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Beatificação de JP 2º foi rápida para agradar o catolicismo tradicional

Título original: Caso prova que há critérios políticos para santificação

por João Batista Natali para Folha

Bento 16 [caricatura] matou ontem dois coelhos com uma cajadada só. Sinalizou mais uma vez a orientação política de seu pontificado e neutralizou a impressão de que apenas gasta energia para se defender das acusações de pedofilia na hierarquia eclesiástica.

Seu antecessor João Paulo 2º (1920-2005) será declarado beato em 1º de maio. Qualquer católico militante argumentaria que existem razões teológicas de sobra para isso.

Mas a questão é outra. A beatificação - que colocará o papa ao lado do jesuíta José de Anchieta, que morreu em 1597, e de outro papa, João 23 (1881-1963) - queimou etapas para satisfazer o catolicismo mais tradicional.

Bento 16 adotou a mesma exceção à regra que levou João Paulo 2º, em 2003, a não cumprir prazos processuais para beatificar madre Teresa de Calcutá.

O atual papa foi um auxiliar fundamental do ex-papa na tarefa de neutralizar a chamada "igreja progressista", promovendo a cardeal os bispos de orientação mais conservadora, ou evitando que se tornassem bispos os padres que defendiam a Teologia da Libertação.

Ou seja, há um critério político, que também vale para a promoção do católico já morto à condição de beato ou de santo.

Os exemplos frequentemente citados são, de um lado, a demora de agora 40 anos para beatificar o bispo Oscar Romero, assassinado em El Salvador sob a suspeita de simpatizar com a guerrilha de esquerda.

De outro, a rápida canonização, 27 anos depois de sua morte, de Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador do grupo conservador Opus Dei.

A rigor, toda instituição tem o direito de sinalizar suas orientações. E João Paulo 2º, tanto quanto Bento 16, ampliaram a possibilidade numérica de sinalizar.

O papa morto em 2005 foi o que mais mais beatificou (1.340 católicos), depois da definição das atuais regras, no final do século 16. O atual papa, em 2007, beatificou de uma só vez 495 espanhóis.

A Igreja padronizou os critérios de beatificação e canonização apenas por volta do século 12. Antes disso, valiam os santos aclamados pelos cristãos.

A historiadora francesa Régine Pernauld cita exemplos de aclamação primeiramente de mártires e, em seguida, de nobres locais que abriram mãos de suas fortunas para a construção de conventos, orfanatos ou leprosários.

Com caricatura de Gonçalves.

Caso Maciel e cartas de Wanda não impedem a beatificação de JP 2º.
janeiro de 2011

Processo de beatificação do papa João Paulo 2º.

Comentários

Anônimo disse…
Cólicas

Desconfio que esse Papa santificado não cura nem dor de barriga.

Deus me livre!!!
Ian Goldemberg disse…
E uma certa senhora que o acompanhava, morava no Vaticano e teria sido namorada do paulão,antes dele ser Padre.Enquanto ele namorava o oficial SS Bento do exército de Hitler elimkinava alguns judeus,mas, porque ele era obrigado, inclusive a usar uniforme com a caveira no quepe do TOTEN KOPF a tropa de extermínio "matar o maior número de judeus com o menor número de recursos" Hoje ele é papa, mas já foi papa difunto......
Anônimo disse…
Idade Média nos PROTESTANTES.
Yuri S. C. disse…
Todos sabem que há decisões meramente políticas na ICAR.
Mas o que chama minha atenção é o que o sujeitinho do artigo escreveu aqui: “O atual papa (...), ou evitando que se tornassem bispos os padres que defendiam a Teologia da Libertação.
Ou seja, há um critério político,”

Alguém pode me explicar como é que a razão de barrar gente da teologia da libertação é um “critério político”???
O autorzinho do texto sabe que existem várias correntes de teologia da libertação? Sabe que o que é uma? Sabe se há ou não um erro teológico nessas teologias?

Quando a pessoa fala do que não sabe...

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