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Cientistas usam inteligência artificial na busca de vida extraterrestre

Instituto Seti já descobriu oito sinais não identificados até agora que serão estudados

ELAINE ALVES | Jornal da USP
jornalista

Em um artigo publicado na revista Nature Astronomy, pesquisadores do Instituto Seti (sigla em inglês para Busca por Vida Extraterrestre), com sede nos Estados Unidos, utilizaram o aprendizado de máquina para tentar identificar sinais de vida em outros planetas. Ao aplicarem uma técnica de deep learning a um conjunto de estrelas próximas previamente estudadas, cientistas descobriram oito sinais de interesse não identificados anteriormente.

De acordo com Douglas Galante, professor e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, associado ao Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP, para identificarmos vida em outros planetas precisamos buscar por sinais específicos. 

“A vida alterou o planeta Terra quimicamente, transformando a atmosfera em uma atmosfera rica em oxigênio. O sinal químico do oxigênio é um sinal claro para o planeta da presença de vida”, explica. 

Por isso, buscar por sinais como o de oxigênio em outros planetas é um dos pontos de partida.

Entretanto, “o que esse grupo fez foi buscar tecno assinaturas, isto é, assinaturas tecnológicas da presença de vida”, esclarece o professor ao afirmar que, no estudo recém-publicado, o Instituto Seti não buscou identificar seres microscópicos, mas sim civilizações tecnológicas.

Cientistas utilizaram
algoritmos que não
só procuram por
padrões repetitivos

No novo trabalho, os pesquisadores desenvolveram técnicas de busca inteligente extraterrestre por meio do rádio Seti, utilizado na procura de sinais de rádio possivelmente emitidos por civilizações comunicantes, seja para comunicação interna ou interplanetária. 

Para parte da comunidade científica, a premissa dessa investigação é baseada na ideia de que civilizações tecnológicas, em algum momento, irão passar pelo desenvolvimento da tecnologia de rádio. Seguindo essa teoria, Galante esclarece, elas emitiriam ondas eletromagnéticas de seu planeta de origem e, por isso, seria possível identificá-las.

IAs e o futuro da exploração espacial


Desde que os experimentos do Instituto Seti começaram, em 1960, os avanços tecnológicos permitiram que os pesquisadores coletassem cada vez mais dados. E analisar esse número maciço de informações exige a aplicação de novas ferramentas computacionais, como as IAs, que possuem grande capacidade de processamento.

No entanto, sinais “escuros” causados pela interferência do rádio terrestre continuam sendo um obstáculo na busca por vida extraterrestre. Por isso, em trabalhos como o mais recente, cientistas utilizaram algoritmos de inteligência artificial melhorados, que não só procuram por padrões repetitivos, mas também eliminam sinais causados por contaminação da Terra. 

“O projeto Seti procura por sinais característicos de uma tecnologia que esteja tentando se comunicar utilizando algoritmos mais inteligentes do que no passado”, reforça o professor ao afirmar que, na astrobiologia, o uso das inteligências artificiais é positivo por descomplicar processos repetitivos.

No que se refere à busca presencial de sinais de vida, Galante menciona robôs que vasculham a superfície de outros planetas do sistema solar e que, com a ajuda das IAs, não precisariam mais do comando humano para tomarem decisões. 

“Se um robô na superfície de um planeta tivesse inteligência artificial muito avançada, ele poderia tomar suas próprias decisões: para onde ir, o que procurar, o que coletar, o que medir.”

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