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'Mayara errou, mas não é justo que seja demonizada como racista'

por Janaina Conceição Paschoal para a Folha a propósito de Universitária paulista escreve no Twitter: ‘Mate um nordestino’

Sou neta de nordestinos, que vieram para São Paulo e trabalharam muito para que, hoje, eu e outros familiares da mesma geração sejamos profissionais felizes com sua vida neste grande Estado brasileiro.
É muito triste ler a frase da estudante de direito Mayara Petruso, supostamente convocando paulistas a afogar nordestinos.

Também é bastante triste constatar a reação de alguns nordestinos, que generalizam a frase de Mayara a todos os paulistas.

Igualmente triste a rejeição sofrida pelo candidato da oposição à Presidência da República, muito em função de ele ser paulista. Todos ouvimos manifestações no sentido de que, tivesse sido Aécio Neves o candidato, Dilma teria tido mais trabalho para se eleger.

Independentemente da tristeza que as manifestações ofensivas suscitam, e mais do que tentar verificar se a frase da jovem se "enquadraria" em qualquer crime, parece ser urgente denunciar que Mayara é um resultado da política separatista há anos incentivada pelo governo federal.

É o nosso presidente quem faz questão de separar o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos. Infelizmente, é o líder máximo da nação que continua utilizando o factoide elite, devendo-se destacar que faz parte da estigmatizada elite apenas quem está contra o governo.

Ultrapassado o processo eleitoral, que, infelizmente, aceitou todo tipo de promessas, muitas das quais, pelo que já se anuncia, não serão cumpridas, é hora de chamar o Brasil para uma reflexão.

Talvez o caso Mayara seja o catalisador para tanto.

O Brasil sempre foi exemplo de união. Apesar das dimensões continentais, falamos a mesma língua. Por mais popular que seja um líder político, não é possível permitir que essa união, que a União, seja maculada sob o pretexto de se criarem falsos inimigos, falsas elites, pretensos descontentes com as benesses conferidas aos pobres e aos necessitados.

São Paulo, é fato, é fonte de grande parte dos benefícios distribuídos no restante do país. São Paulo, é fato, revela-se o Estado mais nordestino da Federação.

Nós, brasileiros, não podemos permitir que a desunião impere. Tal desunião finda por fomentar o populismo, tão deletério às instituições no país.

Não há que se falar em governo para pobres ou para ricos. Pouco após a eleição, a futura presidente já anunciou o antes negado retorno da CPMF e adiou o prometido aumento no salário mínimo. Não é exagero lembrar que Getulio Vargas era conhecido como pai dos pobres e mãe dos ricos.

Não precisamos de pais ou mães. Não precisamos de mais vitimização. Precisamos apenas de governantes com responsabilidade.

Se, para garantir a permanência no poder, foi necessário fomentar a cisão, é preciso ter a decência de governar pela e para a União.

Quanto a Mayara, entendo que errou, mas não parece justo que seja demonizada como paulista racista, quando o mote dado na campanha eleitoral foi justamente o da oposição entre as regiões.

Se não dermos um basta a esse estratagema para manutenção no poder, várias Mayaras surgirão, em São Paulo, em Pernambuco, por todo o Brasil, e corremos o risco de perder o que temos de mais característico, a tolerância. Em nome de meu saudoso avô pernambucano, peço aos brasileiros que se mantenham unidos e fortes!

Janaina Conceição Paschoal e advogada e professora associada de direito penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

> Caso Mayara Petruso (ou preconceito contra os nordestinos)

Comentários

Quando o maior jornal do país passa da "simples" oposição golpista e inconsequente para a defesa aberta do separatismo paulista, defendendo idéias francamente fascistas e flertando com o neonazismo, devemos começar a nos preocupar.

Quando, por causa do racismo de uma garota inconsequente, mas retrato fiel de uma importante parcela da elite paulista(na), um programa de TV de audiência considerável convida para uma entrevista integrantes de grupos separatistas e fascistas que defendem a expulsão de nordestinos de São Paulo e pregam ideais supremacistas, separando o Brasil entre "raça paulista" e "raça nordestina", a última visivelmente inferior, devemos não mais apenas nos preocupar, mas agir.

A Folha de São Paulo virou o bastião do atraso e de idéias ultrapassadas. Na tentativa de atacar o presidente Lula e defender Serra - tentar ao menos dar-lhe sobrevida - partem para um ataque violento e preconceituoso.

Read more: http://tsavkko.blogspot.com/#ixzz15UAf6cYm
Anônimo disse…
Raphael, não exagere: o jornal nunca defendeu o separatismo em editorial. Ele só publicou um artigo na página de opinião.
Este comentário foi removido pelo autor.
Mayara fez um comentário racista. É justo que ela seja considerada racista. É justo que ela seja processada por racismo. É justo que ela sofra as consequências.
(O comentário anterior vinha só até aqui, resolvi excluir e postar de novo pq tinha outra coisa a dizer)
Não adianta querer defender essa guria abobada e jogar a responsabilidade pro governo federal ou pra algum complô imaginário.
Não foi necessário fomentar cisão nenhuma para que o governo atual fosse consagrado nas urnas: Dilma se elegeria mesmo sem os votos do nordeste. Basta uma rápida pesquisa no google para confirmar isso. O governo do PT nunca fomentou separatismos.
Para finalizar, duas observações:
1 - Não são tod@s os Paulistas que têm esse preconceito contra Nordestinos (ainda bem). Mas @s que têm são racistas e devem ser processad@s e julgad@s como tais. Faça-se a justiça!
2 - O termo correto não é "Racismo", pois nordestino não é "raça". Trata-se de um preconceito por origem geográfica (crime também previsto em lei), mas por falta de termo adequado (que eu saiba ainda não existe "geografismo") admite-se emprestar-se esse.
Aliás, antes que me entendam mal: Não é só paulista, não. Tem muita gente preconceituosa por aí, em todos os estados, e todas devem ser tratadas da mesma maneira: processadas, julgadas, e (oxalá!) condenadas.
Anônimo disse…
A digníssima doutora padece de um compreensível defeito de prenoção ou prejuízo, chamado por alguns de racismo de defesa ou preconceito de defesa. Herdeira ou filha do segmento atacado, discriminado e escorraçado, NÃO SE IDENTIFICA COM ELE; prega a reconciliação, pois esta é a sublimação espiritualizada da violência realizada pela cultura DOMINANTE, COM A QUAL SE IDENTIFICA. Todos os preconceitos de que é vítima inconsciente, aparentemente foram vencidos pela meritocracia, pelo Estado, pelo sistema jurídico de que é baluarte e o defende, esquecendo-se dos preconceitos reais de quem não tem o diploma, o nível superior e o estatuto de nação. A União e a Federação, todo o ideário que expressa, com a crítica a GV como pai dos pobres e mãe dos ricos, é a expressão do dualismo, do maniqueísmo que pretende transcender e suplantar, como amnésia da opressão e negação do apartheid. Por este argumento nenhum nazista também mereceria ser demonizado como nazista. E todo esse corolário da espúria defesa subliminar da reação, do direito do mais forte, da propriedade , do agronegócio e de serra, que estão por trás do seu discurso empreendedorista e eminentemente NEOLIBERAL. Está de parabéns o jornalista por ter publicado de modo imparcial a opinião da ilustre defensora iluminista da legalidade neointegralista e aparentemente conciliadora dos opostos nacionais. Mas o país está mudando, a consciência das pessoas também e quem tem criticidade como o comentador acima, percebe nitidamente o engodo e a falácia dessa pseudo contra-argumentação. Mutatis mutandis...O Brasil criou asas e finalmente começa a voar.
Vês Hannah?
Anônimo disse…
O anônimo das 23:50 falou TUDO.
Clap clap clap clap!
Anônimo disse…
Tantas palavras apenas para definir uma: vitimismo (embasado em falácias do tipo ad misericordiam). É o jogo do sentimentalismo que une uns e separa outros. É o senso de idéia transmitida que faz-se presente como uma miragem, onde o que prevalece é a silhueta do sentimento. O que faz cegos não enxergarem a realidade e o funcionamento do mecanismo e principalmente, os que ele manejam. O resultado são diversos absurdos ilógicos.


Para reforçar, pego o último parágrafo. Com uma simbólica alteração: "peço aos brasileiros que se mantenham EDUCADOS, INSTRUÍDOS, DISCERNIDOS e fortes!"
Anônimo disse…
Eu ja me preparava pra escrever um linchamento dessa Janaina Paschoal, mas os comentarios aqui deixados pelos leitores ja cumprem o papel, muito melhor do que eu poderia escrever. Seria chover no molhado. Uma chuvinha de verão depois de uma tempestade. Fico muito satisfeito com o discernimento e claridão de pensamento dos leitores. T.
Acho realmente uma pena ser necessário que existam leis anti-racismo. O racismo neste momento histórico já deveria ser característica que qualquer indivíduo que pleiteie ser considerado civilizado se envergonhasse de externar. Que causasse repulsa entre seus semelhantes e não apenas nos diferentes. Que no espaço privado do lar um amigo branco repreendesse duramente outro quando de uma posição racista. Quem sabe um dia, não é?
Gerson B disse…
Putz! "escrever um linchamento"! Olha só o nível.

E o PT semeia o discurso do ódio e separação de grupos, sim. Arrependo-me de já ter votado e feito campanha pra eles.

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