Olha só: o cardeal de Milão, Dionigi Tettamanzi (foto), escreveu pungente carta de 23 páginas aos separados e divorciados com um pedido de desculpas aos “vossos sofrimentos” que “muitas vezes não foram levados em conta ou ignorados pela igreja”.
Aí o sacerdote emenda: “a Igreja não vos esqueceu e, muito menos, vos rejeita ou vos considera indignos. A igreja sabe que em certos casos não somente é lícito, mas pode ser até inevitável tomar a decisão de se separar, para defender a dignidade das pessoas, para evitar traumas profundos. É errado achar que estes estejam excluídos de uma vida de fé e caridade efetivamente vivida no interior da comunidade eclesial.”
Comovente, não?
Alguém entre os meus 21 leitores poderá inferir que Tettamanzi coloca-se em linha de confronto com o papa Ratzinger, que sempre foi inflexível com os separados e os divorciados.
Nada disso.
Conforme noticia o jornal italiano Repubblica de hoje, o cardeal apóia o papa Bento 16 quando este nem sequer admite a possibilidade de um debate sobre o fim da proibição de os divorciados que se casarem poderem receber um novo sacramento da comunhão.
Entenderam?
O cardeal de Milão afirma que a igreja não exclui separados e divorciados de “uma vida de fé”, desde que eles se mantenham distantes de um novo eventual sacramento da comunhão.
Bem, pode-se argumentar que “uma vida de fé” não depende dos ditames do Vaticano, mas aí a história é outra.
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