Malafaia divulga mensagem homofóbica em outdoors do Rio

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

Ateu, Chico Anysio teve de enfrentar a ira de crentes