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Mandetta pede pacto social para enfrentar a Covid-19 e expõe problemas com Bolsonaro

Maria Fernanda Guimarães   Além de criticar indiretamente às atitudes  negacionistas de Jair Bolsonaro e de apontar os muitos erros científicos  e de avaliação nos posts dos filhos do presidente, o ministro da Saúde Luís Henrique Mandetta praticamente pediu um novo pacto social no enfrentamento do coronavírus.

Pela primeira vez,  entrevista coletiva contou com a presença de 6 ministros de Estado e ocorreu não no prédio do Ministério da Saúde, mas no Palácio do Planalto.


Assim, participaram da coletiva,  ministro da Casa Civil, Braga Netto e os ministros  Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e André Mendonça (Advocacia-Geral da União), além do próprio Luís Henrique Mandetta (Saúde).

Foi uma "saia justa" para Mandetta, mas isso não o impediu de falar o que quis e de mandar seu recado elogiando governadores, os secretários de saúde, os favelados e insistindo que neste momento a única prevenção possível é o distanciamento social.

 Problema transversal


"O problema do coronavírus é transversal", disse o minisgtro Braga Netto, da Casa Civil.

"Não abrange apenas o Ministério da Saúde, mas afeta todos os Ministérios envolvidos, para que possamos dar informação à população brasileira de todos os esforços do governo",  comentou, ao justificar a coletiva no Planalto e com mais ministros.

"A partir de hoje, esse será o novo formato da coletiva, sempre com a participação de mais de um ministério, para que possa trazer esclarecimentos a toda população brasileira do esforço que está sendo feito pelo governo".

Pode ser uma forma de esvaziar o protagonismo do ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta. E uma resposta do  "gabinete de crise" do Planalto  próprio presidente Jair Bolsonaro que, em sua costumeira falta de polidez teria dito a assessores estar "de saco cheio de Mandetta".

Esse "gabinete da crise" que tem o nome oficial de Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19 foi criado por decreto pelo próprio presidente Bolsonaro dia 24 de março de 2020. O gabinete é composto por 2 representantes do governo federal e é coordenado pelo subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Heitor Freire de Abreu.

Em política... 


Quando indagado se poderia pedir demissão,   o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, adiantou-se:  “Não existe possibilidade, por enquanto...”.

Ao que  ministro Mandetta  comentou, com um toque de ironia: “em política, quando se fala que não existe possibilidade...” E completou:  “Enquanto eu estiver nominado, vou trabalhar com ciência, técnica e planejamento.”

Mandetta falou o que quis 


Mesmo assim,  depois da entrevista  coletiva com o grupo de ministros, Mandetta ficou sozinho com os demais técnicos da Ministério da Saúde.  E falou o que quis. E até[e pediu desculpas à Imprensa por ter criticado a atitude dos jornalistas no sábado. "Quando a gente erra, tem que pedir desculpas".


Em toda a sua fala e nas  respostas aos jornalistas presentes, Mandetta citou por muitas ocasiões, os termos "técnico" e "científico" e "planejamento" ao explicar a abordagem, as orientações e condutas do seu Ministério frente à pandemia da Covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2. 

Como resposta às atitudes de Bolsonaro, Mandetta reforçou: "no momento, a gente deve manter o máximo grau de distanciamento social, para que a gente possa, nas regras que estão nos estados, dar tempo para que o sistema [de saúde] se consolide na sua expansão. E aconselhou a população: por enquanto, mantenham as recomendações dos estados".

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Pacto social

Ao pedir uma espécie de novo pacto social no enfrentamento ao coronavírus, ele disse que precisa contar "com a integração com as secretarias de Saúde dos Estados" e com as parcerias público-privadas, citando os testes que serão feitos com o apoio da Dasa e com doações de empresas.

"Temos dialogado com os secretários [dos estados, da Saúde] dentro do que é técnico, cientifico do que é preciso ter na Saúde para que a gente possa imaginar qualquer tipo de movimentação que não é essa que a gente está', afirmou 

Por diversas vezes, Mandetta insistiu que o distanciamento social é importante para não  sobrecarregar o sistema de saúde nos dias que virão. 

"Nunca me prendo a prazo, a dia a data. Todos os países que se prenderam a datas e eventos, como Páscoa e Semana Santa, tiveram de voltar atrás" — disse Mandetta.

"Não acredito em quarentena vertical ou  horizontal, nada disso. Não tem fórmula pronta -- advertiu o ministro numa crítica direta a empresários e aos filos dos presidentes que publicam em redes sociais críticas à política de distanciamento social.

"Vamos criar nossa dinâmica social com todos juntos -- conclamou.  Que o pacto político ocorra:  peço para os s Governadores, por favor, prestem atenção, chamem seus secretários para ficarem atentos.  Eu preciso da Imprensa, preciso do STF, preciso do Governo Federal, preciso dos Governos Municipais.  É preciso todo mundo entender que vamos  ter um código de comportamento, de distanciamento entre pessoas, de evitar aglomeração,  de funcionar, para que a gente não morra de paralisia, mas também não ter um frenesi que nos cause um megaproblema [de casos de óbito] , como  ocorrendo nos outros países.  Vamos ser muito inteligentes, muito jeitosos".

Elogio  às favelas

No mesmo contexto de união da sociedade em torno da ideia de distanciamento social, Mandetta cumprimentou de forma especial os líderes das favelas e comunidades do Rio de Janeiro.

"Parabéns às  favelas e às comunidades do Rio de Janeiro. Eu as conheço, pois estudei aí. Fiz ação voluntária tanto no Vidigal quanto na Rocinha quando acadêmico de Medicina. Parabéns Maré. Parabéns Heliópolis e Paraisópolis [comunidades paulistanas].  Mas falo das do Rio, porque as conheço. Parabéns pelo exemplo de dignidade, de comportamento, de inteligência. Parabéns. É muito importante que os líderes  deste País assumam suas lideranças e protejam suas comunidades", finalizou.  





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