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Caso brasileiro será exemplar para 'tolerância zero' da Igreja Católica

por Maria Fernanda Guimarães

A comissão de abuso sexual do Vaticano, que oficialmente se chama Proteção Mundial de Menores na Igreja, pretende usar o caso do padre Pedro Leandro Ricardo (na foto, à direita), da Diocese de Limeira (SP) como exemplo da nova política da Igreja contra os crimes de abuso sexual e corrupção financeira na Igreja Católica. O encontro que começa neste dia 21 vai até 24 de fevereiro em Paris.

Os chamados "Escândalos da Diocese Limeira" — ocorridos em Limeira, Araras e Americana (SP) — serão utilizados pelo Vaticano como paradigma da "nova Igreja", de como enfrentar as denúncias de pedofilia e de como criar políticas claras para expulsar esses padres.

A Diocese de Limeira está às voltas com dois problemas: denúncias de abuso sexual contra o ex-reitor e ex-pároco da Basílica de Santo Antônio de Pádua, em Americana (SP), padre Pedro Leandro Ricardo, e acusações de extorsão e de desvios financeiros do bispo Vilson Dias de Oliveira (na foto, à esquerda) que fora nomeado para o episcopado em 2007 por Bento 16.

Dom Vilson (esq.) 
investigado por extorsão e
desvio financeiro e padre
Pedro Leandro Ricardo, 
suspenso por acusações
de abuso sexual

Em resumo: padre Leandro está sendo investigado por abusar sexualmente de vulneráveis e pelas suspeitas de que tenha desviado R$ 1 milhão dos cofres da diocese. Dom Vilson Dias seria o destinatário do dinheiro e em troca daria suas bênçãos de silêncio às predações sexuais do padre.

Fontes da Santa Sé afirmaram sob sigilo a repórteres de O Globo que o bispo Vilson Dias de Oliveira será afastado durante as investigações e que o padre Pedro Leandro Ricardo deverá ser expulso da Igreja.

Investigação dupla

Além dos inquéritos policiais — que correm na Delegacia Seccinal de Americana, sob liderança do delegado José Luiz Joveli — há outro, eclesial, determinado pelo núncio apostólico dom Giovanni d'Aniello — "embaixador" do Vaticano no Brasil.

O núncio d'Aniello nomeou o bispo de Lorena (SP), dom João Inácio Müller o "chefe das investigações".Os detalhes do caso constam do inquérito policial instaurado em Americana no dia 23 de janeiro, a pedido da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público (MP) Estadual. O inquérito registrado sob o nº 2022503-24.2019.070370 corre em segredo de Justiça.

De sua parte, o bispo Müller está correndo. Ele ouviu já diversos depoimentos de supostas vítimas e ampliou a oitiva da comunidade católica da região, para além dos presbíteros.

As denunciações contra padre Leandro já foram feitas por um ex-seminarista, um vendedor, uma funcionária pública transsexual e um professor. Mais duas supostas vítimas teriam ligados à Delegacia Polícia Civil de Araras (SP) — cidade vizinha tanto à Americana quanto a Limeira. Inquéritos foram abertos nas três cidades.

Casos antigos


Quem recebeu inicialmente as graves informações foi o gabinete da Leci Brandão (PCdoB), por um “dossiê” de 74 páginas relatando os supostos crimes cometidos pela dupla de religiosos. A deputada remeteu os documentos para o Ministério Público do Estado de São Paulo. Pelo dossiê, os crimes imputados à dupla padre e bispo do Clero teriam ocorrido entre 2008 e 2014 em Americana, com repetições similares em Limeira e Araras, onde o padre atuara anteriormente, antes de assumir seu posto em Americana.

Com informações de O Globo, O Globo, G1, O Liberal e Estadão, com foto de divulgação.


















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