Peixes da espécie Copella arnoldi, conhecidos como tetra splash, apresentam maior atividade reprodutiva durante a estação chuvosa, segundo estudo publicado na revista Neotropical Ichthyology.
Foto: Aquario Amazônico da UFPA
A análise dos índices gonadossomáticos (relação entre o peso das gônadas — ovários ou testículos — e o peso corporal) revelou dois picos reprodutivos ao longo do ano: em dezembro, início da estação chuvosa, e em abril, quando as chuvas atingem seu auge. É nesse período que os peixes depositam os ovos em folhagens acima do nível do rio.
Com comportamento raro entre os peixes, esses animais depositam seus ovos fora d’água, em folhas acima do nível dos rios. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e contribui para o manejo sustentável da espécie, muito usada como peixe ornamental.
O estudo avaliou 171 indivíduos capturados no rio Taiassuí, no nordeste do Pará, entre agosto de 2016 e junho de 2017.
O estudo avaliou 171 indivíduos capturados no rio Taiassuí, no nordeste do Pará, entre agosto de 2016 e junho de 2017.
Os pesquisadores analisaram o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e observaram que machos e fêmeas atingem a maturidade sexual a partir de 18 mm de comprimento corporal, com 100% deles capazes de se produzir aos 21 mm.
Esse parâmetro é essencial para orientar políticas de captura que preservem a reprodução da espécie.
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Peixe tetra splash deposita ovos em olhas fora d’água e depende da umidade para manter a prole hidratada. |
“Esse dado pode ser usado para a elaboração de políticas ou planos de captura que garantam que apenas indivíduos sexualmente maduros sejam capturados para o comércio de peixes ornamentais, o que evitaria a captura de juvenis e a manutenção de um bom tamanho populacional”, explica Rafael Farias, autor do estudo.
A análise dos índices gonadossomáticos (relação entre o peso das gônadas — ovários ou testículos — e o peso corporal) revelou dois picos reprodutivos ao longo do ano: em dezembro, início da estação chuvosa, e em abril, quando as chuvas atingem seu auge. É nesse período que os peixes depositam os ovos em folhagens acima do nível do rio.
Copella arnoldi é a única espécie neotropical de água doce conhecida por realizar saltos de desova.
Outras duas espécies semelhantes também botam ovos fora d’água, mas apenas sobre superfícies sólidas próximas à margem — pedras, troncos ou folhas estáticas expostas fora do rio. A sincronia com o período úmido parece reduzir o risco de desidratação dos ovos, que ficam expostos ao ar atmosférico durante seu desenvolvimento
Para evitar a perda de umidade, os machos salpicam água sobre os ovos aproximadamente a cada minuto. Com o aumento da umidade ambiental, esse intervalo pode ser ampliado, tornando o esforço dos machos menor.
A pesquisa também estimou que as fêmeas produzem cerca de 148 oócitos (células germinativas) por ciclo, dos quais 47 são maduros e prontos para fertilização. Esse padrão sugere desova em lotes parciais, o que pode indicar maior capacidade de resposta a mudanças ambientais.
Farias também alerta que a dependência da umidade ambiental torna a espécie vulnerável às mudanças climáticas. “Caso as mudanças climáticas ocasionem maior estiagem, estações chuvosas mais curtas ou menos intensas, é provável que os ovos fiquem mais suscetíveis à desidratação”, afirma.
Segundo ele, isso exigiria maior esforço dos machos na hidratação dos ovos, aumentando sua exposição a predadores e comprometendo o sucesso reprodutivo. “Não sei dizer se isso significaria a extinção da espécie, mas é certo que aquelas com nicho ecológico muito restrito são as primeiras a sofrer com as mudanças climáticas”, argumenta.
Os próximos passos da pesquisa devem incluir a análise da influência da qualidade ambiental sobre a reprodução da espécie. “Desse modo, poderíamos verificar como essa espécie se comporta em ambientes íntegros ou degradados”, afirma o pesquisador.
Outras duas espécies semelhantes também botam ovos fora d’água, mas apenas sobre superfícies sólidas próximas à margem — pedras, troncos ou folhas estáticas expostas fora do rio. A sincronia com o período úmido parece reduzir o risco de desidratação dos ovos, que ficam expostos ao ar atmosférico durante seu desenvolvimento
Para evitar a perda de umidade, os machos salpicam água sobre os ovos aproximadamente a cada minuto. Com o aumento da umidade ambiental, esse intervalo pode ser ampliado, tornando o esforço dos machos menor.
A pesquisa também estimou que as fêmeas produzem cerca de 148 oócitos (células germinativas) por ciclo, dos quais 47 são maduros e prontos para fertilização. Esse padrão sugere desova em lotes parciais, o que pode indicar maior capacidade de resposta a mudanças ambientais.
Farias também alerta que a dependência da umidade ambiental torna a espécie vulnerável às mudanças climáticas. “Caso as mudanças climáticas ocasionem maior estiagem, estações chuvosas mais curtas ou menos intensas, é provável que os ovos fiquem mais suscetíveis à desidratação”, afirma.
Segundo ele, isso exigiria maior esforço dos machos na hidratação dos ovos, aumentando sua exposição a predadores e comprometendo o sucesso reprodutivo. “Não sei dizer se isso significaria a extinção da espécie, mas é certo que aquelas com nicho ecológico muito restrito são as primeiras a sofrer com as mudanças climáticas”, argumenta.
Os próximos passos da pesquisa devem incluir a análise da influência da qualidade ambiental sobre a reprodução da espécie. “Desse modo, poderíamos verificar como essa espécie se comporta em ambientes íntegros ou degradados”, afirma o pesquisador.
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