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Tony Bellotto fala sobre ateus que o tiraram do armário

Bellotto (foto) escreveu que Dawkins
 e Hitchens  são pensadores guerreiros
por Tony Bellotto

Sou ateu. Mas procuro não encher o saco de ninguém por conta disso. Não vejo tanta diferença, ou importância, em crer ou não crer em deus (meu deus, como o de Saramago, é com dê minúsculo).

De uns tempos pra cá, porém, cedendo ao clamor de pensadores guerreiros como Richard Dawkins e Christopher Hitchens, saí do armário.

As recentes contendas inspiradas por fundamentalismo e fanatismo religioso, mais a constante intolerância beligerante das chamadas bancadas religiosas, que sempre tentam impedir que se discutam no Brasil questões urgentes como descriminalização do aborto, pesquisas com células-tronco, união homossexual etc etc, acrescidas de alguns detalhes irritantes, como cédulas de Real (moeda de um estado laico) ostentarem o dizer “Deus Seja Louvado”, o papa Ratzinger conclamar fiéis a não usarem preservativos e escolas sérias considerarem Criacionismo ciência, me motivaram a pegar em armas (figuradas, as únicas armas de que disponho são a pena e a guitarra) contra o sectarismo, ofensa à inteligência, abuso da paciência e exploração da ignorância que muitas vezes as religiões promovem.

Nada muito glorioso, concordo. Ou profundo.

Meu ativismo ateísta se limita a meia dúzia de crônicas sobre o assunto no blog da "Veja.com", produzidas no tempo em que colaborei com a publicação — ainda estão lá disponíveis, sendo “Impasses de um ateu” minha crônica com maior número de comentários, quase 400 —, e a elaboração de um inusitado Kit Ateísmo com que cogito presentear amigos de vez em quando.

O Kit consiste de livros, basicamente "Deus, um delírio", de Dawkins, "Deus não é grande", de Hitchens, e "Carta a uma nação cristã", de Sam Harris.

Em alguns casos incluo também '"Aprender a viver", de Luc Ferry, O mundo assombrado pelos demônios, de Carl Sagan, e Por que não sou cristão, de Bertrand Russel.

Casos excepcionais podem contar com a inclusão de A origem das espécies, de Darwin, Assim falou Zaratustra, de Nietzsche e um ou outro artigo de Drauzio Varella.

Recentemente, depois de ler Últimas palavras, de Christopher Hitchens, e Patrimônio, de Philip Roth, comecei a elaborar também um Kit Morte.

O livro de Hitchens traz seus últimos escritos, já convivendo com o câncer que o mataria, e trata com muita sensibilidade, inteligência e bom humor — sem nunca resvalar na pieguice — o fato de estar morrendo.

O de Roth é o brilhante depoimento do escritor — com sua conhecida e refinada técnica narrativa, aqui imbuída de uma surpreendente emotividade — sobre a morte do pai.

Segundo Luc Ferry, o medo da morte é a gênese de todas as religiões. A grande diferença entre um ateu e um crente talvez seja que os ateus, ao contrário dos crentes, paradoxalmente acreditam na morte.

Tony Bellotto é guitarrista da banda Titãs. Esse texto foi publicado originalmente no blog da Companhia das Letras. 





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