Os jornais de hoje e a Veja deste fim de semana estão carregados de informações sobre o dossiê que a ministra Dilma Rousseff (foto), da Casa Civil, montou sobre os gastos pessoais de Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, a Ruth, quando ambos estiveram no Palácio do Planalto. É o escândalo da hora. Pinço e comento algumas informações do noticiário.
# O Estadão informa que a coleta de informações para a elaboração do dossiê (ou “levantamento de dados”, conforme preferem fontes oficiais), começou antes da abertura da CPI dos Cartões. Isso derruba o argumento da Dilma que os dados estavam sendo reunidos na “expectativa” de que a CPI viesse solicitá-los. Seria presteza demais para o serviço público.
# A própria ministra Dilma participou de pelo menos duas reuniões para a elaboração do dossiê.
# Ontem, a Dilma estava à beira de um ataque de nervos. Foi enfática ao se dirigir aos jornalistas: “Provem que [as informações] não é banco de dados. Provem.” Ela só não explicou por que só agora, com a instituição da CPI do cartões, o governo resolveu criar “um bancos de dados” com informações pessoas do presidente anterior.
# Claro, como não poderia deixar de ser, Dilma acusou a imprensa de fazer a “escandalização do nada”. Faz sentido. Seria demais esperar de um governo chantageador o reconhecimento que faz chantagem.
# Dilma quer saber quem vazou as informações para imprensa, provavelmente para puni-lo, se for gente de dentro do governo (e tudo indica que sim). Ora, a dona Dilma não tem moral para punir ninguém, porque, se tivesse um pouco de vergonha na cara, ela se demitiria do cargo.
# Comenta-se que quem vazou as informações para a imprensa teria sido alguém de uma ala do PT que tem interesse em inviabilizar a candidatura da Dilma à sucessão de Lula. É possível.
# Lula acusou os políticos do PSDB e do DEM de destilar ódio. “Mesmo quando eu era líder sindical não destilava ódio deste jeito”, disse. Ora, o que Lula esperava da oposição depois do jogo sujo da montagem do dossiê? Palmas, tapinhas das costas? No mais, é mentira que na época em que ele era líder sindical não destilava tanto ódio. Destilava, sim. E, como petista, fez uma oposição irresponsável ao governo.
# Para o presidente do Conselho da Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), se a Dilma ou qualquer pessoa teve acesso sem autorização judicial a dados sigilosos para a elaboração de um dossiê, houve quebra de sigilo, e o caso requer investigação do Ministério Público.
# Observo que um governo que teve a audácia de passar por cima da Constituição para quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo e agora o de um ex-presidente da República é capaz de tudo para não se desgrudar da rapadura do poder.
> Informações sobre o escândalo. (Estadão)
> A batata esquentou para o lado da ministra. (Veja)
> Governo caça um bode expiatório. (Correio Braziliense)
> Detalhes contradizem versão "bancos de dados". (Folha)
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