Pular para o conteúdo principal

Estudo usa o darwinismo para explicar princípios físicos quânticos

Conceito da seleição natural ajuda a compreender a quântica pelo mecanismo da objetividade clássica

JOSÉ TADEU ARANTES / Agência FAPESP
jornalista

Na escala atômica e subatômica, os objetos exibem comportamentos que desafiam a visão de mundo clássica, baseada nas interações cotidianas com a realidade macroscópica. Um exemplo bastante conhecido, entre vários, é o fato de o elétron poder se comportar tanto como uma partícula quanto como uma onda, dependendo do contexto experimental em que é observado.

Para explicar esses dados, que pareciam colocar em xeque a física herdada dos séculos anteriores, modelos autoconsistentes, mas que carregam interpretações contraditórias, foram propostos por cientistas da estatura de Louis de Broglie (1892-1987), Niels Bohr (1885-1962), Erwin Schrödinger (1887-1961), David Bohm (1917-1992) e outros.

Porém, os grandes debates que acompanharam a formulação da teoria quântica, protagonizados principalmente por Einstein e Bohr, não levaram a resultados conclusivos. E a maioria dos físicos das gerações posteriores passou a utilizar equações muitas vezes decorrentes de arcabouços teóricos conflitantes sem se preocupar muito com os conceitos filosóficos subjacentes. As equações “funcionavam” e isso pareceu suficiente. Vários artefatos tecnológicos hoje triviais foram produzidos a partir de aplicações práticas da teoria quântica.

Mas é da natureza humana questionar. E um questionamento importante que se apresentou posteriormente foi o porquê de os comportamentos estranhos e contraintuitivos dos experimentos quânticos não se manifestarem no mundo macroscópico. Para responder a essa pergunta, ou contorná-la, o físico polonês Wojciech Zurek (nascido em 1951) desenvolveu o conceito de “darwinismo quântico”.

Grosso modo, essa hipótese afirma que a interação de um sistema físico com o seu ambiente seleciona certos comportamentos e descarta outros. E que os comportamentos triados por esse tipo de “seleção natural” são exatamente aqueles que correspondem à descrição clássica.

Assim, por exemplo, quando alguém lê este texto, seus olhos recebem fótons que interagiram com a tela de seu computador ou smartphone. Outra pessoa, de outra perspectiva, receberá outros fótons. Mas, apesar de as partículas da tela terem seus próprios comportamentos estranhos, que poderiam levar a imagens completamente diferentes uma da outra, a interação com o meio seleciona apenas um tipo de comportamento e descarta os demais, de modo que as duas leituras acabam acessando o mesmo texto.

Teoria de Darwin dá
significado prático a
alguns sistemas quânticos

Essa linha de investigação teórica foi levada adiante, e com grau ainda maior de abstração e generalização, em um estudo do físico brasileiro Roberto Baldijão. 

O artigo, publicado no Quantum Journal, faz parte da pesquisa de doutorado de Baldijão, orientada por Marcelo Terra Cunha, professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas (IMECC-Unicamp). Também é assinado por Markus Müller, supervisor do estágio de pesquisa de Baldijão na Österreichische Akademie der Wissenschaften, em Viena, Áustria, e outros coautores.

“O darwinismo quântico foi proposto como um mecanismo para obter a objetividade clássica a que estamos acostumados a partir de sistemas inerentemente quânticos. Em nosso trabalho, investigamos quais princípios físicos estariam por trás da existência de tal mecanismo”, diz Baldijão.

Para conduzir sua investigação, o doutorando adotou um formalismo conhecido como Teorias Generalizadas de Probabilidades (GPTs, da expressão em inglês Generalized Probabilistic Theories).

“Esse formalismo possibilita descrever, matematicamente, diferentes teorias físicas. E, assim, compará-las. Possibilita entender também quais teorias obedecem a certos princípios físicos. As teorias quântica e clássica são dois exemplos de GPTs, mas é possível descrever muitas outras”, informa.

Segundo Baldijão, trabalhar com o formalismo de GPTs é muito conveniente, pois ele permite obter resultados válidos mesmo se, em algum momento, a teoria quântica tiver que ser abandonada. Além disso, possibilita aprender ainda mais sobre o formalismo quântico, comparando-o com aquilo que ele não é. Seria possível, por exemplo, tentar reobter a teoria quântica a partir de princípios físicos mais simples, sem assumi-la desde o início. 

“Com base no formalismo de GPTs, podemos responder quais princípios permitem a existência de ‘darwinismo’, sem precisar falar em teoria quântica”, afirma.

O resultado paradoxal obtido pelo pesquisador em sua investigação teórica foi que, para que o cenário clássico apareça por meio de “seleção natural” em teorias que apresentem certas características não clássicas, elas precisam exibir “emaranhamento”. 

“É de fato surpreendente que a manifestação de comportamentos clássicos, por meio do ‘darwinismo’, dependa de uma propriedade notavelmente não clássica, como o emaranhamento”, comenta Baldijão.

Como se sabe, o emaranhamento é uma propriedade essencial da teoria quântica. Ele ocorre quando partículas são geradas ou interagem de tal maneira que o estado quântico de cada partícula não pode ser descrito independentemente das outras, já que depende do conjunto.

O exemplo mais famoso de emaranhamento é o experimento mental conhecido como EPR (Einstein-Podolsky-Rosen). São necessários alguns parágrafos para explicá-lo. Em uma versão simplificada desse experimento, David Bohm imaginou uma situação em que dois elétrons interagiam e, depois, eram afastados por uma distância arbitrariamente grande. A distância entre a Terra e a Lua, por exemplo.



• Saiba por que Darwin cita 17 vezes o alemão que se fixou em SC

Se for medido o spin de um deles, pode-se obter o spin apontando para cima ou para baixo, ambos com a mesma probabilidade. No entanto, pelo modo como interagiram, os elétrons ficam emparelhados. Isto é, se forem medidos os spins dos dois elétrons em uma mesma direção, sempre se obtém um com o spin apontando para cima e o outro com o spin apontando para baixo – não importa qual direção seja escolhida para a medição.

Assim, embora não se saiba qual dos dois elétrons terá spin para cima e qual terá spin para baixo, sabe-se que os resultados sempre serão opostos, devido ao emaranhamento das duas partículas.

Com esse experimento mental, Einstein queria, na verdade, demonstrar que o formalismo da teoria quântica era incompleto. Pois, de seu ponto de vista, o emaranhamento pressupunha que a informação entre as duas partículas viajasse a uma velocidade infinita – o que, segundo a teoria da relatividade, era impossível. 

De fato, como poderiam as partículas distantes “saber” para onde seu spin deveria ser apontado de modo a levar a resultados opostos? Sua ideia era que havia variáveis ocultas atuando localmente por traz da cena quântica e que, se essas variáveis fossem consideradas por uma teoria mais abrangente, a visão de mundo clássica seria reconstruída.

Albert Einstein morreu em 1955. Quase uma década mais tarde, seu argumento foi, de certa forma, desmontado pelo teorema de John Bell (1928-1990), que demonstrou que a hipótese de que uma partícula possua valores definitivos, independentes do processo de observação, e de que seja impossível a comunicação imediata a distância não é compatível com a teoria quântica. Em outras palavras, a não localidade que caracteriza o emaranhamento não seria um defeito, mas uma característica fundamental da teoria quântica.

Além disso, qualquer que seja sua interpretação teórica, a existência empírica do emaranhamento foi demonstrada por vários experimentos posteriores. E, hoje, a preservação do emaranhamento é o principal desafio para o desenvolvimento da computação quântica, pois os sistemas quânticos tendem a perder coerência rapidamente caso interajam com o meio. Esse fato traz o assunto de volta para o “darwinismo”.

“Em nosso trabalho, demonstramos que, se uma GPT apresenta decoerência, é porque existe uma transformação na teoria capaz de implementar o processo de ‘darwinismo’ idealizado que consideramos.

Na mesma linha, se uma teoria possui estrutura suficiente para a realização de computação reversível – isto é, uma computação que sejamos capazes de desfazer –, então também existe uma transformação capaz de implementar ‘darwinismo’. Isso é muito interessante, considerando as aplicações computacionais de GPTs”, diz Baldijão.

Resultado complementar do estudo foi descrever um exemplo de “darwinismo não quântico”, em extensões de um modelo chamado de “teoria-brinquedo de Spekkens”, proposto em 2004 pelo físico Robert Spekkens, atualmente pesquisador sênior no Perimeter Institute for Theoretical Physics, no Canadá. Esse modelo é bastante importante na investigação em profundidade dos fundamentos de teoria quântica, por ser capaz de reproduzir muitos comportamentos quânticos com base em noções bastante clássicas.

“Esse modelo não exibe nenhum tipo de não localidade e é incapaz de violar qualquer desigualdade de Bell. Nós demonstramos que ele pode exibir ‘darwinismo’. De quebra, este exemplo também mostra que as condições que encontramos para garantir a presença de ‘darwinismo’ – a saber, estrutura para decoerência ou para computação reversível –, apesar de suficientes, não são necessárias para que esse processo ocorra em GPTs”, sublinha Baldijão.

“A teoria quântica pode ser considerada uma generalização da teoria de probabilidades, mas está longe de ser a única possível. Um dos grandes desafios em nossa área de pesquisa é entender quais são as propriedades que distinguem as teorias clássica e quântica dentro desse oceano de teorias possíveis. O projeto de doutorado de Baldijão foi explicar como o chamado ‘darwinismo quântico’ poderia eliminar um dos traços mais claramente não clássicos da teoria quântica: a contextualidade, que engloba a noção de emaranhamento”, resume Cunha, o orientador da investigação.

E acrescenta: “Em seu estágio de pesquisa no exterior, no grupo de Markus Müller, em Viena, Baldijão trabalhou com algo ainda mais geral: o processo de ‘darwinismo’ nas chamadas Teorias Generalizadas de Probabilidades. Seus resultados ajudam a entender melhor a dinâmica de certos tipos de teorias, mostrando que o ‘darwinismo’, capaz de preservar apenas os mais adaptados e assim gerar um mundo clássico, não é um processo exclusivamente quântico”.

> O artigo Quantum Darwinism and the spreading of classical information in non-classical theories pode ser acessado em: https://quantum-journal.org/papers/q-2022-01-31-636/.

• Biólogos querem pôr micróbios na 'Árvore da Vida' de Darwin

• Vídeo: veja a importância de Darwin para o pensamento ateísta



Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Canadenses vão à Justiça para que escola distribua livros ateus

René (foto) e Anne Chouinard recorreram ao Tribunal de Direitos Humanos do Estado de Ontário, no Canadá, para que a escola de seus três filhos permita a distribuição aos alunos de livros sobre o ateísmo, não só, portanto, a Bíblia. Eles sugeriram os livros “Livre Pensamento para Crianças” e “Perdendo a Fé na Fé: De Pregador a Ateu” (em livre tradução para o português), ambos de Dan Barker. Chouinard sugeriu dois livros à escola, que não aceitou Os pais recorreram à Justiça porque a escola consentiu que a entidade cristã Gideões Internacionais distribuísse exemplares da Bíblia aos estudantes. No mês passado, houve a primeira audiência. O Tribunal não tem prazo para anunciar a sua decisão, mas o recurso da família Chouinard desencadeou no Canadá uma discussão sobre a presença da religião nas escolas. O Canadá tem cerca de 34 milhões de habitantes. Do total da população, 77,1% são cristãos e 16,5% não têm religião. René e Anne são de Niágara, cidade perto da fronteira com...

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Bento 16 associa união homossexual ao ateísmo

Papa passou a falar em "antropologia de fundo ateu" O papa Bento 16 (na caricatura) voltou, neste sábado (19), a criticar a união entre pessoas do mesmo sexo, e, desta vez, associou-a ao ateísmo. Ele disse que a teoria do gênero é “uma antropologia de fundo ateu”. Por essa teoria, a identidade sexual é uma construção da educação e meio ambiente, não sendo, portanto, determinada por diferenças genéticas. A referência do papa ao ateísmo soa forçada, porque muitos descrentes costumam afirmar que eles apenas não acreditam em divindades, não se podendo a priori se inferir nada mais deles além disso. Durante um encontro com católicos de diversos países, Bento 16 disse que os “cristãos devem dizer ‘não’ à teoria do gênero, e ‘sim’ à aliança entre homens e mulheres no casamento”. Afirmou que a Igreja defende a “dignidade e beleza do casamento” e não aceita “certas filosofias, como a do gênero, uma vez que a reciprocidade entre homens e mulheres é uma expressão da bel...

Eleição de Haddad significará vitória contra religião, diz Chaui

Marilena Chaui criticou o apoio de Malafaia a Serra A seis dias das eleições do segundo turno, a filósofa e professora Marilena Chaui (foto), da USP, disse ontem (23) que a eleição em São Paulo do petista Fernando Haddad representará a vitória da “política contra a religião”. Na pesquisa mais recente do Datafolha sobre intenção de votos, divulgada no dia 19, Haddad estava com 49% contra 32% do tucano José Serra. Ao participar de um encontro de professores pró-Haddad, Chaui afirmou que o poder vem da política, e não da “escolha divina” de governantes. Ela criticou o apoio do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus do Rio, a Serra. Malafaia tem feito campanha para o tucano pelo fato de o Haddad, quando esteve no Ministério da Educação, foi o mentor do frustrado programa escolar de combate à homofobia, o chamado kit gay. Na campanha do primeiro turno, Haddad criticou a intromissão de pastores na política-partidária, mas agora ele tem procurado obter o apoio dos religi...

Existe uma relação óbvia entre ateísmo e instrução

de Rodrigo César Dias   (foto)   a propósito de Arcebispo afirma que ateísmo é fenômeno que ameaça a fé cristã Rodrigo César Dias Acho que a explicação para a decadência da fé é relativamente simples: os dois pilares da religião até hoje, a ignorância e a proteção do Estado, estão sendo paulatinamente solapados. Sem querer dizer que todos os religiosos são estúpidos, o que não é o caso, é possível afirmar que existe uma relação óbvia entre instrução e ateísmo. A quantidade de ateus dentro de uma universidade, especialmente naqueles departamentos que lidam mais de perto com a questão da existência de Deus, como física, biologia, filosofia etc., é muito maior do que entre a população em geral. Talvez não existam mais do que 5% de ateus na população total de um país, mas no departamento daqueles cursos você encontrará uma porcentagem muito maior do que isso. E, como esse mundo de hoje é caracterizado pelo acesso à informação, como há cada vez mais gente escolarizada e dipl...

Quem matou Lennon foi a Santa Trindade, afirma Feliciano

Deus castigou o Beatle por falar ser mais famoso que Jesus, diz o pastor Os internautas descobriram mais um vídeo [ver abaixo] com afirmações polêmicas do pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto. Durante um culto em data não identificada, ele disse que os três tiros que mataram John Lennon em 1980 foram dados um pelo Pai, outro pelo Filho e o terceiro pelo Espírito Santo. Feliciano afirmou que esse foi o castigo divino pelo fato de o Lennon ter afirmado que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. “Ninguém afronta Deus e sobrevive para debochar”, disse. Em 1966, a declaração de Lennon causou revolta dos cristãos, o que levou o Beatle a pedir desculpas. Feliciano omitiu isso. Em outro vídeo, o pastor disse que a morte dos integrantes da banda Mamonas Assassinas em acidente aéreo foi por vontade divina por causa das letras chulas de suas músicas. "Ao invés de virar pra um lado, o manche tocou pra outro. Um anjo pôs o dedo no manche e Deus fulminou aque...

Papa afirma que casamento gay ameaça o futuro da humanidade

Bento 16 disse que as crianças precisam de "ambiente adequado" O papa Bento 16 (na caricatura) disse que o casamento homossexual ameaça “o futuro da humanidade” porque as crianças precisam viver em "ambientes" adequados”, que são a “família baseada no casamento de um homem com uma mulher". Trata-se da manifestação mais contundente de Bento 16 contra a união homossexual. Ela foi feita ontem (9) durante um pronunciamento de ano novo a diplomatas no Vaticano. "Essa não é uma simples convenção social", disse o papa. "[Porque] as políticas que afetam a família ameaçam a dignidade humana.” O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ficou indignado com a declaração de Bento 16, que é, segundo ele, suspeito de ser simpático ao nazismo. "Ameaça ao futuro da humanidade são o fascismo, as guerras religiosas, a pedofilia e o abusos sexuais praticados por membros da Igreja e acobertados por ele mesmo", disse. Tweet Com informação...

Pastor Caio diz que Edir Macedo tem 'tarugo do diabo no rabo'

Caio diz que Macedo usa o paganismo Edir Macedo está com medo de morrer porque sabe que terá de prestar contas de suas mentiras a Deus, disse o pastor Caio Fábio D'Araújo (foto), 56, da denominação Caminho da Graça. “Você [Edir] está com o tarugo do diabo no rabo”, afirmou, após acusar o fundador da Igreja Universal de ter se "ajoelhado" diante dos “príncipes deste mundo para receber esses poderes recordianos” (alusão à Rede Record). Em um vídeo de 4 minutos [segue abaixo uma parte]  de seu canal no Youtube, Caio Fábio, ao responder um e-mail de um fiel, disse que conhece muito bem o bispo Edir Macedo porque já foi pastor da Igreja Universal. Falou que hoje Macedo está cheio de dinheiro e que se comporta como um “Nerinho de Satanás” caminhando para morte e “enganando milhares de pessoas”. O pastor disse que, para Macedo, o brasileiro é pagão, motivo pelo qual o fundador da Igreja Universal “usa o paganismo” como recurso de doutrinação. “Só que Jesu...

Roger Abdelmassih agora é também acusado de erro médico

Mais uma ex-paciente do especialista em fertilização in vitro Roger Abdelmassih (foto), 65, acusa-o de abuso sexual. Desta vez, o MP (Ministério Público) do Estado de São Paulo abriu nova investigação porque a denúncia inclui um suposto erro médico. A estilista e escritora Vanúzia Leite Lopes disse à CBN que em 20 de agosto de 1993 teve de ser internada às pressas no hospital Albert Einstein, em São Paulo, com infecção no sistema reprodutivo. Uma semana antes Vanúzia tinha sido submetida a uma implantação de embrião na clínica de Abdelmassih, embora o médico tenha constatado na ocasião que ela estava com cisto ovariano com indício de infecção. Esse teria sido o erro dele. O implante não poderia ocorrer naquelas circunstâncias. A infecção agravou-se após o implante porque o médico teria abusado sexualmente em várias posições de Vanúzia, que estava com o organismo debilitado. Ela disse que percebeu o abuso ao acordar da sedação. Um dos advogados do médico nega ter havido violê...