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Teoria da evolução atualiza a classificação dos seres vivos após 285 anos

Tainá Lourenço / Jornal da USP     O universo científico criou nova forma de classificar os organismos vivos 285 anos após a invenção do Systema Naturae pelo botânico sueco Carlos Lineu. 

A nova proposta, publicada nos livros PhyloCode e Phylonym, leva em consideração a Teoria da Evolução de Charles Darwin e foi organizada por cerca de 200 especialistas.

Entre os responsáveis pela nova classificação, o professor Max Cardoso Langer, do Departamento de Biologia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, explica que a modificação foi necessária porque a invenção de Lineu é anterior à teoria de Darwin e, naquela época, classificou os organismos pelas características anatômicas. 



Lineu não sabia que “os organismos mudam morfologicamente ao longo do tempo”, mas, apesar disso, “o sistema de denominação permanece sendo como o daquela época”.

Como exemplo do motivo das mudanças, o professor cita o caso dos seres vivos classificados como aves simplesmente por possuírem penas. 

Conta que essa forma de definir as espécies entrou em contradição quando descobriram que alguns dinossauros também tiveram penas. Portanto, “ter penas não significa que a espécie faz parte de uma única linhagem evolutiva, porque essas penas podem ter aparecido em vários outros momentos”, afirma.

Para o novo sistema, cientistas buscaram por linhagens evolutivas dos seres para então defini-los. “Ao invés de definir as aves como os animais que têm penas, podemos definir, por exemplo, colocando todas as aves viventes em uma árvore filogenética e descer a linha de ancestralidade até chegar a um único ancestral comum. Todas as espécies que descendem desse ancestral comum serão chamadas aves.”

Assim, as regras propostas para nomear as espécies seguem a história evolutiva de cada uma, comenta Langer sobre o PhyloCode. 

Para o professor, a publicação consagra um novo período para a nomenclatura filogenética, já que os conceitos propostos anteriormente não serão excluídos. 

“Nós vamos continuar falando gênero Homo e hominídeos, por exemplo”, mas a forma de defini-lo será descartada e “vamos começar do zero agora, como foi feito com o Systema Naturae de Lineu.”

A atualização foi necessária, pois “a maneira como os nomes eram dados era pré-evolutiva”. Segundo o professor, não havia sentido em classificar espécies que estão em constante mudança, sem levar em consideração a Teoria da Evolução. 

“Era como se estivéssemos, por exemplo, classificando cadeira, tipos de parafusos e televisão, coisas estáticas. Nós sabemos que a vida evolui e as espécies mudam de uma para a outra ao longo dos anos. Então, não tinha sentido não ter a evolução como princípio básico na maneira de classificar essas espécies.”

Resultado de mais de 20 anos de trabalho, PhyloCode e Phylonym são assinados pelos pesquisadores Kevin de Queiroz, do Museu Nacional de História Natural de Washington, e Philip Cantino, professor da Universidade de Ohio, dos EUA.

Langer participou da produção do Phylonym como autor de alguns conceitos sobre dinossauros como os Dinosauria, Saurischia e Sauropodomorpha.










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