Do blog de Maria Inês Dolci:
No dia 6 de dezembro quando o governo anunciou que daria quase cinco meses para os bancos padronizarem os nomes das tarifas e definir os valores que não poderiam mudar por seis meses, já alertava aqui no blog, que os clientes corriam o risco de uma tarifaço nesse período. E defendia que as medidas fossem adotadas logo. Por isso, não foi novidade os índices divulgados pela própria Febraban ontem, como o caso do Banco Safra, em que houve alta de 150% na tarifa do talão de cheque. O Itaú, por exemplo, vai subir de R$ 15 para R$ 150 a tarifa para confecção de cadastro de novos clientes. O Unibanco, que nada cobra pela abertura de conta, passará a pedir R$ 120 no final do mês. E outra observação: pela lei que criou o Plano Real, os contratos só podem ser reajustados uma vez por ano. Por que para tarifa bancária o prazo pode ser menor? Cabe ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ao Banco Central coibir esses absurdos, pois há indícios de formação de cartel. Quem cobrava mais do que a média do setor, reduziu seus valores, e quem estava muito abaixo, fez caminho inverso.
Comento: trata-se de mais um abuso dos bancos contra o qual o governo nada fará. Governo que, especialmente este, o do Lula, tem sido mãe de tetas fartas aos bancos. Neste governo os quatros maiores bancos brasileiros – Bradesco, Itaú, Unibanco e Banco do Brasil – lucraram a soma de R$ 84,5 bilhões, 198,6% a mais do que o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Como sempre tenho dito aqui, lucro não é crime – faz parte do jogo capitalista. Mas os bancos não precisavam exagerar, porque, ao elevarem tanto as tarifas, tal lucro passa a ser imoral. Sem falar do proverbial mau atendimento, que vem de longe, se perde no tempo.
O governo padronizou os nomes das tarifas para que houvesse entre os bancos uma efetiva concorrência, porque até agora os correntistas não tinham como comparar os serviços bancários de uma instituição com outra.
Mas a padronização já começa com brutal aumento nas tarifas e a cobrança de serviços que antes eram gratuitos. Até parece provocação dos bancos, mas não é não. É a ganância de sempre.
Atualização: agora à tarde, Wilson Levorato, diretor-geral da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), deu entrevista para afirmar que os bancos não combinaram as novas tarifas, que não há cartel no setor etc. Mas ele teve de admitir (até porque não dava para negar) que as tarifas "aumentaram de forma significativa". Enquanto isso, o Banco Central nada comenta, nem sequer deu um pio.
> Bancos criam ouvidoria, mas atendimento não melhora.
> Millôr: "banqueiros nos assaltam sem sair de casa".
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