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Em culto na Câmara, Michelle Bolsonaro ora pela 'cura' do Brasil

Orações não resolvem os problemas do país

PAULO LOPES / opinião
jornalista

A primeira-dama Michelle Bolsonaro participou nesta quinta-feira (5) de um culto na Câmara do Deputados. De joelho, ela pediu pelo "avivamento" dos três poderes e "cura" para o país — orou e chorou.

“Aleluia, Glória a Deus”, gritaram os parlamentares.

Eis aí um exemplo do que há de errado no país, entre tantas outras coisas.

A Frente Parlamentar Evangélica não poderia celebrar um culto na Câmara, que deveria dar exemplo de respeito à laicidade de Estado. Mas ali celebrações religiosas, principalmente neopentecostais, se tornaram frequentes, como se o regime de governo fosse uma teocracia ou a caminha para tal.

Religião é de fórum íntimo. Orações devem ser feitas nas igrejas e na casa do religioso.

Outra coisa: Michelle fez campanha política antecipada (mal disfarçada) da candidatura do seu marido.

Há a expectativa de que a partir de agora a sra. Michelle obtenha mais visibilidade na campanha extraoficial do marido, para tentar reduzir a elevada rejeição de Bolsonaro entre as mulheres. Vêm aí, portanto, mais orações, choro, pedido de cura.

Cultos e pedidos de "avivamento" não resolvem os problemas do país, mas, sim, propostas concretas de governo, de combate ao desemprego e à miséria. O que, aliás, Bolsonaro não tem apresentado.

Obviamente, não há nenhum problema de a primeira-dama (ou mulher de qualquer candidato) participar da campanha política, desde que não haja atropelo do Estado laico, por exemplo.

A questão, no caso da Michelle, é que ela, para ajudar o marido, só pode rezar, porque não tem condições para sugerir políticas públicas, por falta de conhecimento. E não vai aqui nenhuma discriminação ao fato de ela ser mulher, porque Bolsonaro também não é uma pessoa esclarecida.

O Brasil precisa de menos orações e mais ciência da boa administração.


> Com informação de vídeo da rede social.



Comentários

Anônimo disse…
Não vejo nada de bonito nisso, fica chorando e orando ao mesmo tempo, gritando, só demonstra desequilíbrio, deveriam ter vergonha de ficar passando vergonha dessa forma em público.

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