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Rastreabilidade da carne bovina e fim do desmatamento são cruciais para reduzir emissões na pecuária

Aumento de exportação de carne pelo Brasil vai agravar o problema das emissões de gases de efeito estufaNo Brasil, a produção de carne bovina é a principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa, representando uma barreira para o país atingir metas climáticas internacionais.

 Para mudar o cenário, é urgente cessar o desmatamento e intensificar a rastreabilidade do rebanho, conferindo se o gado tem origem em áreas com registros de violação ambiental. 

É o que aponta o relatório publicado na quinta (27) por iniciativa do projeto Descarbonização e Política Industrial: Desafios para o Brasil (DIP-BR), conduzido pelo Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GIC/IE-UFRJ).

A equipe de pesquisadores baseou-se em dados de relatórios de monitoramento, como os do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). 

Os registros foram combinados com informações fornecidas por especialistas e entidades do setor, como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), e constatações de estudos anteriores.


Em 2015, com o
Acordo de Paris,
o Brasil se
comprometeu
em reduzir as
emissões de
gases do efeito
estufa em 37%
até 2025 em
comparação
com os níveis
observados em
2005, com foco
em frear o
desmatamento
e as emissões
oriundas da pecuária

Somados, a agropecuária e o desmatamento responderam por 77% das emissões em 2022. A expansão de pastagens sobre áreas florestais é a principal fonte das emissões relacionadas à produção de carne bovina no Brasil. Isso ocorre porque as mudanças no uso da terra, impulsionadas pelo desmatamento, aumentam a liberação de gás carbônico (CO2) na atmosfera. 

“O controle desse tipo de emissão envolve a criação de capacidades estatais para rastrear o rebanho, a fiscalização dos processos de desmatamento e a discussão com a sociedade para garantir vontade política”, explica o professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do DIP-BR, Carlos Frederico Leão Rocha.

O cientista ressalta que a fermentação entérica, um processo natural que acontece durante a digestão do gado, também é responsável por parte significativa das emissões.

 “Ela libera metano, um gás mais potente que o CO2, que permanece na atmosfera por menos tempo e possibilita impactos mais imediatos”, acrescenta. 

De acordo com Rocha, seria possível contornar as emissões desse gás por meio da adoção de um conjunto de medidas, como mudanças na alimentação dos rebanhos e a redução do tempo de abate. 

Também são desejáveis mudanças nos hábitos da população, como a redução consumo de carne bovina per capita, e a continuidade de pesquisas sobre fontes alternativas de proteínas, como a produção de carne por cultivo celular, cujas consequências ainda não são completamente conhecidas pela ciência.

O Brasil se destaca como o maior exportador de carne bovina desde meados de 2022 e seu principal mercado consumidor é a China, destino de 54% da produção. 

O relatório sugere uma tendência de crescimento prevista para os próximos períodos, com um aumento anual de cerca de 6%. Essa relação comercial pode ser crucial para a adoção de medidas de mitigação para a emissão de gases. 

“A União Europeia e o Reino Unido têm exigências com referência à terra de origem do rebanho, pedindo garantias de não serem terras derivadas de desmatamento, enquanto a China não faz as mesmas exigências”, explica Rocha. 

No entanto, esse cenário pode mudar em breve. Em 2023, o país asiático anunciou que começará a exigir rastreabilidade do rebanho a partir de 2025, o que deve aumentar a pressão sobre a produção brasileira para excluir do fornecimento o gado criado em áreas recentemente desmatadas e favorecer um controle maior das emissões.

“O governo anterior expressou claramente oposição aos temas de controle das áreas de pastagem e redução do desmatamento e o Congresso tem sido reticente na aprovação de medidas que possam deter o avanço da produção de gado sobre novas áreas de florestas; é natural que as metas não tenham sido alcançadas”, explica Rocha. 

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