O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) decidiu não acatar a proposta de suspender imediatamente o registro profissional do especialista em reprodução humana in vitro Roger Abdelmassih, que foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por estupro e atentado violento ao pudor.
Para a maioria dos conselheiros, não existem “prova inequívoca” e evidências de “dano irreparável” a supostas vítimas que justificariam agora a interdição cautelar do registro profissional de Abdelmassih. Não há, portanto, segundo o órgão, “os requisitos legais” para o afastamento do médico.
A decisão do Cremesp confirma a expectativa de ex-pacientes de que o órgão, apesar da gravidade das acusações, tratará do caso com corporativismo. O próprio Cremesp, reunido na sexta (7), abriu 51 processos ético-profissionais contra o especialista, algo inédito no país em se tratando de um único médico. Não há prazo para a conclusão desses processos. Eles serão julgados separadamente. A informação é do Estadão.
“Eu não estou mais acreditando que algo possa acontecer para este homem [Abdelmassih], o que me causa uma profunda tristeza”, disse a empresária Ivanilde Vieira Serebrenic. Em seu depoimento à polícia, ela disse que, ao acordar de uma sedação na clínica de Abdelmassih, viu que o médico tinha colocado o pênis dele na mão dela.
O promotor Luiz Dal Poz, do Ministério Público do Estado de São Paulo, lamentou a decisão do Cremesp. “O conselho tem ótimos profissionais, mas não posso deixar de considerar que a decisão teve contornos corporativistas”, disse ele ao jornal. O promotor tem afirmado que os depoimentos das ex-pacientes são contundentes, incluindo casos de “manipulação peniana”.
No dia 29 de junho, o STF (Supremo Tribunal Federal) indeferiu pedido dos advogados do médico para que o indiciamento fosse anulado. Adriano Salles Vanni, um dos dois advogados criminalistas do médico, alega que, por não ter acesso a todas informações do processo, a defesa de seu cliente está sendo prejudicada. A polícia e o Ministério Público negam essa versão.
José Luis Oliveira Lima, outro defensor, disse à Folha que o médico tinha conhecimento da realização de uma sindicância, mas desconhecia a instauração dos processos. "O dr. Roger nega veementemente a prática de qualquer ato ilícito”, disse.
Em artigo no dia 28 de janeiro deste ano na Folha, em uma referência aos seus colegas que atuam na mesma área, Abdelmassih (foto) afirmou que a sua notoriedade tem incomodado a muitos.
Renato Azevedo Júnior, vice-presidente do Cremesp, disse que a decisão de não suspender imediatamente o médico pode ser reconsiderada, caso haja “novos fatos”.
[texto com atualizações]
> Conselho suspende registro de médico após prisão preventiva. (19 de agosto de 2009)
Comentários
Como o CREMESP é constituído por um colegiado - a maioria dos conselheiros entendeu por não suspender o registro profissional do médico, fundamentando que não existem "provas inequívocas" e evidências de "dano irreparável".
Ora! Srs. Conselheiros, "danos irreparáveis" sofreram as vítimas e seus familiares, que provas e evidências mais querem?
O CREMESP espera que o médico registre sua culpa em Cartório, para só então suspender suas atividades profissionais???
É evidente que o médico continuará negando, como é evidente que as vítimas continuaram sua luta, apesar do corporativismo cínico do CREMESP.
Agora! O vice-presidente do CREMESP declarar que a decisão pode ser revista caso haja "fato novo", é no mínimo substimar a inteligência da vítimas e da opinião pública, isto para não dizer que o CREMESP ja aceitou sua condição de
que é e, sempre será, uma "instituição criada para defender a qualquer custo os interesses dos médicos, quer sejam ou não culpados".
Entendo que esta decisão do CREMESP nada mais é do que um "abraço de afogado".
O Ministério Público continua de parabéns pelo seu trabalho.
Aguardemos novos desdobramentos!
Ele não vai se safar, não por causa do CREMESP, mas pelo pulha que é. Estamos caminhando com clareza nesta direção.
ele vai acabar fugindo para o LIBANO
O que vocês queriam?
De que está servindo toda sua grana? Parou a polícia? Parou o Ministéiro Público? Parou o CRM (com as devidas ressalvas corporativistas...)?
Não, não parou.
E o que mais importa: toda essa vitória momentânea por justiça, se deve à coragem admirável das mulheres vítimas que assumiram, no momento oportuno, a luta pela dignidade ferida.
Elas é que estão de parabéns. Elas é que são as responsáveis para que esse criminoso possa responder diante da justiça pelos seus atos.
Discordo da maneira que você colocou a notíca, Paulo Lopes. Apesar da atitude previsível e corporativista do CRM, a abertura dos 51 processos foi positiva sim. Sua notícia dá uma falsa vitória para o médico. Criou um fato que não é verdade, apesar da covardia do Conselho! Pela primeira vez, você confunde, antes de informar.
Agora, vamos baixar a bola: com todo seu dinheiro o Abdelmassih está cada vez mais próximo daquilo que ele merece! Essa é a verdade. E com todo o corporativismo vergonhoso do Conselho, ele foi obrigado a fazer alguma coisa. Isso é uma grande vitória.
Pelo que sei, já havia muitas denúncias de vítimas neste mesmo órgão (pelo menos 14), que tinham sido arquivadas "por falta de provas", antes mesmo do processo ser aberto.
Agora, foram abertos 51 de uma só vez. Se usaram o mesmo critério das outras denúncias, a instauração dos processos, por si só, demontra que o CREMRSP agora está enxergando "provas", mesmo que o discurso deles seja contrário.
Ainda assim, acho que eles não queriam provas do tipo gravação de imagens ou depoimento fiel de funcionários, se não teriam lacrado a clínica (redirecionando pacientes em meio de tratamento), antes que o médico tivesse tempo de "limpar o ambiente".
A verdade é que os conselheiros e comunidade médica em geral, sempre soube da culpabilidade do médico. Eles sempre tiveram certeza. Só que desta vez, não está dando mais para disfarçar e tiveram que fazer alguma coisa.
Lembro que o Dr. Roger pode até ser um "doente" e sofrer algum tipo de "demência" - eu pessoalmente acredito que não, como também não tenho pena deste indivíduo, acredito sim em perversão sexual.
Discordo quando vc diz que seus familiares devem ter sofrido muito com seu comportamento, apesar de não terem culpa.
Estes mesmos familiares em "bons tempos passados" extrairam muito proveito do sobrenome "Abdelmassih", inclusive de ordem financeira.
Como as coisas mudaram muito, os familiares que tinham conhecimento do fato - foram no mínimo coniventes com a situação.
De forma que, quem cala consente e, assume os riscos inerentes desta omissão.
Queriam o "bônus", hoje aceitem o "ônus"!
17/08/2009 - 15h56
Médico Roger Abdelmassih é preso em São Paulo
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MÔNICA BERGAMO
Colunista da Folha
O médico Roger Abdelmassih, um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país, acaba de ser preso. Seus advogados confirmaram que estão se dirigindo para o local em que ele está detido.
Em junho, Abdelmassih foi indiciado pela Polícia Civil sob a acusação de estupro e atentado violento ao pudor contra ex-pacientes. Ao menos 60 mulheres dizem ter sofrido crimes sexuais durante consultas. Abdelmassih nega as acusações.
A Justiça recebeu a denúncia [acusação formal] oferecida pelo Ministério Público e, com isso, foi instaurado processo criminal para a análise das acusações. A prisão preventiva contra Abdelmassih foi decretada pelo juiz Bruno Paes Stranforini, da 16ª Vara Criminal.
Segundo o Tribunal de Justiça, o processo corre sob segredo de Justiça para preservar os envolvidos.
Processos éticos
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) abriu 51 processos éticos contra o médico, mostrou reportagem da Folha publicada no último dia 11.
Na ocasião, José Luis Oliveira Lima, um dos advogados do médico, disse que Abdelmassih tinha conhecimento das sindicâncias, mas não da instauração dos processos. O advogado afirmou que o médico começou a ser notificado sobre as sindicâncias há alguns meses e, quando notificado, apresentou sua defesa, sempre reiterando que é inocente.
"Dr. Roger é um dos médicos mais respeitados do país na sua especialidade. Ele nega veementemente a prática de qualquer ato ilícito, aguarda o desenrolar das investigações e tem tranquilidade de que, no final, tudo será esclarecido", disse Lima na ocasião.
Com Folha de S.Paulo
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