Pular para o conteúdo principal

Constelação familiar é tóxica e pode causar danos irreparáveis, alerta psicólogo

Técnica se baseia no patriarcalismo

A constelação familiar é uma pseudoterapia que pode causar profundos e irreparáveis danos às pessoas, incluindo o suicídio. O alerta é do psicólogo cognitivo Bruno Farias.

Trata-se de uma abordagem tóxica, diz ele, porque não possui comprovação científica e se baseia em misticismo, preconceitos e na culpa, de acordo com estudos holandeses e alemães.

A técnica promove "o patriarcalismo, misoginia, homofobia e muito mais."

A contundência de Farias na condenação à constelação familiar se contrapõe ao entusiasmo de psicólogos que adotam a prática e de pacientes em busca de cura para males do espírito.

Nos últimos anos, a constelação familiar se popularizou no Brasil, firmando-se ainda mais com a pandemia do coronavírus, embora não tenha o reconhecimento do CFP (Conselho Federal de Psicologia) nem do CFM (Conselho Federal de Medicina).

Desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger (1925-2019), a técnica, de fato, não é fundamentada no método científico, tendo como base a crença de que os espíritos ancestrais podem interferir para resolver nos problemas de cada um.

Hellinger coloca no mesmo caldeirão pitadas de diversas correntes da psicologia e elementos do cristianismo e da cultura do povo zulu, com o qual teve contato quando foi missionário católico na África do Sul.

Para ele, os pais, mesmo quando estiverem errados, sempre devem ser respeitados pelos filhos. Durante as sessões de constelação ocorrem encenações dramáticas, geralmente com choro.

A conexão entre os "espíritos" ancestrais  e seus parentes seria feita por uma "energia" cuja origem ninguém sabe ao certo.

Hellinger acreditava que as pessoas repetem os erros de seus antepassados e que a cura está em perdoar os parentes, os vivos e os mortos. O perdão se estende até mesmo aos estupradores.

“Nas constelações, a mulher nunca pode ter raiva do homem que praticou violência sexual", afirma Farias. "Ela é aconselhada a acreditar que o abuso foi atraído para a vida dela e que existe um aprendizado ali."

"Já vi casos em que o tal aprendizado era fazer a vítima ter humildade e aceitar que a violência sexual era a única forma que aquela pessoa tinha para mostrar que a amava”, diz o psicólogo em uma entrevista à Folha de S.Paulo.

Farias faz referência a estudos segundo os quais a constelação familiar pode levar a "ideação suicida".

"Imagina encaminhar um paciente para uma pseudoterapia que irá culpar a pessoa pelos seus problemas e irá fazê-la acreditar que a depressão foi causada pelo aborto cometido e escondido pela sua tataravó. Os danos são incalculáveis."

O psicólogo lamenta que a prática seja aplicada até mesmo pelo SUS como tratamento complementar.

"Não consigo encontrar explicação para isso. Profissionais da área da saúde, que tenham o mínimo de empatia pelos pacientes, se sentem de coração partido ao ver dinheiro público sendo desperdiçado com práticas tão controversas."

Farias argumenta que, no Brasil, os consteladores familiares invertem o ônus da prova. "Eles querem que nós, cientistas, apresentamos provas de que a constelação familiar não funciona.

"Isso é um absurdo porque "são eles quem precisam desenvolver estudos sérios e provar que a prática é eficiente e segura, mas, até o presente momento, não existe nenhum estudo que possa ser levado a sério".

Comunicação com ancestrais

> Com informação da Folha de S.Paulo e de outras fontes.




Comentários

Anônimo disse…
já perdi um amigo por causa desse assunto " constelação familiar" assim como crentes e bolsonaristas estas pessoas fingem olhar a realidade.
Anônimo disse…
Engraçado que remédio pra câncer acabou, o governo do Bozo não possuí mais dinheiro para fabricar, mas dinheiro pra essa pseudoterapia e outras porcarias como Acupuntura, Heiki, Igreja Universal, pagar com o dinheiro público sempre tem.
Unknown disse…
Que idiota
Anônimo disse…
Ignorante
Anônimo disse…
Existe uma placa de trânsito chamada de cruz de Santos André. Quem não aceitar a existência dessa placa não poderia tira a Carteira Nacional de Habilitação.
LeveMente disse…
Isso depende muito de quem aplica. Acredito que se for por um profissional psicólogo não terá isso de misticismo. O problema que no Brasil as práticas psicológicas não são praticadas somente por profissionais capacitados, dando margem para os charlatões tomarem conta.
Anônimo disse…
Eu tenho duas tias psicólogas que são consteladoras,nossa família é tóxica e elas mal conseguem ajudar a si mesmas ...
Não quero bem tentar curar relações com essa família, acho constelação uma positividade tóxica...quero distância desse tipo de familiar ...minha saúde mental merece respeito e prioridade.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Professor obtém imunidade para criticar criacionismo nas aulas

A Corte de Apelação da Califórnia (EUA) decidiu que um professor de uma escola pública de Mission Viejo tem imunidade para depreciar o criacionismo, não podendo, portanto, ser punido por isso. A cidade fica no Condado de Orange e tem cerca de 94 mil habitantes. Durante uma aula, o professor de história James Corbett, da Capistrano Valley High School, afirmou que o criacionismo não pode ser provado cientificamente porque se trata de uma “bobagem supersticiosa”. Um aluno foi à Justiça alegando que Corbett ofendeu a sua religião, desrespeitando, assim, a liberdade de crença garantida pela Primeira Emenda da Constituição. Ele perdeu a causa em primeira instância e recorreu a um tribunal superior. Por unanimidade, os três juízes da Corte de Apelação sentenciaram que a Primeira Emenda não pode ser utilizada para cercear as atividades de um professor dentro da sala de aula, mesmo quando ele hostiliza crenças religiosas. Além disso, eles também argumentaram que o professor não ...

Caso Roger Abdelmassih

Violência contra a mulher Liminar concede transferência a Abelmassih para hospital penitenciário 23 de novembro de 2021  Justiça determina que o ex-médico Roger Abdelmassih retorne ao presídio 29 de julho de 2021 Justiça concede prisão domiciliar ao ex-médico condenado por 49 estupros   5 de maio de 2021 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico Abdelmassih 26 de fevereiro de 2021 Corte de Direitos Humanos vai julgar Brasil por omissão no caso de Abdelmassih 6 de janeiro de 2021 Detento ataca ex-médico Roger Abdelmassih em hospital penitenciário 21 de outubro de 2020 Tribunal determina que Abdelmassih volte a cumprir pena em prisão fechada 29 de agosto de 2020 Abdelmassih obtém prisão domicililar por causa do coronavírus 14 de abril de 2020 Vicente Abdelmassih entra na Justiça para penhorar bens de seu pai 20 de dezembro de 2019 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico estuprador 19 de novembro de 2019 Justiça cancela prisão domi...

Reação de aluno ateu a bullying acaba com pai-nosso na escola

O estudante já vinha sendo intimidado O estudante Ciel Vieira (foto), 17, de Miraí (MG), não se conformava com a atitude da professora de geografia Lila Jane de Paula de iniciar a aula com um pai-nosso. Um dia, ele se manteve em silêncio, o que levou a professora a dizer: “Jovem que não tem Deus no coração nunca vai ser nada na vida”. Era um recado para ele. Na classe, todos sabem que ele é ateu. A escola se chama Santo  Antônio e é do ensino estadual de Minas. Miraí é uma cidade pequena. Tem cerca de 14 mil habitantes e fica a 300 km de Belo Horizonte. Quando houve outra aula, Ciel disse para a professora que ela estava desrespeitando a Constituição que determina a laicidade do Estado. Lila afirmou não existir nenhuma lei que a impeça de rezar, o que ela faz havia 25 anos e que não ia parar, mesmo se ele levasse um juiz à sala de aula. Na aula seguinte, Ciel chegou atrasado, quando a oração estava começando, e percebeu ele tinha sido incluído no pai-nosso. Aparentemen...

Seleção feminina de vôlei não sabe que Brasil é laico desde 1891

Título original: O Brasil é ouro em intolerância Jogadoras  se excederam com oração diante das câmeras por André Barcinski para Folha Já virou hábito: toda vez que um time ou uma seleção do Brasil ganha um título, os atletas interrompem a comemoração para abrir um círculo e rezar. Sempre diante das câmeras, claro. O mesmo aconteceu sábado passado, quando a seleção feminina de vôlei conquistou espetacularmente o bicampeonato olímpico em cima da seleção norte-americana, que era favorita. O Brasil é oficialmente laico desde 1891 e a Constituição prevê a liberdade de religião. Será mesmo? O que aconteceria se alguma jogadora da seleção de vôlei fosse budista? Ou mórmon? Ou umbandista? Ou agnóstica? Ou islâmica? Alguém perguntou a todas as atletas e aos membros da comissão técnica se gostariam de rezar o “Pai Nosso”? Ou será que alguns se sentiram compelidos a participar para não destoar da festa? Será que essas manifestações públicas e encenadas, em vez de prop...

Por que é absurdo considerar os homossexuais como criminosos

Existem distorções na etimologia que vem a antiguidade AURÉLIO DO AMARAL PEIXOTO GAROFA Sou professor de grego de seminários, também lecionei no seminário teológico da igreja evangélica e posso dizer que a homofobia católica e evangélica me surpreende por diferentes e inaceitáveis motivos. A traduções (traições), como o próprio provérbio italiano lembra ( traduttore, tradittore ) foram ao longo dos séculos discricionariamente destinadas a colocar no mesmo crime etimológico, categorias de criminosos sexuais que na Antiguidade distinguiam-se mais (sobretudo na cultura grega) por critérios totalmente opostos aos nossos. O que o pseudoepígrafo que se nomeia Paulo condenava eram os indivíduos de costumes torpes, infames, os quais se infiltravam em comunidades para perverter mocinhas e rapazinhos sob pretexto de "discipulado" e com fins de proveito sexual. Nada diferente de hoje, por isso vemos que a origem da efebofilia e pedofilia católica e evangélica é milenar. O fato...

Secretaria do Amazonas critica intolerância de evangélicos

Melo afirmou que escolas não são locais para mentes intolerantes Edson Melo (foto), diretor de Programa e Políticas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas, criticou a atitude dos 14 alunos evangélicos que se recusaram a apresentar um trabalho sobre cultura africana para, segundo eles, não ter contato com as religiões dos afrodescendentes. “Não podemos passar uma borracha na história brasileira”, disse Melo. “E a cultura afro-brasileira está inclusa nela.” Além disso, afirmou, as escolas não são locais para “formar mentes intolerantes”. Os evangélicos teriam de apresentar em uma feira cultural da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, em Manaus, um trabalho dentro do tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade". Eles se negaram porque, entre outros pontos, teriam de estudar candomblé e reagiram montando uma tenda fora da escola para divu...

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

CRP dá 30 dias para que psicóloga deixe de fazer proselitismo religioso

No noticiário, casos de pastores pedófilos superam os de padres