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Escolas ignoram o Estado laico e adotam nomes religiosos

As escolas devem ensinar que, de acordo com a Constituição, o Estado é laico, o que significa, entre outras coisas, a separação entre igrejas e repartições públicas. Mas as próprias escolas são exemplos de que essa laicidade brasileira é mais um faz de conta porque uma parte significativa delas tem nomes religiosos.

Nossa Senhora, Jesus Cristo, São Francisco e Santo Antônio são os nomes mais comuns na lista de 160 mil estabelecimentos de ensino público do MEC.

No batismo de escolas, esses nomes superam até mesmo os de políticos, como José Sarney, no Maranhão, e ACM (Antônio Carlos Magalhães), na Bahia, conforme levantamento feito pela Folha de S.Paulo.

Muitas escolas têm o nome do mesmo santo ou de uma mesma denominação religiosa. Quinze delas se chamam Assembleia de Deus, em um caso de homenagem a uma religião evangélica, mas as referências católicas predominam.

Alguns nomes sugerem proselitismo, como o da Escola Municipal Só Jesus Salva, em Monte Santo (BA), e Jesus é o Caminho, em Igarapé-Miri (PA).

Como as escolas ensinam sobre a origem de seu nome, os alunos acabam sendo influenciados indiretamente por pregação religiosa, disse Luiz Antônio Cunha, que é coordenador do Observatório da Laicidade do Estado e professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para ele, a fachada das escolas funciona como outdoor. “É o uso privado do espaço público”, afirmou.

Os estudantes mais atentos ao menos poderão aprender que algumas coisas da Constituição brasileira são para valer e outras não.





Rio terá 600 professores de religião para ensinar 'valores morais'
setembro de 2011

Religião no Estado laico.

Comentários

Anônimo disse…
Questão interessante, mas nunca vi escola pública fazendo muita pregação sobre o nome adotado na escola. Acredito que o mais sério é a progressiva intromissão de agentes religiosos nos ambientes escolares. Já trabalhei numa escola onde determinados eventos viravam um guerra entre católicos e evangélicos pelo que seria feito em determinados eventos.
Anônimo disse…
Sou a favor que mude estes nomes, afinal porque uma escola pública deve ter um nome referente a religiosidade. Seria interessante eles mudar o nome da escola e ensinar para os alunos o motivo da mudança.
Aqui em Manaus está cheio disso. "Escola Estadual Nossa Senhora (...)" "Escola Municipal São (...)"

Fora os que levam nomes de políticos corruptos já falecidos.
Acho que eu não preciso comentar a qualidade que estas escolas se encontram, né?
Headbanger Ateu disse…
Brasil = aterro sanitário de aberrações jurídicas
Israel Chaves disse…
Escola Municipal Só Jesus Salva foi foda...
Quem quer apostar que quem deu o nome é pastor evangélico?
Acredito que o mais sério é a progressiva intromissão de agentes religiosos nos ambientes escolares.

E isso é muito mais sério do que a gente pensa. Com os salários baixos que os governos pagam ao magistério, muitos professores abandonaram a carreira e partiram para outras atividades. O seu lugar é ocupado por professores/as que muitas vezes aceitam o salário baixo porque, no fundo, se sentem recompensados por cumprirem sua missão. Estou falando da alta porcentagem de religiosos nos cursos de pedagogia e magistério superior em geral. Já foi o tempo em que a imagem do professorado incluía muitos homens cabeludos de camisa vermelha que falavam do Lula e uma maioria de mulheres interessadas em coisas como feminismo e progresso dos direitos humanos. Hoje em dia fala-se tanto em Jesus em certos cursos de magistério que até parece seminário.
Claudio Tavares disse…
Não sei o que é pior: Colocar nome de santo ou de político.
Existe algo pior: tentar fazer um político de santo... rsrsrs
Coder disse…
Isso é conseqüência da nossa herança cultural cristã, gostemos ou não.

Embora seja de um tremendo mau gosto, dizer que o mero nome da escola fere o princípio da laicidade é exagero.

É o mesmo que dizer que uma "Escola Estadual Chuck Norris É O Maior" fere o princípio da igualdade de gêneros.

É só um nome idiota; estou muito mais preocupado com que é ensinado DENTRO dela, com o MEU dinheiro.
Luiz Paulo disse…
Existe algo pior ainda: A escola não ter banheiro.

Bom, só tem para as mulheres, já que como diz o Diertor ``Homen não precisa de banheiro, ele vai servir o exércitor´´.
Espero que a 4° Serie não tenha ouvido isso.
Anônimo disse…
Não sei o que é pior: crente que acredita na Bíblia ou ateu que acredita na Constituição. Ambos não passam de contos de fadas criados para iludir as pessoas dizendo que este mundo não é uma merda.

Acho que vocês deveriam parar de reclamar que o Estado deveria ser laico e etc. O Estado é nada mais que o reflexo da sociedade que ele governa. Se a nossa sociedade é muito religiosa, não esperem que com o Estado seja diferente. Vocês tem que fazer qualquer mudança através do conhecimento e da iluminação do povo, não através de uns intelectuais engravatados bradando a todo custo "ESTADO LAICO, ESTADO LAICO!"
Víktor, [2]

Mas as pessoas precisam de palavras de ordem, gritá-las é mais fácil do que mudar o mundo.
Coder disse…
@Viktor Nikóv

"Não sei o que é pior: crente que acredita na Bíblia ou ateu que acredita na Constituição. Ambos não passam de contos de fadas criados para iludir as pessoas dizendo que este mundo não é uma merda"

Errado.

A Constituição (pelo menos aquelas que bebem da tradição liberal) é o que permite que você emita opiniões superficiais como essa sem medo que um policial bata à sua porta de madrugada exigindo "esclarecimentos".

E, claro, a preguiça de pessoas como você em defendê-la só fortalece aqueles que querem violentá-la.


"Acho que vocês deveriam parar de reclamar que o Estado deveria ser laico e etc. O Estado é nada mais que o reflexo da sociedade que ele governa."

Certo em parte.

O conjunto de normas que governam a ação do Estado (que nós chamamos de leis) pode sim mudar ao sabor dos usos, costumes e valores de uma sociedade ao longo do tempo. Mas existe um caminhão de evidências que diz que os grupos humanos que mais se desenvolveram tinham como característica comum um arcabouço pequeno mas perene de garantias jurídicas fundamentais, que raramente eram postas sob discussão: igualdade de todos perante a lei, liberdade de expressão/associação, direito à propriedade, democracia representativa por meio de voto aberto - essas bobagens, sabe?


"Se a nossa sociedade é muito religiosa, não esperem que com o Estado seja diferente."


Errado.

Nos EUA, 82% dos adultos acreditam em Deus, 76% em milagres, 75% em céu.

É religião o bastante para você? Pois bem.

Procure agora saber o que é a First Amendment e aí continuamos o debate.

Ou não, porque você se dar conta da bobagem que escreveu...

"Vocês tem que fazer qualquer mudança através do conhecimento e da iluminação do povo, não através de uns intelectuais engravatados bradando a todo custo 'ESTADO LAICO, ESTADO LAICO!'"

Ai, ai.

"Iluminação do povo"? Mesmo?

Já tentaram isso em 1917, colega. O resultado foi uma pilha de cem milhões de cadáveres.

Quer tentar de novo?
Anônimo disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
@Coder

Você está confundindo o mundo ideal com o mundo real. A Constituição pode ser linda no papel (assim como algumas palavras de Jesus, ou vai me dizer que "amar uns aos outros" não seria uma coisa interessante?), mas ela tá aí só pra iludir a gente mesmo.

Na Constituição, todo roubo é punido. Agora, se você é um Maluf, você rouba milhões e nunca será culpado. Se você é mendigo e rouba um pão, haja prisão. That's real life, folks.

1º:
Vai dizer que o governo atual dos EUA não é (e nunca foi) religioso? O que foi a Proibição então? Pode até ter sido liberal na sua criação, mas isso já se perdeu faz tempo. Não à toa, muitos estados ainda proíbem a prostituição, (mesmo que só a prostituta ganhe com isso) justamente por motivos religiosos (entre muitas outras coisas...).

Ok, a Constituição ainda está lá, mas quem disse que alguém a respeita? Alguém respeitou a Constituição Americana quando torturou os prisioneiros de Abu Ghraib?

2º:

Sinceramente, o que é que um estado verdadeiramente laico iria mudar na vida das pessoas comuns? Elas trabalhariam menos? Teriam mais tempo para si mesmas? Ou isso seria só mais um "capricho" para intelectuais que não representam nem 1% da população? (Lembre-se que estamos falando de algo que afeta toda uma sociedade) Por que eu, como cidadão comum, que pego ônibus para o trabalho, deveria apoiar?
Só acho que, se alguém se ofende toda vez que ouve falar em Jesus/Deus (ainda mais no Brasil), realmente vai ficar numa situação bem complicada, sem poder se relacionar com o professor, o padeiro, o ambulante...

Só pra constar, eu não sou contra o Estado Laico. Só acho que há outras prioridades, como a opinião pública sobre quem não tem Deus no coração.
Coder disse…
@Viktor Nikóv

"Você está confundindo o mundo ideal com o mundo real. A Constituição pode ser linda no papel (assim como algumas palavras de Jesus, ou vai me dizer que "amar uns aos outros" não seria uma coisa interessante?), mas ela tá aí só pra iludir a gente mesmo."

Não estou confundindo nada.

A Constituição não é linda coisa nenhuma: está cheia de falhas, faltas e contradições até. Peca em listar uma miríade de soi-disant "direitos" ao mesmo tempo que distribui porretadas metafóricas nos setores produtivos nacionais. Eu nunca disse que a Constituição é perfeita.

O que eu quis dizer é que, com todas as imperfeições, ela ainda é nossa maior garantia contra o poder discricionário dos burocratas engravatados, como você mesmo colocou.

A diferença é que eu, reconhecendo isso, defendo que as pessoas se mobilizem para aperfeiçoá-la, defendê-la, cobrar seu cumprimento, enquanto você está aí, sentado, fazendo pouco caso deste "conto de fadas", feito para "iludir a gente" e, nota de rodapé, sem propor nenhuma alternativa viável a este estado de coisas.

Este é o arquétipo do brasileiro bovino, passivo, responsável pelo quadro desolador a que chegamos hoje.

"Na Constituição, todo roubo é punido. Agora, se você é um Maluf, você rouba milhões e nunca será culpado. Se você é mendigo e rouba um pão, haja prisão. That's real life, folks."

Não seja leviano.

O fato de um Maluf dispor de recursos para se defender não torna a Constituição menos importante. Sem ela, haveria muito mais maneiras de os Malufs ferrarem com a vida dos mendigos, entende?, porque não haveria formalização de um monte de garantias de que TODOS dispomos hoje.

Parêntese: cadeia para o Maluf E para o mendigo.

Você citou alguns acontecimentos da era Bush e a discussão sobre a evolução das instituições americanas nesse período é realmente interessante. Mas daí a afirmar que o "governo atual dos EUA é religioso" é só ignorância. Pesquise sobre as posições do Obama em matérias civis.

"Sinceramente, o que é que um estado verdadeiramente laico iria mudar na vida das pessoas comuns?"

"Por que eu, como cidadão comum, que pego ônibus para o trabalho, deveria apoiar?"

Eu vou pro meu estágio de bike.

Isso não me impede de enxergar o quão sombrio seria viver numa sociedade onde o governo, ancorado num conjunto de dogmas religiosos, decide COMO você deve viver a SUA vida. E não é possível questionar porque, ora, DEUS fez as leis.

"Só acho que, se alguém se ofende toda vez que ouve falar em Jesus/Deus (ainda mais no Brasil), realmente vai ficar numa situação bem complicada, sem poder se relacionar com o professor, o padeiro, o ambulante..."

Não me ofendo quando alguém fala de Jesus. Mas defendo o direito de qualquer um se sentir ofendido e falar/escrever/televisionar/tuítar sobre isso sem sofrer sanções do Estado.

"Só acho que há outras prioridades, como a opinião pública sobre quem não tem Deus no coração."

Não sei se entendi.

Mas o Datena é um boçal mesmo.
Jonas Barbieri disse…
Por favor, alguém pode me dizer onde a Constituição diz que vivemos em um estado laico?
E o que é laicidade?
E o que é mais intromissivo: enfiar Deus goela abaixo ou arrancá-lo à unha?
@ Jonas:
Artigo 19.
E arranca-lo a unha é espantalho, é o mesmo que dizer que careca é cor de cabelo e o ato de NÃO colecionar tampinhas de garrafas é um hobby, não querer que meu filho "estude religião"(ou melhor, seja doutrinado a força) não é arrancar a unha, pedir o minimo de respeito por quem ainda não é capaz de saber a diferença entre realidade e mentira e aceita tudo que os adultos dizem não é arranca-lo a unha, ser contra esse excesso de "respeito obrigatório" que as religiões(e os religiosos) tem(que como todo e qualquer poder, corrompe e se torna berçário de impunidade, vide casos de abuso sexual; e isenção de impostos servindo para enriquecimento fácil e lavagem de dinheiro).
Quer acreditar em Jeová, o fantasminha camarada, vai fundo, mas não force a crianças(principalmente a dos outros) desde os 2 anos a sua loucura; mas só peço que não seja melhor que os outros, com mais poderes, mais "respeito", mais impunidade e menos impostos que um ser humano normal.

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E sobre porque um estado laico é melhor, realmente... talvez devêssemos voltar ao tempo que praticar religião africana ou qualquer outra diferente do catolicismo(como o espiritismo/protestantismo atual) era simplesmente cana na certa, prisão, "caso de polica", "teje preso, meliante".
Talvez viveríamos melhor com a velha legislação em que se proibia por lei toda e qualquer divulgação de ideias que contrariem as "verdades fundamentais da existência de Deus, da imortalidade da alma e da Santíssima Trindade".
Ou só casamentos católicos sendo considerados legais(no sentido de lei).
Ou o clero católico(atual CNBB) recebendo parte do dinheiro da união(a.k.a seu imposto).
Ou só poder ser professor e ter cargo publico quem é e jura solenemente subserviência aos dogmas católicos e a Santa Sé.
Ou empresas sendo proibidas de existirem por descobrirem que é de um dono não-católico.
Entre outras coisitas mais.
Anônimo disse…
E o meu colégio se chama Senhor do Bonfim... rsrsrs.
Pois é, o célebre debate sobre o cachorro que abana o rabo ou o rabo que abana o cachorro. Devemos ter um povo de acordo com a Constituição ou uma Constituição de acordo com povo?

A constituição não é escudo contra a vontade da maioria, porque a vontade da maioria pode mudar a constituição, ou fazer com que seja ignorada.

Iluminação do povo não é fazer uma segunda Revolução Russa, meu caro Cognite. Você cometeu lindamente a falácia do declive escorregadio. Iluminação do povo quer dizer apenas aumentar a cultura, a educação e a solidariedade das pessoas. Afinal, com o povo certo, um país que é teoricamente uma teocracia pode ser mais democrático do que outro absolutamente laico. Você prefere a Grã Bretanha ou a Turquia?
Coder disse…
Revolução Russa, meu caro Cognite. Você cometeu lindamente a falácia do declive escorregadio."

Hmm, concedo.

Mas há de se levar em conta o vazio de significado que "iluminação do povo" assumiu no texto do nosso colega.

Além disso, ele não questionou essa minha inferência na réplica dele.

E você me confundiu com alguém (Cognite).

"Iluminação do povo quer dizer apenas aumentar a cultura, a educação e a solidariedade das pessoas"

Não creio que seja possível "aumentar" a cultura, a educação e muito menos a solidariedade das pessoas. É uma retórica pra lá de ingênua, quando não perigosa nas mãos de alguns tipos populistas.

Cultura e educação são bens atrelados a decisões tomadas na esfera individual. É claro que é válido lutar por uma sociedade onde todos tenham condições de partida decentes em sua formação, mas o grau de esforço empreendido por cada um nesse sentido a partir daí depende, permita-me a tautologia, de cada um.

Solidariedade?

Eu questiono a solidariedade como um valor em si, a ser buscado a qualquer custo. Sociedades fundadas sobre valores coletivistas como este - solidariedade, fraternidade, igualdade - historicamente se degeneram em totalitarismos, das mais variadas cores ideológicas. Eu fico com uma sociedade centrada na garantia aos direitos dos indivíduos, obrigado.

"Afinal, com o povo certo, um país que é teoricamente uma teocracia pode ser mais democrático do que outro absolutamente laico. Você prefere a Grã Bretanha ou a Turquia?"

Interessante. Mas o que é o "povo certo"?

Você mencionou cultura, educação e solidariedade.

Eu destaco que foi na Grã-Bretanha que nasceu a Bill of Rights, beeeem antes de os turcos botarem seus califas pra correr. Coincidência?
Jonas Barbieri disse…
@ ddragoonss;
Ei, prezado!
Quero esclarecer uma coisinha: Não sou católico, nem fui eu quem criou as leis extintas que você mencionou. Também sou radicalmente contra a doutrinação das crianças, como por exemplo, essa palhaçada modista de que perseguição entre crianças na escola é bulliyng, e quem não acha bonito o comportamento homossexual é homofóbico. Agora a mídia e o governo só falam disso, como se não houvesse mais nada a se resolver no ensino público.
Mas acho que tu não entendeste minhas indagações. Perguntei qual é a fundamentação legal de quem diz que estamos vivendo em um estado laico. perguntei também o que significa laicidade, pois muitas pessoas falam sobre isso, e defendem este tal estado laico sem saber o que é isso, e achei que alguém poderia esclarecer. E por fim, "arrancar a unha" quero referir-me ao que acontece com quem opta por acreditar em Deus (ou no que quiser) e é tachado de tolo publicamente. Você, por exemplo, diz que eu posso crer em Deus, gasparzinho, etc., mas não posso forçar as crianças dos outros a crer nas mesmas loucuras. Por que eu não posso dizer que acreito em Deus, mas você pode me chamar de louco? Por que tanta raiva de quem supostamente "não existe"?
Respeito é uma coisa que precisa ser praticada por todos, não só por quem crê em Deus.
Não creio que seja possível "aumentar" a cultura, a educação e muito menos a solidariedade das pessoas.

Em ordem crescente de dificuldade: educação, cultura, solidariedade.

Para aumentar o nível educacional é só oferecer ensino de qualidade e universal, pelo menos até completar o segundo grau. Com o acesso a tanta informação o jovem certamente crescerá com uma visão de mundo mais ampla.

Para aumentar o nível de cultura é só valorizar os produtores de cultura. Em uma sociedade na qual seja possível ganhar dinheiro escrevendo, cantando, interpretando, compondo, pintando, etc., haverá mais gente fazendo isso e o resultado será positivo para a cultura.

A coisa fica realmente muito difícil no que tange à solidariedade.

É uma retórica pra lá de ingênua, quando não perigosa nas mãos de alguns tipos populistas.

Acredito que vale a pena correr o risco. Porque sociedades quando conseguem tornar-se solidárias sem resvalar no autoritarismo tornam-se mais estáveis e melhores de várias formas.

Cultura e educação são bens atrelados a decisões tomadas na esfera individual.

Bote um menino pobre no interior, filho de analfabetos, sem escola pública, sem água encanada, sem qualquer estrutura de serviço público. Espere ele tomar decisões na esfera individual e tornar-se um Caetano Veloso. Espere sentado.

Decisões na esfera individual não valem nada se não houver condições para que estas decisões se materializem. É a diferença entre depositar a semente no asfalto ou na horta. Má semente não germinará em nenhum dos dois lugares, mas a boa semente não vai a lugar nenhum se for posta no asfalto.

É claro que é válido lutar por uma sociedade onde todos tenham condições de partida decentes em sua formação,

A questão é que você diz que "é válido" como se isso fosse uma concessão. Não, meu amigo. É NECESSÁRIO, É IPMERATIVO, lutar por uma sociedade tal.

Interessante. Mas o que é o "povo certo"?

Bem, a resposta é retorcida, mas não tem bifurcações.

1 - O rabo não abana o cachorro. Ou seja, as instituições refletem o povo.
2 - Não adianta criar leis progressistas se o povo não as entende, se não está preparado para elas.
3 - Atatürk deu à Turquia leis quase tão laicas quanto às da França da II República, radicalmente laicas. Mas o povo turco ainda não estava pronto para assimilar esse salto temporal. Somente ditaduras conseguiram manter de pé o projeto de Atatürk. Com a democratização a maioria do povo começa a pedir por leis contrárias às da Turquia laica.
4 - A Grã Bretanha ainda não tem leis realmente laicas. Teoricamente, o Estado britânico ainda é uma teocracia feudal, com a Igreja nacional submetida ao monarca e uma suprema corte integrada por "lordes". Mas mesmo sem essas leis, o costume dos britânicos faz com que o país funcione de forma mais laica do que a Turquia.
5 - Os povos evoluem (acredito que também involuem), e isso ocorre lentamente. Muitas vezes pode ser irrealista a defesa de certas leis que são excessivamente à frente de seu tempo. Mas é uma defesa necessária, embora talvez deva ser feita de uma maneira cuidadosa.
6 - Se queremos fazer nossa causa vencer, não precisamos de forçar leis pela goela abaixo do povo, precisamos é de convencer a maior quantidade possível de pessoas a apoiar tais leis ou, pelo menos, a não se oporem a elas.

É isso. Eu acho.
J.M. disse…
Só um artigo preconceituoso tentando convencer que quem não tem religião é imoral. Realmente um texto que permite importante reflexão: até que ponto vai a mesquinharia dos teístas fanáticos.
Ricardo disse…
J.M.

Você realmente leu o texto? Ou tem algum problema com interpretação? E chamar o Contardo Calligaris de "teísta fanático" só pode ser piada.
Anônimo disse…
Se for assim, o próprio nome do estado de São Paulo seria proselitista. Sem contar as inúmeras cidades nomeadas a partir de santos...
Uma escola onde o meu pai estudou em Porto Alegre teve o nome mudado de "Nossa Senhora das Graças" para "Prof.ª Gema Angelina Bélia".
Melhor uma escola com o nome de Chuck Norris do que uma escola com nome de padre.
Ubra disse…
Aqui na minha cidade isso também ocorre. As festas juninas, uma tradição cultural, estão sendo esquecidas porque os dirigentes escolares (a maioria evangélica) as consideram uma festa pagã.
Henrique A. P. disse…
Deependendo do nome não vejo problema, estudei numa escola cujo nome era uma homenagem ao pastor que ajudou a fundar a escola, o nome era Pastor Amaro José dos Santos
Unknown disse…
O nome é o de menos. Deveríamos nos preocupar mais com o que é ensinado nas escolas
_A preocupação voltada para a influência que a religião pode ou não, exercer sobre as crianças, é algo "sublime", aliás..., cá entre nós: o medo que se fale sobre Deus, é incompreensível.
_É inaceitável que se perca tempo discutindo acerca de questões como esta, porque não chegam a lugar algum.
_Talvez fosse mais interessante, a vista de algumas pessoas, que o nome das escolas agora fosse: Escola da maconha, Escola Municipal do crack..., ou coisa assim! _Quem sabe, certo grupo, se sentisse menos agredido! _Francamente!

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