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Viver como se fosse o último dia foi a filosofia de Jobs e de Loyola

por Antonio Spadaro para o blog Cyberteologia

"Lembrar que eu estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida": essas são as palavras que Steve Jobs pronunciou no dia 12 de junho de 2005 em um famoso discurso aos formandos de Stanford. Esse commencement address [discurso de formatura] foi, para ele, uma oportunidade única para falar sobre si mesmo. Reler esse discurso no dia em que Steve Jobs morreu é, talvez, uma boa forma para honrá-lo.

Steve Jobs e Inácio de Loyola:  a vida 
sempre diante da dimensão da morte  
Steve tem razão. As suas palavras ecoam as de Inácio de Loyola, o fundador dos jesuítas, que considera que uma forma de fazer uma boa escolha na vida consiste em fazer "como se eu estivesse à beira da morte; e assim, regulando-me por ela, tomarei com determinação a minha decisão" (Exercícios Espirituais, 186). 

A morte não é, no caso de Inácio e de Steve, um espantalho, mas sim a constatação de que os temores, os embaraços e as futilidades desaparecem perante o pensamento da morte, e só resta o que realmente conta, aquilo que para nós é realmente importante.

Não sei se Jobs era um crente. Desse discurso, não se deduz muita coisa. Aqui, eu falo simplesmente da disposição interior a fazer escolhas significativas na vida, apontando para aquilo que importa. Nenhum ser humano, crente ou não crente, pode fazer escolhas na vida pensando em si mesmo como imortal.

Steve diz isso de uma maneira fantástica, com uma pequena frase do nada: "Você já está nu". Exato. Lemos no Livro de Jó: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para o seio da terra" (1, 21). Considerar a nossa nudez é o caminho de uma sabedoria de vida, o único que é capaz de nos fazer dizer, como Steve fez no intraduzível encerramento do seu discurso: "Stay hungry. Stay foolish", isto é, permaneçam com fome, permaneçam tolos.

Sobretudo, o pensamento de estarmos nu e sermos mortais nos leva a viver intensamente. Steve diz: "Você tem que encontrar o que você ama". E parece ecoar Inácio de Loyola que, em seus Exercícios Espirituais, insiste constantemente em entender e perguntar "o que eu quero e desejo" verdadeiramente (por exemplo, Exercícios, 48).

Só quem sabe que a própria vida é nua e sempre será não perderá tempo para fingir de se cobrir, de ser jovem eternamente, de pensar que se é o dono do mundo, mas saberá que a vida tem em si uma fome profunda. É essa fome, reconhecida expressamente na sua fé profunda, que leva Inácio de Loyola a escrever: "Prefiro ser considerado vão e louco por Cristo, que por primeiro foi tudo por tal, a ser sábio e prudente segundo este mundo" (Exercícios espiritual, 167).

O que importa é ter uma visão neste mundo e perceber que ela se torna uma missão para fazer deste mundo um lugar melhor.

Teóloga comenta a morte do deus tecno-humano da religião Apple.
outubro de 2011

Comentários

Bia Alencar disse…
Jobs foi um grande homem, que revolucionou nossas vidas!
R.I.P Steve Jobs
Anônimo disse…
Religião é um osso que os
cachorros não querem largar
de jeito nenhum, e se você
tenta lhes tirar o osso eles
rosnan e te morde.
Anônimo disse…
Dois grandes exemplos!
E também a de Buda -- e Jobs era assumidamente Budista. Mas o comentarista, provavelmente católico, tenta puxar a brasa para a sua sardinha.

Não corras atrás do passado, não busques o futuro. O passado acabou. O futuro ainda não chegou. Vê, claramente, diante de ti, o agora. Quando o tiveres encontrado, viverás tranquilo e imperturbável estado mental.

^
Isso não é Loyola, é Siddharta.
Anônimo disse…
o Esteves "acho" q viveu, ou furunfou, já o padreco...sei não...por isto, vc q fica endeusando o dolar, fica ai viu...e não furunfa não.

Zé do mato.
Em busca da Verdade disse…
WTF O.o

"Não corras atrás do passado, não busques o futuro. O passado acabou. O futuro ainda não chegou. Vê, claramente, diante de ti, o agora. Quando o tiveres encontrado, viverás tranquilo e imperturbável estado mental."
@ jose nem vi isso no texto u.u

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