Universal resistiu, mas agora terá de devolver à ex-fiel um Golf 98

O caso já tinha sido julgado em primeira instância. Em dezembro de 2007, o juiz Jeová Sardinha de Moraes, da 7ª Vara Cível de Goiânia, determinou à Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus) que devolvesse um carro doado por uma fiel. Também decidiu que a igreja teria de pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais à mãe da fiel – ela teria sido xingada por um pastor quando tentou obter o carro de volta.  

Mas Iurd não se conformou em ter de devolver o automóvel e acionou o seu departamento jurídico para apelar da sentença em instância superior.

Quase dois anos depois, saiu a decisão do TJ (Tribunal de Justiça) de Goiás: a igreja se livrou do pagamento da indenização, mas vai ter mesmo de devolver o VW-Golf, ano 1998, à dona de casa Gilmosa Ferreira dos Santos.

O carro tinha sido doado à igreja durante um evento chamado de “Fogueira Santa de Israel” por Edilene Ferreira dos Santos, filha de Gilmosa.

De acordo com a Gilmosa, a sua filha, emocionalmente fragilizada por causa da morte do marido, foi convencida pelo bispo Agacemar Clayton Nunes de Farias  a fazer doações em troca de paz espiritual.

Angustiada, o moça deu seus bens e o carro da mãe. O pastor lhe teria dito que é preciso fazer sacrifício financeiro para que se obtenha a graça divina.  

Gilmosa passou o Golf no nome da filha sem saber que ela ia entregá-lo ao pastor Farias, conforme consta no processo.

O juiz Ronnie Paes Sandre, do TJ-GO, considerou a doação nula porque não se tratou de um ato consciente.  “A apelada [a dona Gilmosa] alegou que sua filha foi ludibriada pela fé, visando recompensa divina que não experimentou.”

O juiz também ficou sensibilizado com a pobreza das  duas mulheres. O velho VW-Golf vermelho representa a maior parte do patrimônio delas.

A Iurd ainda não se manifestou sobre a decisão do TJ. Não se sabe, portanto, se ela vai apelar mais uma vez da condenação.

> Dízimo, a exploração em nome de Jesus.