Pular para o conteúdo principal

Religião não é fonte de moralidade, mas um freio que atrasa a humanidade, afirma Daniel Dennett

Para o filósofo evolucionista, a sociedade está desbancando gradualmente as crenças religiosos como norteadoras do comportamento


Há pessoas que ainda buscam a fonte da moralidade na religião, mas se trata de um equívoco porque hoje ninguém vive como há milhares de anos, na época do Antigo Testamento. A escravidão, por exemplo, é considerada uma ofensa hoje.

A afirmação é do filósofo evolucionista Daniel Dennet, diretor do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade Tufts (EUA).

Para ele, a religião não é o motor da moralidade, mas um freio que atrasa o desenvolvimento da conduta da humanidade. Otimista, diz que a religião tem sido desbancada gradualmente como parâmetro da moralidade.

“Os religiosos não nos guiam, eles agora nos seguem”, argumenta, dando o exemplo de que os católicos passaram a aceitar como normal a homossexualidade.

Uma referência do novo ateísmo, Dennet tem se dedicado a estudar por que somos do jeito que somos e por que pensamos da maneira que pensamos. Inicialmente, a sua perspectiva era a da filosofia e agora seu foco é a ciência.


Dennett afirma que só os
egocêntricos não conseguem
dar um sentido para a vida
ILUSTRAÇÃO: REDE SOCIAL

O professor afirma que o homem é a única espécie que possui causas, além de se reproduzir. “Algumas das causas são absurdas ou erradas, mas esse é o preço de ser humano.”

O que dá sentido à vida é justamente a dedicação a uma causa ou a várias delas, dar uma contribuição à sociedade.

“A forma de ser feliz e viver bem é ajudar em alguma coisa, qualquer coisa. Trazer alguma bondade para o mundo vai fazê-lo feliz e os outros também. Que faça ciência, que procure salvar o ambiente ou proteger qualquer coisa, a arquitetura, um tipo de peixe. Há sempre muitas coisas necessárias para fazer.”

“Somos a única espécie que tem uma perspectiva que não começa nem termina em ter filhos. Em outros animais, a reprodução é o objetivo final. É claro que também temos os impulsos da perpetuação nos nossos genes. Não estaríamos aqui se não fosse isso. Mas como temos língua e cultura, temos outra perspectiva.”

O filósofo afirma que cada pessoa pode fazer ou tentar o que quiser e que só quem é demasiadamente egocêntrico e egoísta não consegue dar um sentido a sua vida.

Para Dennet, o livre arbítrio existe por si só e não depende, portanto, de um determinismo, “como se fosse uma preguiça na física”, diferentemente do que se pensou por milhares de anos.

“O que queremos é tomar decisões com base em nossas razões, no que aprendemos. Repudiamos que a natureza nos jogue aos dados ou à roleta russa. Se faço algo, que seja feito pela minha intenção, que seja devido à minha deliberação e, por vezes, por provas factuais que recolhi. Não quero que a aleatoriedade intervenha nesse processo.”

“Todas as minhas decisões são o produto do meu cérebro, tudo é biologia porque tudo acontece na minha mente.” 

> Com informação do site espanhol de ciência Sinc e de outras fontes. 

Comentários

Anônimo disse…
para os religiosos, pensar nessas causas é um problema, pensar de forma honesta é um problema.
Paul Muadib disse…
Para estes citados, pensar é um problema...
betoquintas disse…
Isso não responde a questão. Moral é um pensamento abstrato, não tem evidência de existência e todos os nossos valores e culturas vieram dos povos antigos, todos religiosos ("pagãos").

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Ateísmo faz parte há milênios de tradições asiáticas

Chico Buarque: 'Sou ateu, faz parte do meu tipo sanguíneo'

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê...

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

Padre acusa ateus de defenderem com 'beligerância' a teoria da evolução

Roger tenta anular 1ª união para se casar com Larissa Sacco

Médico é acusado de ter estuprado pacientes Roger Abdelmassih (foto), 66, médico que está preso sob a acusação de ter estuprado 56 pacientes, solicitou à Justiça autorização  para comparecer ao Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de São Paulo de modo a apresentar pedido de anulação religiosa do seu primeiro casamento. Sônia, a sua segunda mulher, morreu de câncer em agosto de 2008. Antes dessa união de 40 anos, Abdelmassih já tinha sido casado no cartório e no religioso com mulher cujo nome ele nunca menciona. Esse casamento durou pouco. Agora, o médico quer anular o primeiro casamento  para que possa se casar na Igreja Católica com a sua noiva Larissa Maria Sacco (foto abaixo), procuradora afastada do Ministério Público Federal. Médico acusado de estupro vai se casar com procuradora de Justiça 28 de janeiro de 2010 Pelo Tribunal Eclesiástico, é possível anular um casamento, mas a tramitação do processo leva anos. A juíza Kenarik Boujikian Fel...

Médico acusado de abuso passa seu primeiro aniversário na prisão

Roger Abdelmassih (reprodução acima), médico acusado de violentar pelo menos 56 pacientes, completou hoje (3) 66 anos de idade na cela 101 do pavilhão 2 da Penitenciária de Tremembé (SP). Foi o seu primeiro aniversário no cárcere. Filho de libaneses, ele nasceu em 1943 em São João da Boa Vista, cidade paulista hoje com 84 mil habitantes que fica a 223 km da capital. Até ser preso preventivamente no dia 17 de agosto, o especialista em reprodução humana assistida tinha prestígio entre os ricos e famosos, como Roberto Carlos, Hebe Camargo, Pelé e Gugu, que compareciam a eventos promovidos por ele. Neste sábado, a companhia de Abdelmassih não é tão rica nem famosa e, agora como o próprio médico, não passaria em um teste de popularidade. Ele convive em sua cela com um acusado de tráfico de drogas, um ex-delegado, um ex-agente da Polícia Federal e um ex-investigador da Polícia Civil. Em 15 metros quadrados, os quatros dispõem de três beliches, um vaso sanitário, uma pia, um ch...