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Dormir melhor é um fator de proteção contra a demência

A adoção de bons hábitos — como ter horário consistente de sono — é uma das medidas para combater a insônia


Andrée-Ann Baril
professor-pesquisador assistente do departamento de medicina da Universidade de Montreal, Canadá

Mateus Pase
professor associado de neurologia e epidemiologia, Monash University, Austrália

The Conversation
plataforma de informação e análise produzida por acadêmicos e jornalistas

A demência é uma perda progressiva de habilidades cognitivas, como a memória, que é significativa o suficiente para ter impacto nas atividades diárias de uma pessoa.

Pode ser causada por diversas doenças, incluindo o Alzheimer, que é a forma mais comum. A demência é causada pela perda de neurônios durante um longo tempo.

Como muitas mudanças no cérebro já ocorreram quando os sintomas aparecem, muitos cientistas estão se concentrando no estudo dos fatores de risco e de proteção para a demência.

Estudo que começou na
década de 40, e prossegue,
confirma que a insônia
compromete a saúde mental

Um fator de risco, ou inversamente, um fator de proteção, é uma condição ou comportamento que aumenta ou reduz o risco de desenvolver uma doença, mas não garante nenhum dos resultados. Alguns fatores de risco para a doença de Alzheimer e demência, como a idade ou a genética, não são modificáveis, mas existem vários outros fatores que podemos influenciar, especificamente os hábitos de vida e o seu impacto na nossa saúde geral.

Esses fatores incluem depressão, falta de atividade física, isolamento social, hipertensão, obesidade, diabetes, consumo excessivo de álcool e tabagismo, além de sono insatisfatório.

Há mais de 10 anos que focamos a nossa investigação na questão do sono, particularmente no contexto do Framingham Heart Study

Neste grande estudo de coorte comunitário, em curso desde a década de 1940, a saúde dos participantes sobreviventes é monitorizada até agora.

Como pesquisadores em medicina e epidemiologia do sono, temos experiência na pesquisa do papel do sono e dos distúrbios do sono no envelhecimento cognitivo e psiquiátrico do cérebro.

Como parte da nossa investigação, monitorizamos e analisamos o sono de pessoas com 60 anos ou mais para ver quem desenvolveu — ou não — demência.

Sono

O sono parece desempenhar um papel essencial em diversas funções cerebrais, como a memória. Um sono de boa qualidade poderia, portanto, desempenhar um papel vital na prevenção da demência.

O sono é importante para manter boas conexões no cérebro. Recentemente, pesquisas revelaram que o sono parece ter uma função semelhante à de um caminhão de lixo para o cérebro: o sono profundo pode ser crucial para eliminar resíduos metabólicos do cérebro, incluindo a limpeza de certas proteínas, como aquelas que se acumulam no cérebro, de pessoas com doença de Alzheimer.

No entanto, as ligações entre o sono profundo e a demência ainda precisam ser esclarecidas.

O que é sono profundo?

Durante uma noite, passamos por vários estágios do sono que se sucedem e se repetem.

O sono NREM (sono sem movimento rápido dos olhos) é dividido em sono NREM leve (estágio NREM1), sono NREM (estágio NREM2) e sono NREM profundo, também chamado de sono de ondas lentas (estágio NREM3). 

Este último está associado a diversas funções restauradoras. Em seguida, o sono REM (sono com movimentos rápidos dos olhos) é o estágio geralmente associado aos sonhos mais vívidos. Um adulto geralmente passa cerca de 15 a 20% de cada noite em sono profundo, se somarmos todos os períodos de sono NREM3.

Diversas alterações do sono são comuns em adultos, como ir para a cama e acordar mais cedo, dormir por períodos mais curtos e menos profundos e acordar com mais frequência durante a noite.

Perda de sono profundo associada à demência

Os participantes do Framingham Heart Study foram avaliados por meio de um registro do sono — conhecido como polissonografia — em duas ocasiões, com aproximadamente cinco anos de intervalo, em 1995–1998 e novamente em 2001–2003.

Muitas pessoas mostraram uma redução no sono profundo de ondas lentas ao longo dos anos, como é de se esperar com o envelhecimento. Por outro lado, a quantidade de sono profundo em algumas pessoas permaneceu estável ou até aumentou.

Nossa equipe de pesquisadores do Framingham Heart Study acompanhou 346 participantes com 60 anos ou mais por mais 17 anos para observar quem desenvolveu demência e quem não.

A perda progressiva de sono profundo ao longo do tempo foi associada a um risco aumentado de demência, qualquer que seja a causa, e particularmente demência do tipo Alzheimer. Esses resultados foram independentes de muitos outros fatores de risco para demência.

Embora os nossos resultados não provem que a perda de sono profundo causa demência, eles sugerem que pode ser um fator de risco nos idosos. Outros aspectos do sono também podem ser importantes, tais como a sua duração e qualidade.

Estratégias para melhorar o sono profundo

Conhecendo o impacto da falta de sono profundo na saúde cognitiva, que estratégias podem ser utilizadas para melhorá-la?

Em primeiro lugar, se você estiver com problemas de sono, vale a pena conversar com seu médico. Muitos distúrbios do sono são subdiagnosticados e tratáveis, particularmente por meio de abordagens comportamentais (isto é, não medicinais).

Adotar bons hábitos de sono pode ajudar, como ir para a cama e acordar em horários consistentes ou evitar luz forte ou azul na cama, como a das telas.

Você também pode evitar a cafeína, limitar a ingestão de álcool, manter um peso saudável, ser fisicamente ativo durante o dia e dormir em um ambiente confortável, escuro e silencioso.

O papel do sono profundo na prevenção da demência ainda precisa ser explorado e estudado. Incentivar o sono com bons hábitos de vida pode ter o potencial de nos ajudar a envelhecer de forma mais saudável.

> Esse artigo foi publicado originalmente em inglês.

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