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Reportagem revela contratantes de ônibus de terroristas

Veículos somam débitos e infrações no valor de R$ 126 mil; candidato a deputado em SP é dono de empresa que teve ônibus apreendido 

BIANCA MUNIZ, BRUNO FONSECA, KARINA TARASIUK, MATHEUS SANTINO, PAULA BIANCHI, RAFAEL OLIVEIRA, THIAGO DOMENICI | jornalistas
Agência Pública

Diante dos fatos, na madrugada desta segunda-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) do cargo por 90 dias.

A decisão foi tomada no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, do qual Moraes é o relator, ao analisar um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da Advocacia-Geral da União.

Na mesma decisão, o ministro também determinou a apreensão e bloqueio de todos os ônibus identificados pela PF que trouxeram os terroristas para o Distrito Federal. Os proprietários deverão ser identificados e ouvidos em 48 (quarenta e oito) horas, apresentando a relação e identificação de todos os passageiros.

Ônibus da Nogueira Turismo foi
fichado pela PF; dono da empresa,
Maurício Nogueira Dias, foi
candidato a deputado estadual
pelo Republicanos

Ao todo, os 86 veículos teriam mais de R$ 126 mil em débitos; cerca de 72% deles em IPVA, seguido de multas, cerca de R$ 12 mil. Os veículos registrados na capital de São Paulo reúnem a maior parte desses débitos.
 

“Major” dono de empresa de ônibus tem contratos com governo Bolsonaro


Um dos ônibus apreendidos pelo STF está registrado no nome de Rota Brasil Transporte e Fretamento. A empresa tem apenas um sócio: Izaul Moraes de Souza. Nascido em Jataí, em Goiás, ele se apresenta nas redes sociais como um major do Exército Brasileiro, apoiador ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de postagens pedindo intervenção militar no Brasil, ele fez publicações a favor da Ditadura Militar de 1964.

Segundo apuração da Pública, a Rota Brasil de Izaul recebeu R$ 43 mil em recursos do governo federal na gestão de Jair Bolsonaro. Todos os pagamentos foram realizados entre 2020 e 2022.

De acordo com o Portal da Transparência, os contratos se referem à locação de ônibus com motoristas. Um deles, no valor de R$15 mil, foi para a superintendência estadual da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Mato Grosso.

A Rota Brasil também fechou contratos com o Ministério da Defesa para locação de ônibus na Operação Verde Brasil, em 2020. 

A operação foi uma ação do governo federal de Bolsonaro que mobilizou militares através de Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia. A empresa de Izaul firmou R$ 28 mil em contratos com a Defesa para fretamento de ônibus entre cidades do Mato Grosso, como Ladário, Poconé e Sinop.

Em 2020, mesmo ano em que os contratos com o Ministério da Defesa foram firmados, Izaul também recebeu oito parcelas do Auxílio Emergencial, no total de R$ 3,9 mil, segundo o Portal da Transparência. A reportagem também encontrou pagamentos do Auxílio Brasil no nome de Izaul. Ele teria recebido R$ 1,9 mil do benefício entre janeiro e outubro de 2022.

A Pública tentou contato com Izaul e a empresa, mas não teve retorno. A reportagem também procurou o Exército para confirmar se o dono da empresa é de fato militar, mas não teve resposta até a publicação.

Empresários bolsonaristas estão por trás de veículos usados em ato terrorista

Um dos ônibus alvo da decisão de Moraes pertence à Nogueira Turismo, de Franca, São Paulo. O veículo teria mais de R$ 1,3 mil entre multas e licenciamento não pago. O dono da empresa é o empresário e político bolsonarista Maurício Nogueira Dias, que concorreu a deputado estadual em São Paulo pelo Republicanos, na última eleição.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, ele afirma ter aceitado o convite da deputada reeleita Carla Zambelli (PL-SP) e do agora governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) para concorrer em 2022. Além dos dois políticos bolsonaristas, ele também aparece em foto junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro e gravou vídeos com o senador eleito Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e com o filho 03, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reeleito deputado por São Paulo.

Golpistas depredaram
prédios da Praça dos
Três Poderes

Dias é fundador do Conservadores da Alta Mogiana, grupo que organizou um congresso conservador em março do ano passado. O evento contou com a presença de expoentes do bolsonarismo como o atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Capitão Derrite, a médica negacionista Nise Yamaguchi e o deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL-GO), além de Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli.

O dono da Nogueira Turismo recebeu pouco mais de 5 mil votos e não foi eleito, mas acabou como o 11º mais votado de sua cidade, Franca. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou ter recebido cerca de R$ 45 mil do Republicanos, mas não foram informadas despesas. Ele declarou R$ 227,5 mil em patrimônio. A Pública não conseguiu contato com Dias e nem com sua empresa. O espaço segue aberto para manifestações.

Outro veículo apontado pelo STF nos atos terroristas é da empresa Viação Prime, registrada em Jundiaí, São Paulo. À Pública, o sócio da Prime, Henrique Maciel, afirmou que o ônibus em questão foi fretado pela empresa Itnerol, de Várzea Paulista, que teria apenas informado horário de partida, o local de saída e o destino: Brasília. Maciel afirmou repudiar os atos ocorridos no último dia 8 e disse estar tentando contato com seu motorista, sem sucesso.

A Itnerol pertence ao empresário Marcos José Lorenti, que em seu Facebook costuma fazer publicações a favor de Jair Bolsonaro. A reportagem contatou a Itnerol por telefone, mas a funcionária afirmou desconhecer os fatos relatados e informou que o responsável não estava presente.

Jussara Aparecida Heldt, 62 anos, de Limeira, em São Paulo, aparece como sócia-administradora da empresa Transmega Transportes e Turismo, que usa o nome fantasia Alfha Locadora de Veículos. 

A empresa teve três veículos alvos da decisão de Moraes. Em suas redes sociais, Jussara aparece em foto como apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os veículos de sua propriedade somam débitos com IPVA, Licenciamento e Multas no valor de mais de R$ 17,4 mil. Procurada, ela não retornou até a publicação. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Outro dos veículos listados na decisão de Moraes é um ônibus da Nova Canaã Transportes e Turismo, com registro em Marília, no interior de São Paulo. O veículo soma débitos no valor de R$ 1,7 mil, incluindo IPVA. O proprietário da empresa, Eliezer Machado, 42 anos, foi procurado pela reportagem e não retornou até a publicação. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

A Transpasso Fretamento e Turismo, de Jacareí, São Paulo, também tem um veículo identificado pela PF. A empresa pertence a Marcos Leonardo Lopes Vieira e Leandro Delpasso Vieira, que foi candidato a vereador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) em 2020.

A Transpasso confirmou que o veículo é de sua propriedade, mas não informou à Pública quem foi o contratante do aluguel. “São informações confidenciais, não podemos passar informação de cliente”, disse o funcionário.


Quando questionada sobre a utilização do veículo, a empresa disse que não tinha informação sobre os fins do aluguel: “A nossa empresa faz a parte do transporte, não tem ligação nenhuma com o pessoal que contratou. A gente só fez o transporte. A gente tem autorização da agência para poder levar o pessoal e a gente não tem como saber o que que foram fazer lá.”

Um ônibus da transportadora Transcomin também foi alvo do STF. De acordo com o departamento comercial da empresa, o ônibus saiu na sexta-feira (6) às 18 horas do Ginásio do Ibirapuera a caminho de Brasília, com cerca de 40 passageiros. A empresa diz não ter conhecimento prévio do objetivo do fretamento.



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