Moradores na Frei Caneca (foto), de São Paulo, estão se mobilizando para impedir que a Câmara dos Vereadores dê como oficial o local como a rua gay da cidade. A designação seria apenas temática, porque a rua não mudaria de nome.
A iniciativa de obter o reconhecimento formal de que a Caneca é a rua gay da cidade é de Douglas Drumond (foto), empresário e militante GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes).
Douglas argumenta que, queira-se ou não, o local já é um point e endereço residencial de homossexuais. A oficialização, segundo ele, atrairia para a Caneca mais lojas de produtos gays e a rua passaria a ser visitada por homossexuais de todo o país. Seria mais uma atração turística de São Paulo.
O projeto que ele enviou aos vereadores prevê o alargamento das calçadas e mudança na iluminação, com alusão ao arco-íris, que é o símbolo GLS.
Depois que Drumond deu entrevista à televisão defendendo o projeto, integrantes da Samorcc (Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César) reuniram-se às pressas para se opor à idéia.
Célia Marcondes Smith, a advogado da Samorcc, argumenta que a rua não pode se tornar um gueto e tem de continuar a ser de todos. “A Caneca é uma rua de família e nela há uma igreja de cem anos.”
As reuniões da sociedade têm sido na igreja, que fica ao lado da recém criada Associação GLS Casarão Brasil, cujo presidente é o Drumond.
Embora ceda uma sala para as reuniões da sociedade, o padre do bairro não fala à imprensa sobre o assunto.
Alguns gays afirmam que o padre não deveria tomar partido. “Também somos filhos de Deus”, diz um deles. “Será que também poderemos ter reuniões na igreja?”
Drumond (foto) discorda de que o local vá se tornar em um gueto. Diz que a maioria dos comerciantes do bairro é favorável ao projeto, porque haveria maior movimentação de clientes. Ele até citou o exemplo de um açougueiro que, embora não seja homossexual, quer que a Caneca se assuma como gay, que "saia do armário".
A Câmara Municipal não tem prazo para decidir. Como se trata de um tema polêmico, os vereadores deverão examinar o projeto só depois das eleições deste ano.
O frei que deu o nome à rua foi batizado como Joaquim da Silva Rabelo Caneca. Nasceu em Recife em 1779 e morreu em 1825.
Seu pai, Domingos, era tanoleiro (artesão de tonéis, pipas, barris etc). Ele acrescentou o Caneca ao seu nome por causa do seu ofício.
Quando se ordenou em 1801, Joaquim introduziu ao seu nome Amor Divino. Ficou frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca.
Ou seja, a seu favor os gays poderão dizer, com todo respeito, que o frei era um amor.
> Casos de homofobia.
Comentários
Sao Paulo tem a maior parada gay do mundo e na hora do "carnaval" todos vao apreciar sejam gays ou nao. Uma rua e vizinhanca que possua a sua maioria gay e seja designada uma area gay na Cidade de Sao Paulo seria nao apenas um privilegio aos gays como tambem aos heterosexuais que respeitam as pessoas independente de religao ou opcao sexual.
Eu moro em Toronto - ON - Canada e aqui a rua dos GLST e' a Church St. ou seja traduzindo "Rua da Igreja". Alem de uma vizinhanca requintada e de bom gosto e' uma rua visitadas por todos e nela nao so' moram GLST, mas pessoas normais.
Chega de falso moralismo e viva a verdadeira democracia com respeito aos direitos individuais.
Eu amo SP e o Brazil e precisamos ser mais abertos a nossa diversidade e respeitar a todos nao importa se voce e' catolico, evangelico, judeu, mulcumamo ou agnostico. Eu espero que nao so essa comunidade tenha uma rua, mas seus direitos respeitados.
Obrigado a Cidade de Sao Paulo por essa iniciativa e um abraco a todos
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