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Fenômenos naturais ameaçam de extinção 10% das espécies de animais vertebrados terrestres

A região neotropical — do sul do México ao norte da Argentina — representa 40% das espécies ameaçadas


Agência Bori
serviço de apoio à imprensa na cobertura da ciência

A região neotropical, que se estende do sul do México até o norte da Argentina, engloba quase 40% das espécies ameaçadas, segundo o estudo. 

Cerca de 10% das espécies de vertebrados terrestres correm risco de extinção nos próximos anos devido a fenômenos naturais como terremotos, furacões, vulcões e tsunamis. 

São quase 4 mil espécies potencialmente ameaçadas e expostas a esses eventos, com uma prevalência significativamente maior em ilhas e regiões tropicais.

As conclusões estão em artigo publicado nesta segunda (17) na revista científica “PNAS”.

O trabalho é assinado por pesquisadores de 20 instituições estrangeiras e brasileiras, incluindo o Centro para Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças no Clima (CBioClima) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Rio Claro, o Instituto Tecnológico Vale (ITV), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 

Os cientistas mapearam como a ocorrência e magnitude desses fenômenos naturais se sobrepõe às áreas de distribuição de anfíbios, aves, mamíferos e répteis.

Para formular a lista de animais ameaçados por novas ocorrências desses fenômenos, os autores selecionaram as espécies que têm menos de mil indivíduos na natureza ou espécies que vivem uma área consideravelmente pequena — menos de 2500 quilômetros quadrados. Isso porque espécies que terão dificuldades em se reproduzir e, consequentemente, recuperar a viabilidade da população diante de eventos naturais críticos.

A região neotropical, que se estende do sul do México até o norte da Argentina, engloba quase 40% das espécies ameaçadas, segundo o estudo. 

A maioria das espécies são suscetíveis a furacões, no Mar do Caribe e no Golfo do México, e a vulcões, terremotos e tsunamis nas regiões do Anel de Fogo do Pacífico.


Sob ameaça da extinção:
papagaio-de-são-vicente
(Amazona guildingii),
nativo das montanhas
densamente florestadas
da ilha caribenha de
São Vicente, nas
Pequenas Antilhas.

Os resultados indicam que 70% das espécies mais suscetíveis são restritas a ilhas. 

A espécie está classificada como em alto risco devido à atividade vulcânica e em risco devido a furacões. O trabalho também destaca que cerca de 30% das espécies vivem completamente fora de áreas protegidas, o que pode aumentar ainda mais o risco de extinção devido ao grande impacto humano em áreas não protegidas.

O pesquisador Fernando Gonçalves exemplifica que espécies como o urso panda, originário da China, e o beija-flor-de-barriga-safira, presente na Colômbia correm risco de extinção extintos por esses fenômenos naturais. 

Segundo sua avaliação, no Brasil, apenas duas espécies correm risco, já que esses eventos não são frequentes no território brasileiro: o lagarto da areia (Liolaemus lutzae), que vive na costa fluminense, e o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus cambaraensis), que vive entre os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. 

A análise considerou o tsunami de baixa magnitude que atingiu a costa do Rio de Janeiro em 2004 e o furacão de baixa magnitude que atingiu a região sul no mesmo ano.

Gonçalves aponta que, quando acontecem no território brasileiro, terremotos, furacões e tsunamis são geralmente de baixa magnitude.

“Apesar de não estar localizado próximo às bordas das placas tectônicas, onde a maioria dos terremotos ocorre, o Brasil ainda possui falhas geológicas que podem gerar atividade sísmica”, explica o autor. “Quanto aos tsunamis, quando ocorrem, geralmente estão associados a eventos localizados, como deslizamentos submarinos e/ou terremotos distantes”.

As conclusões do estudo evidenciam a necessidade de ações intensivas e urgentes de conservação dessas espécies e de seu ambiente.

“Além dos impactos humanos, a frequência e a magnitude dos fenômenos naturais impulsionados pelo clima, como furacões, devem aumentar nos próximos anos, lembra Gonçalves.

O pesquisador afirma que os impactos desses eventos na biodiversidade, apesar de ainda pouco estudados, podem ser significativos.

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