trecho de palestra de Luiz Felipe Pondé, filósofo pessimista
Por que o pessimismo seria mais inteligente? Na realidade, não acho que o pessimismo seja mais inteligente. Acredito no pessimismo como dúvida em relação às festas que criamos por conta do nosso suposto sucesso. Funciona como uma espécie de controle de qualidade, como uma contínua avaliação do que poderíamos chamar de uma dimensão de sombra de tudo que o ser humano faz.
Pessimismo e otimismo são atitudes filosoficamente necessárias o tempo todo quando estamos analisando problemas. Principalmente diante da força, fúria e capacidade criativa que a modernidade tem em termos técnicos e que por si só traz uma hibris descontrolada.
Semana passada, conversei com uma jornalista da revista Elle sobre essa nova moda do chamado unplugged day, pessoas que escolhem um dia da semana para se desconectarem do mundo da comunicação, que é absolutamente necessário para girar a vida hoje em dia. Quem, de vez em quando, não percebe como acabamos presos às ferramentas que criamos para nosso próprio sucesso?
Quando percebemos isso temos certa crise de pessimismo, o que os filósofos previram há dois mil e quinhentos anos.
> Artigos de Luiz Felipe Pondé.
Por que o pessimismo seria mais inteligente? Na realidade, não acho que o pessimismo seja mais inteligente. Acredito no pessimismo como dúvida em relação às festas que criamos por conta do nosso suposto sucesso. Funciona como uma espécie de controle de qualidade, como uma contínua avaliação do que poderíamos chamar de uma dimensão de sombra de tudo que o ser humano faz.
Pessimismo e otimismo são atitudes filosoficamente necessárias o tempo todo quando estamos analisando problemas. Principalmente diante da força, fúria e capacidade criativa que a modernidade tem em termos técnicos e que por si só traz uma hibris descontrolada.
Semana passada, conversei com uma jornalista da revista Elle sobre essa nova moda do chamado unplugged day, pessoas que escolhem um dia da semana para se desconectarem do mundo da comunicação, que é absolutamente necessário para girar a vida hoje em dia. Quem, de vez em quando, não percebe como acabamos presos às ferramentas que criamos para nosso próprio sucesso?
Quando percebemos isso temos certa crise de pessimismo, o que os filósofos previram há dois mil e quinhentos anos.
Pessoa muito confiante em si mesma pode se tornar facilmente em pessoa extremamente perigosa. Pessoa que acredita plenamente nela mesma é sempre um problema. Uma certa dúvida consigo mesmo me parece fundamental para não virarmos monstros.
O pessimismo na filosofia e nas ciências humanas, no momento contemporâneo, tem uma função de vigília, de um certo cuidado, porque, quando o ser humano fica excessivamente apaixonado por si mesmo, apaixonado por suas potências, por suas capacidades, se torna perigoso.
É como a experiência moderna, que encerra em si mesmo e simultaneamente o avanço e o risco de sua técnica. Não significa abrir mão dos avanços técnicos. Me parece filosoficamente ingênuo e infantil achar que o debate se trata de “ser contra a modernidade” ou “ser a favor da modernidade”. Não se trata da ciência, trata-se do uso dela.
O pessimismo na filosofia e nas ciências humanas, no momento contemporâneo, tem uma função de vigília, de um certo cuidado, porque, quando o ser humano fica excessivamente apaixonado por si mesmo, apaixonado por suas potências, por suas capacidades, se torna perigoso.
É como a experiência moderna, que encerra em si mesmo e simultaneamente o avanço e o risco de sua técnica. Não significa abrir mão dos avanços técnicos. Me parece filosoficamente ingênuo e infantil achar que o debate se trata de “ser contra a modernidade” ou “ser a favor da modernidade”. Não se trata da ciência, trata-se do uso dela.
A ciência é um método. O problema é que ela produz resultados de uma força experimental muito grande. Quando você associa ciência a intenções políticas, a intenções de descobrir como o ser humano deve ser, é necessário operar nesse equilíbrio que o senso comum chama de pessimismo e otimismo.
Transcrição do site Fronteira do Pensamento com foto de Misha Gordin.
janeiro de 2011
> Artigos de Luiz Felipe Pondé.
Comentários
O ser humano em geral, sempre fomos a espécie mais perigosa do planeta e cada dia aprimoramos mas nossa periculosidade,independentemente de acreditarmos ou não em nós mesmo. Tudo em excesso faz mal não só a confiança. Fatima.
A carreira de Pondé exige que ele seja prolixo. A filosofia é naturalmente prolixa. Um filósofo tem que dizer algo muitas e muitas vezes (seja lá que merda for) para justificar sua profissão. E olha que ele fala em diversos veículos de informação, sem mencionar que é professor e, portanto, formador de mentes. Eu fico imaginando a molecada riquinha se empanturrando com a sapiência desse sujeito.
Como saber? Não sabemos e o Pondé sempre terá o benefício da dúvida.
Postar um comentário