Pois bem: houve a tal reação e justamente por causa do destempero verbal de Jobim, e agora há um impasse entre o ministro da Defesa e os comandantes militares.
Mas reação militar, pelo que representa, é muito mais grave do que a inconveniência do ministro falastrão.
Na sexta-feira, o Alto Comando reuniu-se extraordinariamente para dar uma resposta a Jobim por intermédio de uma nota que evoca a anistia, conciliação, versões de fatos históricos etc.
Ainda que tenha sido amena, não deveria haver resposta alguma, porque os comandantes militares teriam de engolir a seco o que dissera Jobim, porque este, como ministro da Defesa, é o superior hierárquico deles.
Foi, a rigor, uma insubordinação, algo inaceitável. Jobim deveria punir os comandantes, mas ele não tem tanta força, o que também é incompreensível em um regime democrático.
O livro Direitos à Memória e à Verdade é um documento elaborado pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (ligada ao governo) que relata torturas e a morte de 339 pessoas pelos órgãos de repressão da ditadura militar, no período de
Para os militares, a história oficial do que eles chamam de “movimento de
Na nota de resposta ao ministro Jobim, os comandantes afirmam que o Exército de hoje é o Exército de sempre. “Não há Exércitos distintos.”
Em outras palavras: o Exército de hoje, segundo eles, é o mesmo que, na ditadura militar, apadrinhou a barbárie, a tortura, a covardia fardada.
Por isso, a nota dos militares é uma afronta aos valores humanitários e democráticos e tem de ser repudiada por toda sociedade, já que este governo que aí está só tem ministro falastrão, mas não a firmeza para se impor àqueles que cultuam um dos períodos mais vergonhosos da história brasileira.
Jornalista Wladimir Herzog, assassinado em 1975 pela ditadura militar
Comentários
beijo from Spain :)
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